Dennis Rodman está de regresso à Coreia do Norte, um dos países mais fechados do mundo. Embora as razões concretas para a visita do ex-basquetebolista não tenham sido clarificadas, num vídeo publicado esta terça-feira na sua conta Twitter, Rodman diz ter esperança de poder “regressar com uma atitude positiva” aos Estados Unidos. A Casa Branca diz apenas que não se trata de uma visita “oficial”, mas repetem-se as referências ao facto de Rodman ser “o único homem” com relações de amizade com Donald Trump e com Kim Jong-Un.

A deslocação a Pyongyang acontece num dos momentos mais tensos entre os EUA e a Coreia do Norte. Os sucessivos testes de mísseis com potencial nuclear ordenados por Jong-Un — há 16 previstos para este ano — têm levado Donald Trump a elevar o tom das respostas. Mas o presidente norte-americano parece, agora, ter mudado de estratégia.

A Casa Branca limitou-se a sublinhar que esta não é uma visita oficial. Nem podia ser de outra forma, assinala a CNN, uma vez que Rodman não tem qualquer estatuto diplomático que lhe permita falar oficialmente em nome dos EUA e interceder junto do líder norte-coreano.

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Rodman pode até não ter mandato, mas tem acesso a ambos os lados do conflito — e não há muita gente no mundo que possa dizer que apertou a mão aos dois protagonistas desta história. O basquetebolista “é o único homem amigo de ambas as pessoas [Trump e Jong-Un] e vai lá amanhã para tentar diminuir o fosso e assegurar a paz e o diálogo entre as duas nações“, dizia um elemento da comitiva de Rodman, num vídeo gravado num quarto de hotel, horas antes do embarque em Pequim rumo à capital norte-coreana e que também foi divulgado através da conta oficial de Rodman no Twitter.

“Esperamos voltar com uma atitude positiva, é tudo pela paz”, dizia Rodman, num discurso pouco expansivo mas que, pelo menos, punha fim à especulação sobre se o ex-jogador de basquetebol estaria, de facto, de malas feitas para nova visita à Coreia do Norte. “Estou de volta!”, lia-se numa primeira mensagem publicada pouco antes da divulgação do vídeo. “Discutirei a minha missão no meu regresso aos EUA”, assegurava a legenda da imagem em que Rodman segura uma passagem de avião onde é visível a referência à Air Koryo, a transportadora aérea estatal de Pyongyang.

Mas o que pode fazer Dennis Rodman em concreto para reduzir o nível de tensão entre os dois países? É sabido que King Jong-Un é um confesso apreciador de basquetebol. Rodman já se referiu ao líder norte-coreano como sendo um “amigo para a vida” e declarou estar disponível para negociar em nome de Donald Tump, caso isso se lhe fosse pedido pelo chefe de Estado norte-americano.

Além dos testes com mísseis, Washington tem neste momento outra preocupação relativamente a Pyongyang: há quatro cidadãos norte-americanos que foram detidos pelas autoridades norte-coreanas, dois professores universitários, um estudante e outro cidadão naturalizado. Esse poderia ser um dos tópicos que Rodman levaria à consideração de Jong-Un, mas a ideia foi afastada pelo próprio: “Esse não é o meu objetivo neste momento”. Questionado em Pequim sobre a sua deslocação à Coreia do Norte, Rodman disse apenas que Donald Trump estaria “muito satisfeito com o facto de eu estar aqui a tentar alcançar algo de que ambos precisamos”.