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Há uma toupeira que entra nos sistemas desde 2013. Hoje, a crónica do Benfica-Desp. Aves é sobre ele

Este artigo tem mais de 5 anos

1.754 minutos depois, Fejsa enquadrou um remate com a baliza na Liga e foi aí que começou o lance que abriu a vitória do Benfica com o Desp. Aves (2-0). O sérvio foi outra vez dos melhores em campo.

Cervi assistiu Jonas para o primeiro golo aos 71', mas foi de um remate de Fejsa defendido por Adriano que tudo nasceu
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Cervi assistiu Jonas para o primeiro golo aos 71', mas foi de um remate de Fejsa defendido por Adriano que tudo nasceu

AFP/Getty Images

Cervi assistiu Jonas para o primeiro golo aos 71', mas foi de um remate de Fejsa defendido por Adriano que tudo nasceu

AFP/Getty Images

O que conseguimos fazer em mais de 29 horas? “Ui, tanta coisa…”, dirá qualquer um. Olhando para Fejsa, é a mesma coisa. Tanta coisa, muita coisa, menos uma: enquadrar um remate com a baliza em jogos a contar para o Campeonato. 1.754 minutos depois, o sérvio subiu um pouco mais no campo, arriscou a meia distância e originou o lance que desbloqueou o triunfo do Benfica frente ao Desp. Aves por 2-0, naquela que foi a sexta vitória consecutiva na Primeira Liga e que prolongou o melhor momento da equipa na presente temporada.

Jonas, aquele suspeito do costume para quem basta fazer copy paste no teclado para falar de jornada em jornada porque há sempre um recorde qualquer que consegue superar (hoje, tornou-se o mais velho de sempre a marcar 31 golos num Campeonato), inaugurou o marcador aos 71′, apenas um minuto antes de se perceber os nervos que já se sentiam no banco do Benfica: na sequência de um lance prometedor que Rui Costa travou para dar um amarelo a Vítor Gomes, Rui Vitória saiu disparado da sua zona técnica em direção ao local onde estava o assistente e o resto dos elementos ficaram também de pé a protestar de forma agressiva com a decisão. Os protestos, neste caso em específico, tinham toda a razão de ser, mas aquela imagem, mais do que propriamente a consequência da jogada em si, era também a manifestação de quem sabia da importância de um triunfo que demorava a chegar.

Na presente temporada, não é nem a primeira nem a segunda vez que o Benfica é notícia de forma direta ou indireta por motivos extra desportivos, mas esta semana, a partir de terça-feira, foi quase como se não houvesse nem futebol nem modalidades porque se falou de tudo menos isso. A razão foi a denominada operação e-toupeira que, não tendo pelo menos nesta altura nada a ver diretamente com a SAD encarnada (caso contrário teria sido constituída arguida, o que não foi), acabou por ocupar todo o espaço mediático com indiciações por crimes de corrupção, favorecimento pessoal,  violação de segredo de Justiça, falsidade informática, acesso ilegítimo e burla informática. Houve toupeiras que se descobriram, outras que estarão para descobrir, outras que se colocaram a descoberto. Tudo isto tem a ver com a justiça, mas tem impacto na parte desportiva. Posto isto, falemos de futebol.

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Ficha de jogo

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Benfica-Desp. Aves, 2-0

26.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Benfica: Bruno Varela; André Almeida, Jardel, Rúben Dias, Grimaldo; Fejsa, João Carvalho (Raúl Jiménez, 58′), Zivkovic; Rafa (Keaton Parks, 83′), Cervi e Jonas (Seferovic, 88′)

Suplentes não utilizados: Svilar, Luisão, Samaris e Diogo Gonçalves

Treinador: Rui Vitória

Desp. Aves: Adriano; Rodrigo, Diego Galo, Jorge Filipe, Nelson Lenho; Tissone, Vítor Gomes, Braga (Paulo Machado, 58′); Amilton (Mama Baldé, 84′), Nildo Petrolina (Elhouni, 66′) e Derley

Suplentes não utilizados: Artur Moraes, Rodrigo Defendi, Ryan Gauld e Falcão

Treinador: José Mota

Golos: Jonas (71′) e Rúben Dias (75′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Nelson Lenho (24′), Rúben Dias (51′), Vítor Gomes (70′), Jorge Filipe (73′), Paulo Machado (90+1′) e Fejsa (90+3′)

Mais uma vez, Fejsa acabou por ser uma espécie de herói sem capa que faz o trabalho de sapa para que apareça um ou mais a brilharem com assistências e golos. Sim, são esses que ficam nos registos de cada jogo. Mas sim, é ele, o sérvio, que tem no currículo uma série de dez campeonatos consecutivos na Sérvia (Partizan, 2009, 2010 e 2011), na Grécia (Olympiacos, 2012, 2013 e 2014) e em Portugal (Benfica, 2014, 2015, 2016 e 2017). Neste jogo, por exemplo, foi o médio defensivo que tapou por completo as transições dos avenses quando a parte ofensiva dos encarnados estava presa e, mais tarde, que obrigou as linhas a subirem e começarem a soltar-se na frente. Liderou nas interceções/recuperações, teve uma fiabilidade de passe de 90%, não falhou nenhum dos lançamentos longos.

