Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, teve esta noite em Alvalade uma rara passagem pela zona mista após o empate a uma bola no dérbi com o Sporting. Destacando que a igualdade teve sabor a derrota, o líder dos encarnados destacou que ainda nada está ganho, mas deixou a maior fatia do discurso para comentar o trágico acontecimento perto do estádio da Luz na última madrugada e as causas para que tal acontecesse.

“Queria agradecer à massa associativa mais uma vez o apoio que deram ao Benfica e destacar a postura da nossa equipa ao longo dos 90 minutos. Foi com bastante mágoa que vimos o resultado final, porque foi um empate com sabor a derrota e não conseguimos cumprir o objetivo. Ainda assim, qualquer que seja o resultado do FC Porto vai manter-nos sempre no primeiro lugar. Mas quero alertar que ainda não ganhámos nada. Temos o objetivo do tetra mas estamos com os pés no chão. Por isso, pedimos a todos que não embandeirem em arco porque já tivemos um grande dissabor. Só quando formos matematicamente campeões poderemos festejar”, começou por referir, numa alusão ao campeonato que foi perdido com Jorge Jesus no comando no ano do famoso golo de Kelvin.

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Sobre a morte do adepto, primeiro tenho de lastimar profundamente. O meu discurso tem sido o silêncio, quem tem estado atento a programas e algumas entrevistas sabia que iríamos ter uma desgraça destas. As pessoas que andam no futebol têm de repensar o que andam a fazer. Não podem mandar as pedras a esconder as mãos”, comentou sobre os acontecimentos da última madrugada.

“É importante clarificar isto sobretudo para os benfiquistas. Há 15 ou 16 anos tivemos na nossa casa um demagogo, um mentiroso compulsivo que arrastou a nossa instituição para uma situação muito dramática. Felizmente conseguimos recuperar e trazer para onde está hoje. Quando recebi aquela carta, recordei esses tempos do demagogo, do populista, do mentiroso compulsivo. Um dia mais tarde vão dar-me razão. Tivemos a humildade de receber essa carta, sendo que pediram o meu email a um empresário, que é caricato, mas recebemos algo que nos estava a acusar não sabemos de quê. Demos a resposta que todos sabem qual foi”, prosseguiu, num comentário ao convite que foi endereçado para que assistisse ao jogo na tribuna de Alvalade.

Um ataque cerrado a Bruno de Carvalho (sem dizer o nome)

“Houve um homem que faleceu perto da Luz atropelado, entregámos desde manhã todas as imagens não trabalhadas e com som à polícia, é fácil identificar as pessoas. Mas temos que fazer uma pergunta: sendo adeptos do Sporting, o que estavam a fazer junto da estátua do Cosme Damião às três da manhã? Seria para tirar fotografias ao Cosme Damião? Seria para tirar fotografias ao Eusébio? Não sei. O que sei é que provocação gera violência, e violência gera violência e assim sucessivamente. Quem tem contribuído para isso é notório, têm guardadas imagens e gravações de quem incendiou o futebol português nos últimos quatro anos. Quem disse que queria confrontar o Benfica?”, continuou, recusando-se a referir diretamente se estaria a falar de Bruno de Carvalho.

“Vocês, jornalistas, também têm de ser solução para resolver o problema. Se acontecer mais alguma coisa, depois não venham apontar o dedo aos dirigentes do Benfica. Eu não sou refém de ninguém, apenas das promessas que faço aos benfiquistas e que tenho tentado cumprir sempre. Reflitam, vão descansar um pouco e pensem”, salientou antes de falar também da arbitragem do Sporting-Benfica e de todas as polémicas no futebol português.

Sporting-Benfica. Só eu sei porque almoço em casa (e não num hotel)

Soares Dias é o melhor árbitro português ou um dos melhores mas hoje teve uma noite infeliz. Cartilha? Até vou deixar de ter emails, nem respondo a emails. Não me perguntem a mim. Mais um caso que não deviam puxar. Querem é polémica mas daqui não levam. O que é que o Benfica contribuiu para este clima? Sou demagogo? Sou populista? Sou mentiroso compulsivo? Não sou eu”, concluiu.