O convite veio da Shell, a petrolífera britânica patrocinadora da equipa Ferrari de F1 e consistia, essencialmente, em trocar de empregos. Por momentos, Sebastian Vettel conduziria uma ambulância e o habitual condutor do veículo de assistência médica deliciar-se-ia aos comandos de um Ferrari de estrada. Tudo isto numa volta cronometrada a um circuito.

Integrado no programa “job swap” da empresa inglesa, que desafia uma personalidade e um ilustre desconhecido a trocar de lugar, desta vez o confronto era tudo menos uma proposta equilibrada. É certo que Vettel é um dos melhores e mais rápidos pilotos da actualidade em circuito, mas pedir-lhe para, numa ambulância de 2010 com três toneladas e apenas 120 cv, bater um superdesportivo como o novíssimo 488 GTB, com 1500 kg e 670 cv, parece uma missão mais para o Super-Homem, do que para um super piloto.

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Contente estava Alex Knapton, o jovem condutor e paramédico da South Central Ambulance, que por momentos se viu livre da enorme e pesada ambulância – que ele preferia que fosse mais rápida para chegar mais depressa com o doente ao hospital –, para se sentar num dos mais velozes superdesportivos do mundo. Certamente terá pensado que, se o 488 GTB tivesse espaço para uma maca, seria o veículo ideal para emergências rápidas. Com ênfase no “rápidas”.

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Ser condutor de ambulâncias ou piloto de F1 não é assim tão diferente quanto se poderia pensar. Knapton, que já respondeu a mais de 1356 chamadas de emergência, tem de apurar a condução para cortar a linha de meta, perdão, para chegar às urgências, no mínimo espaço de tempo, poupando o paciente de abanões ou saltos que lhe prejudiquem os sinais vitais e, ao mesmo tempo, evitando o contacto com os outros condutores que não lhe concedem prioridade, apesar da sirene e dos rotativos luminosos. Vettel, pelo seu lado, tem de poupar os pneus e o combustível para chegar até ao fim – o que já fez 42 vezes na 1.ª posição –, defendendo-se entretanto dos ataques de adversários como Hamilton, Rosberg, Ricciardo, Verstappen ou Raikkonen.

Na volta cronometrada à pista, Alex saiu primeiro e realizou a sua volta em 2 minutos e 17 segundos certos (2.17,00). Instantes depois era a vez de Sebastian esmifrar a ambulância – curiosamente com o emblema tapado, pois era uma Renault, e não só Vettel corre pela Ferrari, como a equipa da Renault na F1 é patrocinada pela Total –, registando um tempo de 2.10,48.

Todos ficaram satisfeitos, Alex porque se divertiu à grande, pela primeira vez ao volante de num Ferrari e logo num 488 GTB, Vettel porque venceu, e toda a gente sabe que, o que ele gosta mesmo é de ganhar – e na Ferrari não lhe toca nada há muito tempo –, com a Shell a beneficiar igualmente porque o vídeo se tornou viral. Menos contentes ficaram certamente os responsáveis pela Ferrari, porque lá perderam mais uma corrida numa época que está longe de lhes correr bem, e os condutores portugueses de ambulâncias, basicamente por não terem tido a oportunidade que Knapton desperdiçou de dar um bigode ao piloto alemão, quatro vezes campeão do mundo. Verdade seja dita, sempre com motores Renault.