Pelo menos 55 pessoas ficaram feridas esta quarta-feira em confrontos violentos à volta do estádio do Camp Nou, onde nesta tarde o FC Barcelona jogou contra o Real Madrid — num “El Clássico” que alimentou muitas expectativas precisamente devido aos protestos pró-independência agendados para as imediações do estádio.

De acordo com a imprensa espanhola, foram 55 as pessoas que tiveram de receber assistência médica com ferimentos ligeiros depois de a polícia catalã ter disparado balas de borracha de forma a desmobilizar o protesto agendado pela plataforma independentista “Tsunami Democràtic”. Dois dos feridos são elementos da polícia e ficaram com ferimentos graves. Os outros 53 têm apenas ferimentos ligeiros.

Centenas de manifestantes independentistas catalães cortaram durante a tarde o trânsito em redor do estádio, depois de o “Tsunami Democràtic” ter lançado um apelo para a realização de “concentrações maciças” à volta do estádio.

Segundo fontes da Guarda Urbana de Barcelona, citada pela agência Efe, cerca das 17h locais (16h em Lisboa) estavam reunidas cerca de cinco mil pessoas nos quatro pontos previstos para a concentração, um em cada canto do estádio do Barcelona.

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O protesto decorreu com normalidade e acabou por desmobilizar de forma natural, até que, como relata o jornal espanhol Marca, alguns grupos mais pequenos de manifestantes mais radicais se deslocaram para ruas nas proximidades do estádio onde deram continuidade ao protesto. Foi aí que a polícia interveio e acabou por disparar balas de borracha — tendo, inclusivamente, ferido um operador de câmara de uma estação televisiva catalã.

O movimento independentista catalão aproveitou o jogo entre as duas equipas, que é seguido em todo o mundo, para promover as suas ideias. O “Tsunami Democràtic” convocou os manifestantes para se reunirem em redor do estádio a partir das 16h (15h em Lisboa) e pediu para que apoiantes e equipas não fossem impedidos de entrar no estádio.

Centenas de bandeiras azuis também foram distribuídas com o slogan “Liberdade, direitos, autodeterminação”. O jogo de futebol pode decidir quem é o líder do campeonato nacional, tendo estado inicialmente programado para 26 de outubro último, mas em seguida adiado, devido aos violentos confrontos que estavam a ocorrer na Catalunha na altura.

A plataforma separatista, que promove ações de desobediência civil em protesto contra a condenação de independentistas catalães, realiza assim um “dia de mobilização” à margem do “clássico” espanhol.

Num contexto político “quente” em Espanha, o jogo de futebol com mais audiência em todo o mundo vai realizar-se a partir das 20h locais (19h em Lisboa) com o estádio do Camp Nou (Barcelona) transformado numa “fortaleza”.

Para o jogo, a polícia preparou um destacamento especial de 3.000 efetivos, envolvendo polícias e uma equipa de segurança privada para tentar garantir que os autocarros das equipas chegam a tempo e que nada interrompe o jogo.

As duas equipas já se deslocaram juntas, como estava previsto, do hotel em que estão hospedados, muito próximo do estádio, para o Camp Nou, por razões de segurança. “Hoje, vamos mostrar que a força do povo é imparável. A partir das 16h no Camp Nou”, escreveu hoje de manhã o “Tsunami Democràtic” na rede social Twitter, exigindo “a mais estrita não-violência”.

Uma “vaga” de balões insufláveis negros deverá invadir o Camp Nou por iniciativa dos independentistas, que pretendem denunciar as balas de borracha negras lançadas pela polícia para reprimir as suas manifestações nas últimas semanas de outubro.