Cães, gatos, macacos, coelhos, ratos, “hamsters”, borboletas e até moscas da fruta já foram ao espaço. Porque é que uma ovelha não haveria de ir também? É o que sucede na segunda longa-metragem da Ovelha Choné, realizada por Will Becher e Richard Phelan, que haviam trabalhado como animadores no original, “A Ovelha Choné — O Filme” (2015). E tal como outra longa-metragem da Aardman, protagonizada por outras duas vedetas deste estúdio de animação, “Wallace e Gromit: A Maldição do Coelhomem” (2005), parodiava e homenageava os filmes de terror da Hammer, assim este “A Ovelha Choné — O Filme: A Quinta Contra-Ataca” tira o chapéu ao cinema de ficção científica ao mesmo tempo que goza com ele.

[Veja o “trailer” de “A Ovelha Choné — O Filme: A Quinta Contra-Ataca”:]

Um disco voador aterra perto de Mossy Bottom, deixando em estado de choque ovnilógico os habitantes da vila e causando a vinda de uma equipa do Ministério de Deteção de Alienígenas. Choné trava conhecimento com o tripulante da nave, um jovem e simpático alienígena de nome Lu-La, que roubou o comando do aparelho ao pai e veio parar à Terra sem saber bem como. Com a ajuda das restantes ovelhas e a participação involuntária do cão Bitzer, Choné decide evitar que o seu pequeno amigo seja capturado pelo governo e ajudá-lo a voltar ao planeta de origem. Ao mesmo tempo, o fazendeiro quer capitalizar no fenómeno e põe de pé, às três pancadas, um parque temático sobre alienígenas. O índice de disparate bate novos recordes.

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[Veja uma entrevista com os realizadores:]

O filme, onde Bechet e Phelan parodiam as principais fitas de ficção científica das últimas décadas, não dá um minuto de descanso ao espectador. É um moto contínuo de “gags”, pastiches, piadas em segundo plano e piscadelas de olho, combinando a tradicional e cuidadosíssima animação de volumes fotograma a fotograma que fez a fama da Aardman com efeitos especiais de computador, e mantendo-se fiel aos princípios do cinema mudo cómico que animam as histórias da Ovelha Choné e dos seus comparsas ovinos. Não é dita uma palavra ao longo de toda a história, só há efeitos sonoros, ruídos de ambiente e música, e as expressões e a gestualidade das personagens feitas de plasticina.

[Veja uma cena do filme:]

“Guerra das Estrelas”, “Encontros Imediatos do 3º Grau”, “E.T. — O Extraterrestre” (que tem direito a uma sequência simplesmente genial envolvendo um contentor de lixo), “Ficheiros Secretos”, “Interstellar” ou “Transformers”, e até mesmo “Stranger Things” passam todos pandegamente por “A Ovelha Choné — O Filme: A Quinta Contra-Ataca”. Uma “pizza” atirada pelo ar é confundida com um disco voador e Bitzer tomado por um alienígena, as ovelhas praticam carpintaria, Choné conduz um disco voador e risca a pintura a uma estação espacial e há um final apoteótico no parque temático manhoso, com direito a desembarque (pacífico) de extraterrestres.

Mais uma vez, voltamos a ir buscar lã a um filme da Ovelha Choné e não saímos tosquiados. E fiquem a ver a ficha técnica até ao final, porque tem “gags” mesmo, mesmo até à última imagem. Estes encontros imééééééééédiatos do 3º grau são irresistíveis.