David Blanco, Xavier Tondo, Alejandro Marque, Gustavo Veloso. A Volta a Portugal em bicicleta teve o português Rui Vinhas como último vencedor, mas na última década foram os corredores galegos que dominaram a principal prova do ciclismo nacional, com um total de oito vitórias em dez edições (Ricardo Mestre e Rui Vinhas foram as exceções). Também por isso, os dois últimos estão no topo dos favoritos na edição de 2017. Eles que correm em conjuntos rivais mas treinam juntos em Espanha. E esta, hein?

O mundo do ciclismo é bem diferente do futebol ou das modalidades de pavilhão. No início do ano, os corredores de cada equipa concentram-se num estágio (até para se conhecerem, porque há sempre caras novas), convivem um pouco, há uma conversa com todo o grupo e staff e seguem-se as reuniões individuais com o diretor desportivo. Aí, cada um fica a conhecer o plano da temporada, os ciclos de treino que têm de realizar, as provas onde irão participar, os objetivos em cada fase da temporada.

Alguns começam com ritmo mais elevado para serem lançados nas primeiras grandes competições, como a Volta ao Algarve ou a Volta ao Alentejo; outros, começam com um regime menos alto, rolam sem grandes ambições mas a ajudar os companheiros. Nos intervalos sem competição oficial, treinam junto das suas casas. E é aqui que se encontram pontos curiosos, como o facto de Gustavo Veloso, chefe-de-fila da W52 FC Porto e vencedor da Volta em 2014 e 2015, e Alejandro Marque, um dos chefe-de-fila do Sporting Tavira e vencedor da Volta em 2013, treinarem juntos. E para o ponto alto da época: a Volta a Portugal.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os corredores já se conhecem há muitos anos da Galiza e chegaram a ser da mesma equipa, quando Marque ganhou a Volta em 2013 pela OFM Quinta da Lixa (que iria dar origem ao que é hoje o W52 FC Porto). “Hoje foi o último dia bravo tendo em vista a Volta a Portugal: sete horas e quase 190 quilómetros. Alex Marque, a partir de 4 de agosto não te vou dar um metro a ti nem tu a mim, mas a amizade não se mistura com o trabalho. Esta amizade está acima de cores e equipas”, escreveu Gustavo Veloso, de 37 anos, no Facebook.

Hoxe último día bravo coa vista posta na Volta a Portugal. 7h e case 190km con mais metros que na ferretería. Ruta…

Posted by Gustavo Cesar Veloso on Monday, July 24, 2017

“Dia duro, verdade Gustavo Veloso? 4.993 metros de desnível… Grande estrada, paisagens espetaculares. O trabalho está feito, aproxima-se o grande objetivo do ano!”, respondeu Alejandro Marque, de 35 anos, na mesma rede social, depois de já antes ter partilhado imagens de outros treinos que fizeram juntos.

https://www.facebook.com/alex.m.porto/posts/10211549022533626?pnref=story

Mas se no caso de Gustavo Veloso (que chegou a ser cobiçado pelos leões no final da última época) não há dúvidas que é o principal candidato da W52 FC Porto (à frente de Raúl Alarcón, Amaro Antunes e Rui Vinhas, vencedor em 2016), Alejandro Marque (que estava na Efapel e chegou a ser falado para os dragões) estará dependente de como andar a corrida. E porquê? Porque Joni Brandão, contratação mais sonante do Sporting Tavira e que estava apontado a chefe-de-fila, vai estar ausente por doença, ficando agora a liderança da equipa entregue ao espanhol e ao italiano Rinaldo Nocentini.

E a lista de pretendentes ao triunfo final não ficará por aqui, devendo também ter-se em conta as prestações de Sérgio Paulinho (que voltou a Portugal para reforçar a Efapel), Edgar Pinto (que estava na Skydive Dubai e veio agora para a LA Alumínios), Vicente de Mateo (Louletano) e João Benta (Boavista). Fora um eventual outsider que surja entre as 12 equipas estrangeiras que estarão presentes no pelotão da Volta a Portugal em 2017.