José Adelino Ornella Ferreira é o nome do oficial das Forças Armadas venezuelanas de que todos falam neste momento. Porquê? Porque este homem, um dos chefes do Estado-Maior venezuelano e antigo chefe da Casa Militar de Hugo Chávez, é um dos militares que está por detrás deste golpe, segundo confirma o El Nacional e vários jornais espanhóis. E Ornella Ferreira, como o nome já dá a entender, é lusodescendente. O Observador sabe inclusivamente que o major-general tem passaporte português e está inscrito no consulado português de Caracas.
José António Mendoza, deputado da oposição pró-Guaidó, tweetou esta manhã dizendo que Ferreira “será o militar que encabeça este movimento”.
https://twitter.com/JoseAMendozaPJ/status/1123181766234255361
Mas rapidamente o regime de Maduro se apressou a desmentir essa informação, através da conta de Twitter de um órgão do ministério da Economia, garantindo que Ferreira “mantém lealdade e subordinação” a Maduro.
#Entérate || Mayor General, José Adelino Ornellas Ferreira, 2do. Comandante del @ceofanb y Jefe del Estado Mayor Conjunto, mantiene Lealtad y Subordinación Al Presidente Constitucional del la República Bolivariana de Venezuela, @NicolasMaduro pic.twitter.com/WJ3xUvXMfL
— Vicepresidencia de Economía (@ViceEconomia) April 30, 2019
Também a jornalista Madeleine Garcia, da televisão próxima do regime chavista Telesur, nega a participação de Ferreira no golpe: “Acabei de falar com o major-general Ornella”, garantiu no Twitter, dizendo que o militar declarou o seguinte: “É uma campanha, estou no Comando Estratégico Operacional, é totalmente falso”.
Na conta de Twitter do oficial, entretanto, foi publicado um post onde reafirma a sua lealdade a Nicolás Maduro. Contudo, ainda não há imagens vídeo do major-general a declarar o seu apoio a nenhum dos presidentes.
#30Abr Como Soldado de esta Patria, REAFIRMO mi #LealtadAbsoluta a mi CJ. @NicolasMaduro y apegado al legado de mi Cmdte. Supremo Hugo Chávez. Hoy más que nunca en la FANB VENCEREMOS contra quienes buscan quebrantar la Paz de la República. TRIUNFAR. pic.twitter.com/juTbCIgWGf
— José A. Ornelas F. (@OrnelasFJoseA) April 30, 2019
A informação de que Ferreira estará com Guaidó foi confirmada por fontes do Exército venezuelano ao jornal espanhol El Confidencial, dizendo que Ferreira “estará a participar na revolta contra o Governo”. Fontes venezuelanas também confirmaram a informação ao El Independiente.
No Twitter circula uma imagem com uma alegada frase de Ornella Ferreira, onde o militar afirma que “este não é um golpe militar, somos militares constitucionais que reconhecemos o engenheiro Juan Guaidó como Presidente da Venezuela. Não continuem a falar em golpe militar.”
El llamado del general Ornella Ferreira, jefe del alzamiento contra Maduro al pueblo de Venezuela pic.twitter.com/qj3fwfebFI
— Manuel Malaver (@MMalaverM) April 30, 2019
Ferreira participou na tentativa de golpe de Estado falhada liderada por Hugo Chávez em 1992, contra Carlos Andrés Pérez. Segundo um artigo da agência Lusa de 2013, o oficial foi aluno do próprio Chávez na Academia Militar e terá feito parte da Garda de Honra do antigo Presidente.
[Veja no vídeo como a Venezuela entrou em ebulição, com tiros e avanço sobre civis]
O militar terá sido também uma das últimas pessoas a ter contacto com o antigo Presidente antes de ele morrer. “No dia 25 (de dezembro) [Chávez foi operado em dezembro de 2012, em Cuba, e morreu em Caracas a 5 de março de 2013], saudei-o e ele perguntou pela minha família”, revelou à altura. Ao jornal argentino La Nación, Ferreira — homem leal a Chávez — partilhou mais pormenores sobre a morte do líder venezuelano. “Não podia falar, mas disse com os lábios ‘não quero morrer, por favor não me deixem morrer’, porque ele gostava do seu país, imolou-se pelo seu país.”