Não foi assim há tanto tempo. Aliás, foi ontem, terça-feira. E foi-o em pleno Giuseppe Meazza, o estádio do Inter de Milão.

O Inter é líder do campeonato em Itália. E defrontava, nos oitavos-de-final da Taça, o Pordenone. Pordenone não é um lugarejo mas a cidade tem hoje pouco mais de 50.000 habitantes. E o clube lá do sítio nunca esteve tão pouco na segunda divisão. Está hoje na terceira, onde ocupa o quinto lugar, a nove pontos do líder Padova.

No entanto, e mesmo defrontando um todo-poderoso do futebol italiano, não sofreu qualquer golo nos noventa minutos. Nem durante o tempo extra. A culpa foi de um tal de Simone Perilli, guarda-redes, brevíssimas 20 primaveras, esguio – como se querem os bons guarda-redes. Perilli fez (até ver) o jogo da sua vida, defendendo tudo o que havia para defender no Giuseppe Meazza – e houve muito, pois muito o Inter remataria até chegar a hora dos penáltis.

Por pouco, muito pouco, o “David” Pordenone não tombou o gigante. Se Icardi (o abono de família do Inter) tivesse, a penáltis tantos, falhado o seu, tombaria.

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Sporting-Vilaverdense, 4-0

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Luís Ferreira

Sporting: Salin; Ristovsky, Tobias Figueiredo, André Pinto e Bruno César; Petrovic e Battaglia; Iuri Medeiros (Acuña, 73’), Alan Ruiz (Podence, 60’) e Bryan Ruiz (Gelson Martins, 60’); Doumbia

Suplentes não utilizados: Rui Patrício, Coates, Bruno Fernandes e Bas Dost

Treinador: Jorge Jesus

Vilaverdense: Pedro Freitas; Pedro Lemos, Nené, Rafa Vieira e Henrique Gomes; André Salvador (Latyr Fall, 60′), Ibraima So e Ahmed Isaiah (Joel Silva, 78’); André Soares (Elísio, 66’), Zé Pedro e Rafa Miranda

Suplentes não utilizados: Mário Paula, Vini, Tanela e Carneiro

Treinador: António Barbosa

Golos: Doumbia (45’; 64’; 74’) e Gelson Martins (88′)

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Rafel Vieira (9’), Doumbia (30’) e Ibraima So (57’)

 

Não sabemos se Pedro, o outro Pedro, Nené, Rafa, Henrique, André, Ibraima, Ahmed Isaiah, o outro André, Zé e o outro Rafa assistiram na noite passada ao Inter-Pordenone.

Mas lá que nos primeiros minutos contra o Sporting (curiosamente, também na Taça e nos oitavos) os rapazes do Vilaverdense acreditaram que podiam eliminar o primodivisionário em Alvalade, acreditaram. E correram. Correram, correram, correram. Mas remataram pouco. Aliás, remate, remate, só ao minuto 18. Em contra-ataque, pois claro, André Soares recebeu uma demarcação a “rasgar” a defesa do Sporting – o passe foi de Ahmed Isaiah –, aguentou a pressão de Bruno César, driblou Tobias e, à entrada da área, e rematou. O remate foi enrolado, fraco, e Salin defendeu.

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Depois, exaustos de tanta correria, recuaram os do Vilaverdense.

E o Sporting, mesmo sem pisar a fundo, foi procurando o golo. Primeiro é Doumbia que, após um canto de Alan Ruiz, cabeceia (sozinho) à fugira de Pedro Freitas. Depois é Iuri que, ao melhor estilo de Robben, e vindo do flanco para o centro, rematou, mais em jeito do que em força, na direção do canto superior esquerdo da baliza do Vilaverdense – o remate saiu ligeiramente por cima. Até que, por fim, e de tanto procurar, a bola entraria mesmo. Foi ao minuto 30. Canto de Iuri à direita, Petrovic cabeceia à barra e, na recarga, Doumbia desvia para dentro da baliza. Os festejos duraram pouco e o costa-marfinense viu cartão amarelo. É que a bola foi desviada com o braço esquerdo.

A bola tornaria a tocar a barra ao minuto 40. Cruzamento de Ristovski para a grande área, Tobias salta mais alto do que Rafael Vieira e cabeceia. Acertou onde menos queria. Cinco minutos depois, mesmo com a gongo prestes a soar, enfim o golo. Cruzamento de Alan Ruiz, à direita, e o outro Ruiz, Bryan, desvia na grande área para defesa de Pedro Freitas. Na recarga, Doumbia só precisou de encostar.

Após o intervalo, Doumbia voltaria a encostar. Outras duas vezes. Sim, foi talvez a noite mais fácil da vida de Seydou – ele que não fazia um “hat-trick” desde outubro de 2011, então num CSKA-Nalchik. O segundo golo foi ao minuto 64. O drible de Gelson Martins, no interior da área e depois de assistido por Podence, é meio golo: colocou a bola pela esquerda, escapou pela direita e Nené ficou a ver navios no meio disto tudo. Depois, Gelson assistiu Doumbia e o costa-marfinense… encostou. Como encostaria aos 74 minutos. Gelson desmarcou (na altura certa e mais certa precisão ainda) Ristovski nas costas da defesa do Vilaverdence, o macedónio cruzou e Doumbia, sozinho, à boca da baliza, fez o seu terceiro da noite em Alvalade.

Gelson só entraria quando se cumpriu uma hora de jogo.

Tempo suficiente para estar envolvido em dois golos. Tempo suficiente para maltratar (a sério: se é desconcertante vê-lo driblar, para trás e para a frente, para a frente para trás, veloz, em dança estonteante e pura, imaginem ter que encará-lo de frente durante meia horinha — só meia horinha…) os rins de quem, do Vilaverdense, lhe surgisse por diante.

Quase, quase a terminar, ao minuto 88, e mais do que driblar, “entortar” gente que veio de Braga por bem, Gelson também fez o golito da ordem. Doumbia assistiu-o, o extremo colocou a bola entre Nené e Rafael Vieira, acelerou, deixou ambos para trás e nem esperou que Pedro Freitas saísse da baliza para rematar: escolheu o lado, o direito, e desviou a bola do guarda-redes.