O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou fortemente o lançamento na terça-feira, por parte da Coreia do Norte, de um míssil balístico que sobrevoou o Japão. O mais poderoso órgão da ONU reitera as exigências já feitas a Pyongyang – que interrompa o seu programa nuclear e suspenda os testes de mísseis.

Numa reunião de emergência convocada para discutir o lançamento do míssil, o Conselho de Segurança considera as ações da Coreia do Norte “chocantes” e acredita que Pyongyang está deliberadamente a pôr em risco a paz e estabilidade da região. A ONU apelou assim à Coreia do Norte para que sejam tomadas medidas “imediatas e concretas para reduzir as tensões na península coreana e na região”.

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À porta fechada, os embaixadores admitiram que tinham que ser discutidas respostas concretas, mas que era prioritário mostrar que a comunidade internacional estava “unida para repreender firmemente o teste balístico” que percorreu 2700 quilómetros até atingir o Pacífico, tendo feito soar sirenes de alerta no Japão.

O lançamento do míssil deu-se menos de um mês após a aplicação de (mais) sanções à Coreia do Norte por parte do Conselho de Segurança – até agora, as sanções mais duras impostas ao país. Contudo, não é certo que medidas mais imediatas e concretas sejam tomadas, numa altura em que o presidente norte-americano Donald Trump garante que “todas as opções estão em cima da mesa”.

Já o embaixador japonês na ONU, Koro Bessho, garante que “vão ser discutidos os próximos passos a partir de agora”. O diplomata refere que o parecer condenatório do Conselho de Segurança “transmite uma forte mensagem, de que a comunidade internacional não vai aceitar o seu [Coreia do Norte] comportamento imprudente”.

Nikki Haley, a embaixadora norte-americana, diz que “chegou a hora de o regime norte-coreano reconhecer o perigo em que se estão a colocar”. Washington e Pyongyang têm trocado ameaças nas últimas semanas e Haley reforça a posição dos Estados Unidos: “não vamos permitir que estas ilegalidades continuem, e o resto do mundo está connosco”.

A China, maior parceiro económico e político de Pyongyang, pediu contenção: o embaixador Liu Jieyi, alertou todos os intervenientes para que sejam evitadas “retóricas ou ações que possam agravar tensões”.

Tanto a China como a Rússia já tinham dado o seu parecer de que para exigir a suspensão do programa nuclear e dos testes norte-coreanos era igualmente necessário suspender os exercícios militares conjuntos da Coreia do Sul com os Estados Unidos. “Há uma necessidade urgente de criar uma atmosfera de confiança entre os estados da região”, disse o embaixador russo, Vassily Nebenzia.

Ainda assim, a discussão serviu para perceber que os membros do Conselho de Segurança têm perspetivas diferentes sobre a abordagem à situação.

Também na terça-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condenou o lançamento do míssil, afirmando tratar-se de “uma violação do direito internacional”.

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A Coreia do Norte não tem representatividade no Conselho de Segurança, onde se reúnem 15 países. Enquanto a reunião decorria em Nova Iorque, a televisão estatal norte-coreana KCNA anunciava que o líder, Kim Jong-un, estava “muito satisfeito” com o lançamento e ordenou mais testes de mísseis balísticos no Pacífico: o próximo alvo é Guam, a ilha norte-americana que já tinha sido ameaçada.

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Pyongyang reforça que o teste foi uma “flexão muscular” em resposta aos “jogos de guerra” por parte da Coreia do Sul e dos EUA, que o Norte considera “um ensaio de uma invasão”. Já na semana passada, o regime de Kim Jong-un tinha exigido uma reunião de emergência sobre esses mesmos ensaios militares.

Estes exercícios realizam-se anualmente e, este ano, dão-se semanas após Donald Trump ter ameaçado libertar “fogo e fúria” no regime norte-coreano caso as ameaças continuassem.

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O parecer do Conselho de Segurança surge num compromisso de uma “solução pacífica, diplomática e política da situação” mas não descarta que as sanções já aplicadas têm que ser “fortemente implementadas”, num claro aviso aos facilitismos chineses.