O Hamas convocou para esta sexta-feira o início de uma nova revolta contra Israel em reação ao anúncio norte-americano de reconhecer Jerusalém como capital do Estado israelita, decisão também hoje analisada de urgência no Conselho de Segurança da ONU.

“Dia 8 de dezembro será o primeiro dia de uma Intifada contra o nosso inimigo sionista”, disse, na quinta-feira, o líder do movimento radical palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, num discurso na Faixa de Gaza. “Só podemos enfrentar a política sionista – apoiada pelos Estados Unidos – lançando uma nova Intifada”, reforçou Ismail Haniyeh.

As forças de segurança israelitas foram mobilizadas e reforçadas em Jerusalém e na Cisjordânia, devido à convocação de protestos palestinianos para esta sexta-feira, dia sagrado muçulmano, após a decisão do presidente norte-americano de reconhecer a cidade como capital de Israel.

A polícia confirmou à Efe o reforço e colocação de unidades em Jerusalém, especialmente em torno da Cidade Velha, onde se encontra a Esplanada das Mesquitas e se espera que acudam dezenas de milhares de palestinianos para rezar ao meio-dia. “Não há qualquer limitação especial, nem restrições de entrada (no templo sagrado)”, confirmou à Efe o porta-voz policial, Micky Rosendfeld, uma medida que foi tomada em anteriores convocações como parte da segurança.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A zona Este ocupada de Jerusalém, onde está a cidade muralhada, amanheceu hoje com relativa normalidade após o dia de greve de quinta-feira, com os estabelecimentos comerciais abertos e maior afluência de visitantes e residentes.

O exército israelita reforçou desde quinta-feira as forças de defesa e de informação na Cisjordânia, com o envio de batalhões, face à previsão de manifestações e, segundo a emissora Kan, as unidades de treino “receberam instruções para estarem preparadas para o caso de ser necessário enviar reforços”.

Na quinta-feira, ocorreram os primeiros confrontos com palestinianos, na Cisjordânia, que se aproximaram dos postos militares israelitas. O exército respondeu com amplo material anti distúrbios, provocando dezenas de feridos.

O Crescente Vermelho indicou que atendeu 108 manifestantes, devido a feridas de balas de borracha, gás lacrimogéneo e quedas em Ramallah, Tulkarem, Belém, Qualquilia, Nablus, Yenin e Faixa de Gaza.

Em Jerusalém Este, as unidades policiais controlavam os acessos à entrada da cidade muralhada pela Porta de Damasco e impediam jovens de se juntarem a um protesto de um grupo de mulheres, o que aumentou momentaneamente a tensão.

O movimento islamita Hamas apelou para o início de uma terceira intifada e as fações palestinianas pediram participação no chamado “Dia da Ira” para mostrar repúdio pelo anúncio de Donald Trump.

Donald Trump anunciou na quarta-feira que os Estados Unidos reconhecem Jerusalém como capital de Israel e que vão transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.

Conselho de Segurança da ONU em reunião de urgência

Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.

O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, reconciliou-se em outubro passado com a Fatah, movimento secular e moderado ao qual pertence o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmud Abbas.

O acordo de reconciliação, que acabou com quase 10 anos de desentendimentos, deu origem ao anúncio de um governo de unidade nacional. No mesmo dia em que está convocado o início da ‘terceira Intifada”, o Conselho de Segurança da ONU reúne-se de urgência em Nova Iorque para analisar o anúncio de Trump e uma eventual resposta à decisão de Washington. A reunião de urgência foi convocada por oito dos 15 membros integrantes do Conselho de Segurança da ONU.

Desde o anúncio de Trump foram registados confrontos e manifestações na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, mas também protestos em países como a Tunísia, Jordânia, Turquia e Paquistão.