Em 1647, Johannes Hevelius publicou um livro que o tornou numa espécie de celebridade. Selenographia foi a primeira obra a incluir mapas e diagramas da superfície lunar, com descrições pormenorizadas de cada cratera, declive e vale que Hevelius conseguia ver através do seu telescópio, montado no telhado de sua casa. O volume foi também o primeiro a cobrir de forma exaustiva as diferentes fases da Lua, afirmando o astrónomo polaco como um dos mais inovadores desde Copérnico. Mas, com o passar do tempo, Havelius acabou esquecido entre os grandes cientistas da História, como apontou a revista do Smithsonian, que lhe dedicou recentemente um artigo.

Johannes Hevelius nasceu a 28 de janeiro de 1611 na cidade polaca de Danzing. O pai, Abraham Hewelke (Hevelius é uma latinização do apelido polaco Hwelke), um rico fabricante de cerveja, queria que se dedicasse ao negócio da família, mas Hevelius mostrou desde cedo que tinha outros interesses. Em 1641, usou o dinheiro da família para construiu um observatório no telhado de três casas que tinha na cidade costeira de Gdańsk. Montou um telescópio feito por si e dedicou-se a mapear a superfície da Lua, um dos seus primeiros projetos. De acordo com o Smithsoninan, na altura, as nações costeiras estavam a tentar descobrir uma forma de medir a longitude do mar, e pensava-se que a solução estaria no satélite terrestre.

Hevelius passou várias noites no seu observatório, até que conseguiu produzir alguns desenhos preliminares, que enviou para Peter Gassendi, um astrónomo francês que vivia em Paris. Gassendi ficou impressionado com o trabalho do amigo, e incentivou-o a continuar. “Foste dotado com olhos superiores”, disse-lhe. Cinco anos e longas horas de trabalho depois, o astrónomo polaco completou Selenographia sive Lunae descriptio, que veio a valer-lhe, séculos depois, o título de fundador da topografia lunar.

A obra foi publicada em 1647, 300 anos antes de Louis Amstrong pisar a superfície da Lua. A impressão que causou foi tal que o astrónomo italiano Niccolo Zucchi até a mostrou ao Papa Inocêncio X. Segundo o Smithsonian, Inocêncio terá dito que Selenographia poderia ser “um livro sem paralelo, se não tivesse sido escrito por um herético”. Tal como o também polaco Copérnico, Hevelius acreditava que a Terra girava à volta do Sol.

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