A polícia francesa realizou na sexta-feira buscas na casa de campo do candidato às eleições presidenciais François Fillon procurando provas no âmbito de um escândalo relacionado com gastos indevidos, indicou este sábado uma fonte próxima da investigação.

As buscas à residência situada em Beauce, perto da cidade de Le Mans, no noroeste no país, “terminaram ontem (sexta-feira) à noite”, segundo a mesma fonte, depois de o apartamento de Paris ter sido revistado na quinta-feira.

O candidato conservador François Fillon é suspeito de, enquanto chefiava o Governo, ter arranjado à mulher e ao filho empregos no parlamento, pelos quais estes terão recebido centenas de milhares de euros.

Aos seus apoiantes, Fillon disse este sábado que os adversários estão a tentar “intimidá-los”, enquanto luta para se manter na corrida ao Eliseu.

Para assinalar o seu 63.º aniversário, Fillon está a tentar virar a página após uma semana de pesadelo em que assistiu a uma série de deserções das fileiras da sua campanha, depois de ter admitido que vai ser alvo de procedimentos judiciais por alegadamente ter arranjado aos familiares diretos empregos falsos no parlamento, quando era primeiro-ministro.

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Com alguns elementos do seu próprio partido de direita, Os Republicanos, instando-o a abandonar a corrida, Fillon observou, perante 1.500 apoiantes, que já teve “melhores dias de aniversário”.

Sem se referir diretamente aos seus problemas legais, declarou, numa ação de campanha no norte de Paris: “Eles estão a tentar intimidar-vos, estão a atacar-me, mas aquilo que eles querem matar é o desejo de mudança”.

O candidato presidencial negou sempre ter cometido qualquer ilegalidade, sustentando que as acusações sobre os falsos empregos têm motivações políticas e insinuando mesmo crer que o Governo socialista está por detrás do inquérito judicial.

Fillon vai tentar recuperar terreno realizando um grande comício no domingo, perto da Torre Eiffel. Enquanto falava este sábado no comício, o seu partido anunciou que o respetivo conselho político se reunirá na segunda-feira à noite — um dia antes do planeado — “para avaliar a situação”.

A sete semanas do escrutínio, o perigo, para a direita, é que ele seja eliminado na primeira volta, a 23 de abril, já que as sondagens apontam para que serão a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, e o centrista de 39 anos Emmanuel Macron a disputar a segunda volta, a 7 de maio.

François Fillon liderou a corrida à presidência de França até meados de janeiro, quando o jornal satírico Canard Enchaîné publicou uma notícia segundo a qual ele teria pagado à mulher, Penelope, e a dois dos filhos de ambos perto de 900.000 euros enquanto assistentes e conselheiros parlamentares.É permitido aos governantes empregar familiares, mas os investigadores estão à procura de provas do trabalho que a mulher de Fillon fez.

O candidato conservador revelou na quarta-feira que vai encontrar-se com magistrados do ministério público para ser formalmente acusado a 15 de março, o que desencadeou a saída de vários elementos da sua equipa.

O seu homem de confiança dos Negócios Estrangeiros e o porta-voz de campanha abandonaram-no e o líder do pequeno partido centrista UDI informou-o de que retirava o seu apoio. O diário francês Libération escreveu: “Já não são os ratos a abandonar o navio que se afunda, mas o navio a abandonar o rato”.