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A diferença entre os "demónios" de Weigl e um anjo chamado Gabriel (a crónica do Benfica-Sp. Braga)

Este artigo tem mais de 4 anos

Amorim não fugiu ao seu ADN e teve aí o mérito da vitória do Sp. Braga na Luz (1-0). Já o Benfica perdeu pela segunda vez sem Gabriel e com Weigl, que ainda não se adaptou ao ADN do futebol da equipa.

João Palhinha marcou o único golo do encontro nos descontos da primeira parte e carimbou a segunda vitória de sempre na Luz para a Liga
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João Palhinha marcou o único golo do encontro nos descontos da primeira parte e carimbou a segunda vitória de sempre na Luz para a Liga

Pedro Fiuza

João Palhinha marcou o único golo do encontro nos descontos da primeira parte e carimbou a segunda vitória de sempre na Luz para a Liga

Pedro Fiuza

A chegada de Gabriel ao Benfica foi tudo menos “chegar, ver e vencer”. Chegou, é certo, a troco de oito milhões de euros vindo do Leganés. E chegou com o rótulo de pedra em falta de um meio-campo que precisava de um ‘8’ com características de box to box que conseguisse ligar de melhor forma os setores. Com Rui Vitória, acabou por ficar algum tempo na sombra de Gedson Fernandes, a revelação saída do Seixal que deixou muitas vezes o brasileiro no banco; mais tarde, com Bruno Lage, e tendo a seu lado ou atrás (dependendo da estratégia e do adversário) outro miúdo mas Florentino Luís, agarrou o lugar e tornou-se o mais indiscutível entre os não indiscutíveis.

Rúben Amorim faz o pleno com os “grandes”, Sp. Braga vence Benfica na Luz (1-0) e FC Porto pode ficar a um ponto

Da lesão no ligamento lateral do joelho esquerdo no jogo da Taça de Portugal com o Sporting, em abril, à entorse no joelho direito contraída na Supertaça também com os leões em agosto, as duas lesões com maior gravidade que o médio sofreu na Luz tiveram o condão de mostrar a importância que foi assumindo dentro da ideia de jogo que entretanto se foi consolidando com Lage. Mais ou menos recuado (sobretudo até à chegada de Weigl), mediante as necessidades da equipa, Gabriel passou a ser uma peça chave para o treinador encarnado. Uma peça que já o fez perder a cabeça, como no segundo amarelo em casa com o Marítimo, mas uma peça que lhe dava totais garantias, como se percebeu exatamente na conferência após essa expulsão na Luz.

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“Foi uma situação diferente mas temos de entender o jogador. É isto que o torna especial e muito importante para a nossa equipa: a vencer por 4-0, disputa aquele lance como se fosse o último, e, com um cartão amarelo, é expulso. É recordar aquele que foi o primeiro jogo da época, a Supertaça, que a vencermos por cinco golos, disputou cada lance como se fosse o último. É preciso entendermos que é um jogador especial, muito importante para a nossa equipa e que vive o jogo com esta intensidade”, explicou. Recuando um pouco mais, a um jogo em Guimarães que Lage considera ainda hoje o clique para a reconquista do título, percebem-se mais pistas para essa aposta: “Ele entrou pela resposta que deu no treino, muito interessante. É curioso ver que falam da entrada dele para dar mais músculo ao meio-campo mas para mim é pela capacidade de construção, com mais qualidade e segurança”.

Gabriel afastado dos relvados por tempo indeterminado

Foi assim que Gabriel viu e vencer uns meses depois da chegada. Médio com mais força física mas em paralelo uma maior capacidade de construção com qualidade na primeira fase, com personalidade e sem virar costas ao jogo, de feitio especial que o terá levado, por exemplo, a não celebrar o golo frente ao Famalicão na Taça por estar a ficar já incomodado pelas constantes correções no posicionamento – uma notícia que mereceu reparos mais acesos de Lage, que considerou estar a criar-se um caso onde ele não existia. Esse encontro, que o Benfica venceu por 3-2, foi o último do médio. Não jogou na derrota com o FC Porto, não jogou no empate em Famalicão e ficará de fora por tempo indeterminado. “Paresia do VI par craniano esquerdo, com limitação da abdução, que condiciona dipoplia”, explicaram os encarnados em comunicado, num problema que faz Gabriel ter visão dupla.

