O Partido Socialista acusou o Governo de ser incapaz de “estabelecer compromissos e plataformas de diálogo” com os sindicatos da TAP e com os partidos da oposição. Sobre a decisão do Governo de decretar a requisição civil dos trabalhadores da TAP, Rui Paulo Figueiredo, coordenador da bancada socialista na Comissão Parlamentar de Economia, disse que o Governo nunca foi capaz de dialogar e que tem uma “obsessão com privatizar”. “É um Governo que não dialoga com ninguém” e o primeiro-ministro é “teimoso e com preconceitos ideológicos”, afirmou.

Quando questionado acerca dos argumentos usados pelo Governo para decretar a requisição, Rui Paulo Figueiredo afirmou que o problema “não é a decisão do Governo”, mas que “se devia ter evitado chegar até aqui”. “O PS é contra termos chegado até aqui. O PS apelou várias vezes ao entendimento e também se disponibilizou para conversar com o Governo. O que importa é como saímos daqui”, acrescentou.

Sobre a privatização da TAP, Rui Paulo Figueiredo afirmou ainda que o Governo “nunca teve outra solução em cima da mesa” e que privatizar a TAP prejudica o país. “O PS entende que não é necessário privatizar a TAP e que isso prejudica gravemente a economia e o interesse nacional”, afirmou. “O Governo tem metido os pés pelas mãos”no que diz respeito a este assunto.

Por outro lado, o PCP afirmou estar “frontalmente contra esta decisão”, considerando-a antidemocrática e demagógica. O Partido Comunista acusou ainda o Governo de ter provocado esta decisão e questionou as razões adiantadas para justificar a requisição. O Bloco de Esquerda anunciou que vai avançar com um requerimento pedindo a presença do ministro Pires de Lima na comissão de Economia. O partido pretende que o ministro explique a aprovação da requisição civil.

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A plataforma de sindicatos da TAP também já reagiu ao anúncio do Governo. Num comunicado redigido pelos onze sindicatos, estes acusaram o Governo de querer responsabilizar os trabalhadores pelas consequências de decisões que lhe são alheias, e de tentar iludir os portugueses sobre as verdadeiras consequências da privatização. “O Governo não assume as suas responsabilidades pelos erros e omissões cometidos pela gestão da TAP em nome dos portugueses” e “demonstra que não conhece a história da TAP”, principalmente no que diz respeito “aos efeitos das requisições civis da empresa”, refere o comunicado.

No mesmo comunicado, a plataforma disse que o Governo “quer responsabilizar os trabalhadores da TAP pelas consequências das decisões que lhes são alheias, em particular pelos prejuízos acumulados na VEM, no Brasil, de mais de 500 milhões de euros”. “O Governo procura iludir os portugueses sobre as graves consequências desta privatização para o interesse nacional, no plano económico e estratégico”.

A CGTP acusou o Governo de violar a legislação laboral e de prepotência, ao decretar uma requisição civil sem saber se os trabalhadores da TAP irão cumprir os serviços mínimos que venham a ser determinados para a greve. “Estamos perante uma ilegalidade e uma prepotência, porque o Governo está a violar o Código do Trabalho”, disse o secretário-geral do sindicato, Arménio Carlos, numa conferência de imprensa em Lisboa. “Decretou uma requisição civil sem saber se os trabalhadores vão cumprir os serviços mínimos e quando está marcada para amanhã [sexta-feira] a reunião para a fixação desses serviços mínimos”, acrescentou.