O líder do PSD classificou, este sábado à noite, em Vila Real, como um “despudor total”, uma “indignidade” para a função do Estado e uma “total falta de ética política” a polémica em torno da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

“É um despudor total e eu penso que não é só uma indignidade para a função do Estado, eu acho que é também uma total falta de ética política. Se isto não é bater no fundo, o que é bater no fundo? Se isto não é faltar ao respeito às pessoas, o que é?”, disse Pedro Passos Coelho, durante um discurso num jantar de homenagem a antigos autarcas.

O presidente social-democrata referiu-se à CGD e ao eventual acordo do Governo e da administração do banco sobre declarações de rendimentos.

“Por quem nos tomam? Tomam-nos por gente muito distraída que não liga ao que se está a dizer, não há vergonha? Diz-se o que se quiser? Isto e o seu contrário? Muda-se a lei para aquele propósito, convida-se aquelas pessoas dentro de uma nova lei e depois diz-se ‘não, não, não temos nada a ver com isto, isto agora é com os tribunais?”, questionou Passos Coelho.

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O líder do PSD ironizou ao dizer que agora o Governo “já nem sabe qual é a lei que está a valer”.

“Eu não sei quais são os compromissos que foram realizados ou não, quaisquer que tenham sido esses compromissos pelo menos que as pessoas tenham a hombridade de dizer o que é que combinaram”, sublinhou.

Passos Coelho afirmou ainda que “as pessoas merecem” essa explicação.

“É isto que a oposição exige quando fiscaliza o Governo e não, não é uma questão de guerra partidária, de estar mais bem-dispostos ou menos bem-dispostos, é uma questão de decência”, frisou.

E acrescentou: “Se houvesse decência, este folhetim não demorava há tanto tempo; se o Governo quer retomar ainda alguma decência nesta matérias, já não tem muito tempo para a recuperar”.

O PSD instou na sexta-feira o Governo a desmentir a existência de um eventual acordo por escrito entre o Governo e o presidente da Caixa sobre as declarações de rendimentos.

O Conselho de Administração da CGD reuniu-se na quinta-feira e era possível que tomasse uma decisão relativamente à entrega das declarações de rendimentos dos seus membros, mas nada foi divulgado publicamente.

Em causa, em toda a polémica, está o impasse gerado relativamente à apresentação das declarações de património e de rendimentos ao Tribunal Constitucional por parte da nova equipa de gestão do banco público, que, segundo as notícias que têm vindo a público, entende que não está obrigada a fazê-lo.

Na quinta-feira à noite, no programa “Quadratura do Círculo” – na SIC Notícias -, o comentador António Lobo Xavier declarou haver um compromisso por escrito entre o Governo e António Domingues em torno da não apresentação das declarações.