No país da caipirinha e da cachaça, a Nissan apresentou um veículo comercial que, também ele, anda à base de álcool. O furgão e-NV200 tem apenas de ser alimentado com etanol – não o álcool etílico da cachaça, mas tão parecido quanto possível -, pois ele trata de tudo o resto. Da produção de hidrogénio à de electricidade, a partir das células de combustível (fuel cells). É embriagante.

O principal dilema que hoje se coloca aos automóveis de propulsão eléctrica não reside no motor em si, relativamente simples e com pouca manutenção (o que também implica reduzidos custos nas idas à oficina). Também não tem a ver com potência, pois há muito que os carros eléctricos alcançam valores mais do que entusiasmantes.

O problema reside, isso sim, na forma de os alimentar: a solução mais comum tem sido o armazenamento de energia em baterias, que, para garantirem uma autonomia minimamente aceitável, não só condicionam a potência oferecida pelos motores (e/ou as prestações que estes permitem), como implicam um acréscimo de peso que acaba por limitar deveras o desempenho dos veículos. Já para não falar dos custos, pois a mais baterias corresponde sempre um preço mais elevado.

Naturalmente que há alternativas. Uma das mais conhecidas é a produção a bordo da própria electricidade, através das chamadas células de combustível (fuel cells). Num processo inverso ao da electrólise da água, são capazes de gerar energia eléctrica emitindo para a atmosfera apenas vapor de água.

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Até aqui, por norma, tem sido o hidrogénio o “combustível” utilizado para alimentar as fuel cells, o que também tem os seus óbices. Por ser um gás, tem de ser armazenado a alta pressão (o que levanta algumas questões de segurança, e implica custos para as contornar), e a sua produção em larga escala também obriga, por norma, ao recurso a combustíveis fósseis. Existe ainda uma outra contrariedade difícil de ultrapassar e que se prende com a ausência de uma rede de distribuição de hidrogénio.

Em Junho passado, a Nissan anunciou estar a trabalhar numa solução alternativa, chamada SOFC (Solid Oxide Fuel Cell). Um sistema de células de combustível de óxido sólido, em que o próprio hidrogénio também é produzido a bordo, a partir de bioetanol (puro, ou diluído em água) e através de um reformador. Sendo o bioetanol já produzido em larga escala, e a partir de fontes não finitas, como o milho ou a cana do açúcar. O Brasil é disso um bom exemplo.

Por isso, que melhor local para a casa nipónica mostrar o seu primeiro protótipo equipado com as chamadas e-Bio Fuel-Cells do que o país do samba? Aproveitando a visita que o responsável máximo da Aliança Renault Nissan está a realizar no país irmão, a Nissan revelou a e-NV200 equipada com esta tecnologia. O motor é, basicamente, o do Leaf, alimentado por uma bateria com 24 kWh de capacidade, sendo os 30 litros de capacidade do depósito de bioetanol puro suficientes para que as SOFC, com 5 kW de potência, garantam uma autonomia superior a 600 km. Um veículo que, para já, vai continuar a efectuar testes dinâmicos de fiabilidade e desenvolvimento por terras brasileiras. Se quiser ver onde se aloja o sistema que, do álcool produz hidrogénio e deste energia eléctrica, bem como qual o espaço disponível para transporte de mercadorias dentro da Nissan e-NV200 a etanol, não perca o vídeo.

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