O presidente do MPLA e chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou esta sexta-feira que não será recandidato ao cargo nas eleições gerais deste ano, deixando assim o poder em Angola ao fim de 38 anos. É a primeira vez, desde que Angola restabeleceu a paz (2002) e instaurou as eleições multipartidárias, que José Eduardo dos Santos não chefia a lista de candidatos do MPLA, o partido no poder.

As próximas legislativas estão marcadas para agosto e é João Lourenço, atual Ministro da Defesa, que é avançado como cabeça de lista. José Eduardo dos Santos surge em terceiro lugar, conta o Expresso – recorde-se que o político já anunciara em dezembro, que não iria recandidatar-se e que em 2018 sairia, por completo, da vida política.

José Eduardo dos Santos reafirma renúncia à Presidência

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Ainda de acordo com o Expresso, o facto do seu nome constar na lista eleitoral tem mero “caráter simbólico” e que significará que não existe nenhuma rutura, dentro do partido, durante a transição. ““O cansaço, as maleitas da doença e uma conjuntura internacional adversa não lhe permitem continuar à frente do leme do país”, afirmou ao Expresso um diplomata angolano.

Para além de João Lourenço, em primeiro na lista eleitoral e José Eduardo dos Santos, em terceiro, no meio surge o nome de Bornito de Sousa, que poderá vir a ser o novo vice-Presidente. Em quarto lugar aparece Fernando Dias dos Santos, que deverá ser Presidente do Parlamento, terceira figura na hierarquia do Estado Angolano.

Vicente Pinto de Andrade é uma das surpresas. Descendente de uma das famílias históricas de dissidentes do MPLA, que já havia manifestado a intenção de concorrer às eleições presidenciais. Filomeno dos Santos – filho de José Eduardo dos Santos – também não tem o seu nome na lista.

Há, contudo, quem ainda não tenha tirado da ideia que é possível uma persuasão, para que José Eduardo dos Santos não recue no seu poder. Ainda assim, o então presidente não continuará na presidência, mas estará à frente do MPLA por cerca de mais um ano e, por isso, o seu poder irá continuar durante mais uns tempos na sombra de Angola.

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