Provavelmente, o médio vai passar despercebido à maioria na análise do encontro. Mas a verdade é que Fejsa funciona como aquela toupeira que entra nos sistemas e desmonta qualquer adversário. É assim desde 2013. E é também por causa disso que, em campo, o Benfica tem vindo a ganhar mais vezes do que os outros.

Rui Vitória, que repetia a mesma equipa há quatro jogos, foi forçado a mexer face ao castigo de Pizzi mas também nem por isso houve uma grande surpresa. João Carvalho, o miúdo que tinha sido a primeira aposta no Restelo para render o lesionado Krovinovic mas que perdeu logo aí a vaga para o “adaptado” Zivkovic, ficou no lugar do médio transmontano e partiu com um “desafio” para a sexta partida como titular na presente temporada entre equipa A e B: ganhar pela primeira vez, depois dos empates com Sp. Covilhã (Segunda Liga), V. Setúbal (Taça da Liga) e Belenenses (Primeira Liga) e as derrotas com Santa Clara (Segunda Liga) e Basileia (Champions). No final da primeira parte, a “tradição” mantinha-se (depois mudaria). Além da falta de golos, houve pouquinho futebol.

A exceção foi Rafa, este novo Rafa que a rotina de jogos como titular (e vão cinco seguidos na Liga) transformou da melhor forma: aos 13′, o internacional ligou o turbo, deixou Nelson Lenho nas covas quando nem sequer tinha metido a última velocidade, mas o remate de trivela passou ao lado; aos 18′, após um ziguezague fantástico em velocidade na área descaído sobre a direita, permitiu a mancha rápida de Adriano na defesa mais complicada que o guarda-redes brasileiro teve de fazer no primeiro tempo. Pouco depois, o lance mais perigoso dos visitantes: Nildo cruzou largo da esquerda e Derley ganhou a posição a Grimaldo, cabeceando pouco ao lado (20′).

De resto, exceção feita ao cartão amarelo a Nelson Lenho por falta sobre Rafa, a um remate de cabeça fraco de Jonas após cruzamento da esquerda e aos oito cantos ganhos pelos encarnados, a primeira parte teve poucos motivos de interesse. Fejsa, uma máquina de intercetar, recuperar e colocar a jogar bolas no meio-campo, manteve o dom da multiplicação que impedia o Desp. Aves de fazer mossa em transições, mas a verdade é que o Benfica nunca arranjou o antídoto para superar a organização defensiva dos visitantes, com linhas muito juntas que trancavam as tentativas pelos corredores laterais e iam secando o trabalho de Jonas no raio de ação que mais gosta: a área.

Mas não se pense que isto foi obra do acaso ou um momento mais inspirado: além de chegar à Luz com uma sequência de três vitórias e dois empates, num total de 11 pontos com 11 golos marcados e apenas dois sofridos, os comandados de José Mota conseguiram também chegar ao intervalo na Luz com mais de 400 minutos consecutivos sem consentir golos, somando nesta contabilidade o jogo da Taça com o Caldas (1-0).

O Benfica tinha ganho todos os jogos empatados ao intervalo frente ao Desp. Aves e não demorou a fazer mais para manter essa regra nos duelos com um dos conjuntos que subiu na passada temporada à Primeira Liga: Zivkovic, após assistência de Rafa, atirou na passada de pé esquerdo muito perto do poste da baliza dos nortenhos (48′); pouco depois, o mesmo Rafa voltou a ganhar em velocidade mas Adriano fez de novo a mancha no chão (53′). As águias continuavam a zero mas, com esse cheirinho no pedal, colocaram a equipa de José Mota de marcha atrás e sem capacidade para esticar o jogo em transições pela rapidez dos perigosos Amilton e Nildo Petrolina.

Paulo Machado, entrado para o lugar de Braga, teve uma oportunidade mesmo ao seu jeito à passagem dos 65′, atirando muito por cima na melhor saída com bola em velocidade do Desp. Aves no encontro que terminou com o amortecimento de Derley para o remate do médio no corredor central em boa posição. Depois, foi a enxurrada das águias que, em quatro minutos, resolveram a partida: primeiro foi Jonas, a encostar para a baliza uma assistência de Cervi na sequência de uma defesa de Adriano a remate de Fejsa (71′); depois foi Rúben Dias, também a conseguir encostar numa recarga a parada incompleta do guarda-redes brasileiro a remate de Raúl Jiménez (75′).

No final de mais uma semana conturbada na Luz, o Benfica prolongou a melhor série da temporada com o sexto triunfo consecutivo e continua a pressionar o FC Porto no primeiro lugar (voltou a estar a dois pontos à condição, com mais um jogo do que os dragões que se deslocam este domingo a Paços de Ferreira). Veremos do que se falará na próxima semana. E, a título de curiosidade, de quantos minutos mais precisará Fejsa, o grande pêndulo que equilibra toda a equipa de Rui Vitória, até voltar a enquadrar um remate com a baliza.

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