A propósito do 70º aniversário da Casa dos Estudantes do Império (CEI), que entre 1944 e 1965 foi a residência de estudantes vindos das colónias ultramarinas, a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) vai homenagear os antigos alunos, num conjunto de iniciativas com início a 28 outubro e que se estenderá até maio de 2015.

O primeiro colóquio, que terá como tema “A importância da CEI na formação cultural dos seus associados”, vai ter lugar no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, e contará com a presença de nomes bem conhecidos da literatura e das artes produzidas em português, como Manuel Alegre, poeta e figura da política portuguesa, o angolano Pepetela, autor da obra Geração da Utopia ou A Gloriosa Família, Jorge Querido (ex-deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde – PAICV) e antigo combatente pela libertação daquele país ou o escritor, poeta e dramaturgo angolano, Manuel Rui Monteiro, licenciado em Coimbra e que depois regressou ao seu país para se tornar ministro da informação do MPLA e, mais tarde, o primeiro representante de Angola nas Nações Unidas.

A Casa dos Estudantes do Império, na zona das Avenidas Novas em Lisboa, foi, durante os seus 21 anos de existência, um autêntico viveiro, que formou e viu crescer muitos dos futuros líderes políticos africanos, como Agostinho Neto (líder do MPLA e presidente de Angola), Amílcar Cabral (fundador do PAIGC), Joaquim Chissano (ex-presidente de Moçambique) ou Pedro Pires (ex-presidente de Cabo Verde). Fechou as portas em 1965, em pleno Estado Novo e por ordem do regime. O motivo? A fuga de 120 estudantes para os seus países de origem para se juntarem aos movimentos de libertação que combatiam as tropas portuguesas além fronteiras.

O conjunto de iniciativas de homenagem aos Associados da Casa dos Estudantes do Império migrará depois para a cidade de Lisboa, onde, entre janeiro e maio de 2015, serão realizadas várias mesas redondas sobre a importância da CEI na perspetiva político-cultural, uma exposição documental sobre a fundação, a ter lugar nos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa e um colóquio internacional na Fundação Gulbenkian, nos dias 22,23 e 25 de maio.

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