“Não temos previsão de nada em relação ao Gabriel, a nossa preocupação é olhar também para o lado humano. É um jogador fantástico que faz falta, como os outros. O seu contributo tem sido importante, como todos. Não tendo Gabriel, outro colega entrará em campo e dará o seu contributo. Temos de arranjar soluções para a equipa continuar com dinâmica”, comentou Bruno Lage antes da receção ao Sp. Braga. Mais do que uma “resposta” após a derrota no Dragão que reabriu o Campeonato, que começou a ser dada também na equipa inicial com a colocação de Cervi em vez de Chiquinho (talvez o maior problema diante do FC Porto), este seria um teste para tentar voltar às vitórias sem o médio brasileiro que apostava também numa chamada à Seleção.

Ficha de jogo

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Benfica-Sp. Braga, 0-1

21.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Benfica: Vlachodimos; Tomás Tavares (Dyego Sousa, 86′), Rúben Dias, Ferro, Grimaldo; Weigl (Chiquinho, 79′), Taarabt; Pizzi, Cervi (Seferovic, 62′); Rafa e Carlos Vinícius

Suplentes não utilizados: Zlobin, Nuno Tavares, Samaris e Jota

Treinador: Bruno Lage

Sp. Braga: Matheus; David Carmo, Wallace, Raul Silva; Ricardo Esgaio, Fransérgio, Palhinha, Sequeira; Ricardo Horta (André Horta, 78′), Galeno (Trincão, 57′) e Paulinho (Rui Fonte, 87′)

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, Bruno Wilson, João Novais e Abel Ruíz

Treinador: Rúben Amorim

Golo: Palhinha (45+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a David Carmo (21′), Palhinha (36′), Rúben Dias (45+1′), Raúl Silva (45+1′), Ricardo Esgaio (54′), Taarabt (56′) e Wallace (74′); cartão vermelho por acumulação a Raúl Silva no final do jogo

O Benfica acabou por chumbar o teste. E chumbou porque aquilo que ganhou com a entrada de Cervi (não foi por acaso que se ouviram assobios quando saiu aos 62′, quando era um dos melhores dos encarndos) acabou por voltar a não ter sem Gabriel. Taarabt, sobretudo na primeira parte, foi um poço de força e arte a jogar por dois no meio-campo mas Weigl, segunda contratação mais cara de sempre do Benfica a par de Raúl de Tomás que chegou a ser comparado por Matthäus com Pep Guardiola, continua a não enquadrar o seu ADN de futebol mais apoiado, de toque curto e sem grande risco, no ADN do futebol da equipa, que necessita de mais verticalidade e outro tipo de variações. Com esse condicionamento, não só as águias têm mais dificuldades na construção como permitem mais oportunidades aos adversários – e são os resultados e os números que contam isso mesmo.

A isso juntou-se, claro, um adversário com muito mérito na vitória por 1-0 com golo de Palhinha. Rúben Amorim, que regressava à Luz agora como treinador sem ter perdido um jogo, apesar do empate na última jornada diante do Gil Vicente, fez o pleno de triunfos contra os “grandes” com mais um encontro onde montou bem a equipa, não abdicou da identidade de jogo a sair de trás e continuou a colocar o coletivo a potenciar as individualidades.

Weigl, o reforço do Benfica que era o protegido de Tuchel e é comparado a Guardiola

Frente a um Sp. Braga a manter a linha de três centrais mesmo não contando com o castigado Bruno Viana – apostou em David Carmo, deixando Bruno Wilson no banco – e a querer assumir a posse desde início, o Benfica precisou apenas de seis minutos para criar a primeira chance flagrante de golo com Rafa a roubar bem a bola a David Carmo no primeiro terço dos minhotos, a avançar até à área mas a rematar ao lado da baliza perante a saída do guarda-redes Matheus. Pouco depois, na sequência de um pormenor fabuloso de Taarabt a fazer uma “roleta”, Vinicíus atirou às malhas laterais (10′). E houve mais um roubo de Cervi a antecipar-se a Wallace mas a não a ter força necessária para desviar a bola para a baliza perante o encosto do central brasileiro.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Benfica-Sp. Braga em vídeo]

