Foi organizado pelo multimilionário Richard Branson, e tem como fim angariar 100 milhões de dólares em 60 dias, de forma a ajudar os populares venezuelanos. O “Venezuela Live Aid” ocorre na Ponte Internacional Tienditas, na Colômbia, o mesmo local que tem armazéns onde toneladas de alimentos e medicamentos são armazenados. Mas o que promete vir a acontecer é uma batalha de concertos, entre o atual alinhamento, na cidade de Cucutá, contra o regime de Maduro, e o entretanto anunciado “contra-concerto” de três dias, organizado pelo governo do presidente de facto, em San Antonio Del Táchira.

De apoio a Juan Guaidó, o Live Aid já está a decorrer, na véspera da chegada da ajuda humanitária, e são vários os artistas que fazem parte do cartaz do concerto. Maná, Alejandro Sanz, Luis Fonsi, Maluma, Juanes e Fonseca são alguns dos nomes mais falados.

https://twitter.com/VenezuelaAid/status/1098743612312039424

Muitos deles chegaram a deixar mensagens de apoio para o povo venezuelano nas redes sociais. Foi o caso de Alejandro Sanz, que apelou aos seguidores para se juntarem em ajuda à Venezuela. Pode ler-se no tweet do cantor: “se um milhão de vozes se juntarem por uma razão, o eco vai soar pelo mundo inteiro”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Além de artistas, o evento conta também com a presença do Presidente da Colômbia, Ivan Duque, e também dos homólogos do Chile, Sebastian Pinera, e do Paraguai, Mario Abdo, na sessão de encerramento.

No início do concerto, Richard Branson discursou no palco, agradecendo a presença de todos. “Este concerto não é apenas uma apresentação musical. É sobre marcar a diferença na vida de milhares de pessoas que estão a sofrer. Temos de acabar com a crise. Bebés e crianças estão a morrer à fome, idosos estão sem os devidos cuidados, muitos de vocês abandonaram as vossas casas para sobreviver. A cada dia, a miséria piora, a inflação está fora do controlo, o país está cada vez mais pobre”, afirmou o empresário, que pediu a união de todos.

Nesse mesmo discurso, Branson afirmou que o evento foi organizado em menos de três semanas, e pediu que fossem feitos donativos no site da Venezuela Aid Live. O concerto pode ser acompanhado online na plataforma do youtube.

Neste momento já se encontram no local milhares de pessoas a assistir. Vários espetadores estão vestidos de branco, e frases como “Liberdade” ou “o Governo vai cair” foram ouvidas enquanto seguravam bandeiras do país. “É fascinante ver estes milhares de pessoas aqui no concerto. Vai ser um dia mágico, para construir pontes de esperança”, disse o organizador britânico em conferência de imprensa.

“Este concerto é uma grande ajuda e este tipo de iniciativas é necessária para que o governo da Venezuela abra os olhos”, declarou à agência France Press Wendy Villamizar, uma venezuelana de 32 anos que assiste ao espetáculo.

9 fotos

Em resposta ao evento que foi organizado, o Governo de Maduro organizou um evento paralelo, do outro lado da ponte que divide a Colômbia e Venezuela. As preparações para um concerto de três dias (“Hands Off Venezuela”) anunciado pelo governo de Nicolás Maduro prosseguem, embora poucos dados tenham sido fornecidos sobre o mesmo.

De acordo com a Billboard, o responsável pelo “Hands Off Venezuela”, Roberto Messutti, disse à imprensa local que o evento vai contar com vários estilos musicais: salsa, reggaeton e até música country tradicionalmente venezuelana. Apesar disso, apenas 43 estão confirmados, incluindo Omar Acedo, Armando Martínez e Cristóbal Jiménez.

A crise política na Venezuela agravou-se a 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro. Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres. Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

A repressão dos protestos anti-governamentais desde 23 de janeiro provocou já dezenas de mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou cerca de 3,4 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Em 2016, a população da Venezuela era de aproximadamente 31,7 milhões de habitantes e no país residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.