José Adelino Ornella Ferreira é o nome do oficial das Forças Armadas venezuelanas de que todos falam neste momento. Porquê? Porque este homem, um dos chefes do Estado-Maior venezuelano e antigo chefe da Casa Militar de Hugo Chávez, é um dos militares que está por detrás deste golpe, segundo confirma o El Nacional e vários jornais espanhóis. E Ornella Ferreira, como o nome já dá a entender, é lusodescendente. O Observador sabe inclusivamente que o major-general tem passaporte português e está inscrito no consulado português de Caracas.

José António Mendoza, deputado da oposição pró-Guaidó, tweetou esta manhã dizendo que Ferreira “será o militar que encabeça este movimento”.

https://twitter.com/JoseAMendozaPJ/status/1123181766234255361

Mas rapidamente o regime de Maduro se apressou a desmentir essa informação, através da conta de Twitter de um órgão do ministério da Economia, garantindo que Ferreira “mantém lealdade e subordinação” a Maduro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Também a jornalista Madeleine Garcia, da televisão próxima do regime chavista Telesur, nega a participação de Ferreira no golpe: “Acabei de falar com o major-general Ornella”, garantiu no Twitter, dizendo que o militar declarou o seguinte: “É uma campanha, estou no Comando Estratégico Operacional, é totalmente falso”.

Na conta de Twitter do oficial, entretanto, foi publicado um post onde reafirma a sua lealdade a Nicolás Maduro. Contudo, ainda não há imagens vídeo do major-general a declarar o seu apoio a nenhum dos presidentes.

A informação de que Ferreira estará com Guaidó foi confirmada por fontes do Exército venezuelano ao jornal espanhol El Confidencial, dizendo que Ferreira “estará a participar na revolta contra o Governo”. Fontes venezuelanas também confirmaram a informação ao El Independiente.

No Twitter circula uma imagem com uma alegada frase de Ornella Ferreira, onde o militar afirma que “este não é um golpe militar, somos militares constitucionais que reconhecemos o engenheiro Juan Guaidó como Presidente da Venezuela. Não continuem a falar em golpe militar.”

Ferreira participou na tentativa de golpe de Estado falhada liderada por Hugo Chávez em 1992, contra Carlos Andrés Pérez. Segundo um artigo da agência Lusa de 2013, o oficial foi aluno do próprio Chávez na Academia Militar e terá feito parte da Garda de Honra do antigo Presidente.

[Veja no vídeo como a Venezuela entrou em ebulição, com tiros e avanço sobre civis]

O militar terá sido também uma das últimas pessoas a ter contacto com o antigo Presidente antes de ele morrer. “No dia 25 (de dezembro) [Chávez foi operado em dezembro de 2012, em Cuba, e morreu em Caracas a 5 de março de 2013], saudei-o e ele perguntou pela minha família”, revelou à altura. Ao jornal argentino La Nación, Ferreira — homem leal a Chávez — partilhou mais pormenores sobre a morte do líder venezuelano. “Não podia falar, mas disse com os lábios ‘não quero morrer, por favor não me deixem morrer’, porque ele gostava do seu país, imolou-se pelo seu país.”