Sem Gabriel, Weigl conseguia avançar alguns metros sem bola para iniciar a pressão em zonas mais altas, Taarabt começava a dominar o corredor central e Pizzi jogava mais por dentro do que é habitual, num esquema que foi condicionando a capacidade de saída do Sp. Braga antes de uma fase do encontro mais faltosa e com a bola a andar mais longe das duas áreas – e com muitos protestos dos dois lados, com os lisboetas a quererem mais do que um amarelo para David Carmo por entrada dura sobre Rafa e os minhotos a pedirem cartão para Taarabt em dois lances em que acertou com o braço em Fransérgio e Ricardo Horta. Com a posse equilibrada, o Benfica continuava a tentar explorar a profundidade mas encontrava sempre um adversário antes do último passe.

Tudo apontava para um nulo ao intervalo, que só não foi desfeito mais cedo por ineficácia do ataque do Benfica e (grande) eficácia de Vlachodimos: no seguimento de um grande passe longo de Ferro, Pizzi teve um fantástico cruzamento da direita mas Vinícius, sozinho, cabeceou por cima (42′); pouco depois, na sequência de um livre lateral, Fransérgio conseguiu ganhar um bola perdida na pequena área mas encontrou a oposição do grego a desviar para canto por instinto (45′). Seria aí, numa bola parada, tal como já tinha acontecido no Dragão, que os arsenalistas conseguiriam fazer a diferença: Palhinha saltou mais alto na área e inaugurou o marcador na Luz, num lance que viria depois a resultar ainda num amarelo para os centrais Rúben Dias e Raúl Silva (45+1′).

O segundo tempo começou a um ritmo ainda mais frenético e de forma partida, com o golo a adivinhar-se nas duas balizas por mais do que uma vez até começar a dança das substituições com Trincão e Seferovic a serem lançados nessa fase. Carlos Vinícius, num grande trabalho individual na área, ganhou espaço para rematar forte de pé esquerdo ao poste (48′) e, no seguimento do lance, Paulinho rematou pouco por cima da trave da baliza do grego Vlachodimos (49′). Ato contínuo, Rafa teve por duas vezes a oportunidade de atirar ou assistir mas acabou por ficar num meio termo que fez ruir essas jogadas enquanto que, na área contrária, Fransérgio ficou perto do 2-0.

Weigl, de regresso à equipa após descansar na Taça de Portugal, era um elemento quase a menos no meio-campo, disfarçado ainda assim pelo pulmão sem fim de Taarabt. Se ao intervalo o alemão tinha como única ação defensiva uma falta, aos 60′ levava apenas um dos 15 passes feitos para a frente com mais de 15 metros. O antigo jogador do B. Dortmund é um dos elementos com melhor eficácia de passe na Liga mas ainda não adaptou o seu ADN ao ADN da equipa, com esse outro dado de ter aumentado o número de golos sofridos pelas águias desde janeiro. Todavia, foi Cervi que saiu e também por isso o Benfica não melhorou, tendo os primeiros dois remates enquadrados do jogo por Pizzi (68′) e Vinícius (70′) no seguimento de lances individuais travados por Matheus.

Já no último quarto de hora, Vlachodimos voltou a ser herói (ele que às vezes parece ser protagonista secundário mas que tem realizado uma grande temporada) com uma defesa por instinto a remate na passada de Ricardo Horta antes da saída para a entrada de André Horta, no mesmo minuto em que Chiquinho rendeu Weigl. Pouco depois, entrou Dyego Sousa para o lugar de Tomás Tavares. No entanto, foi tarde e o jogo direto tornou-se a forma mais fácil para o Sp. Braga defender a vantagem até ao final dos cinco minutos de descontos, ganhando na Luz mais de 65 anos depois num resultado que reabre ainda mais as contas do Campeonato antes do V. Guimarães-FC Porto.

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