O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou esta segunda-feira uma carta aos governantes internacionais, alertando que os Estados Unidos, ao oferecerem uma recompensa por informações que levem à sua detenção, conduzem a “um perigoso momento de tensão” no continente americano.

Essa pantomima americana inclui a insólita oferta de uma recompensa internacional a qualquer pessoa que forneça informações sobre o Presidente e altas autoridades venezuelanas, levando a um momento perigoso de tensão no continente”, escreveu Maduro na carta lida pelo ministro venezuelano de Relações Exteriores, Jorge Arreaza, em transmissão simultânea nas rádios e televisões do país.

O documento sublinhou a existência de um atentado contra a paz e a estabilidade na Venezuela e que esta “ação gravíssima contra um grupo de altos funcionários do Estado venezuelano”, incluindo Nicolas Maduro, tem lugar quando os EUA deveriam preocupar-se com “a proteção da vida e da saúde dos seus habitantes, devido à aceleração da pandemia da Covid-19”.

“Tal ação consistiu na apresentação de uma acusação formal perante o sistema judicial norte-americano, o que não só é ilegal, pretende sustentar uma falsa acusação de narcotráfico e terrorismo, com o único objetivo de simular a suposta judicialização das autoridades venezuelana”, acrescentou o líder venezuelano.

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Segundo a carta, Caracas tinha alertado para a preparação de uma operação, na Colômbia, para “atentar contra a vida do Presidente [da Venezuela], seus familiares e altos funcionários do Estado, assim como para atacar objetivos civis e militares”, dirigida pelo ex-militar venezuelano reformado Clíver Alcalá, que se entregou recentemente à norte-americana DEA.

Também terá sido confiscado um carregamento de armas em território colombiano, supostamente “adquiridas por ordem” do opositor Juan Guaidó, “um deputado nacional que se faz chamar presidente interino da Venezuela e atua como operador de Washington no país”.

Para Nicolás Maduro, esse golpe de Estado teria o apoio das autoridades da Colômbia e a detenção de Clíver Alcalá é uma montagem norte-americana.

A carta alertou os governos internacionais sobre as medidas “imprudentes e criminosas” que o Governo dos EUA está a tomar, “apesar da pavorosa aceleração” da Covid-19, e sublinhou que Donald Trump “parece determinado a reforçar a sua política de agressão contra os Estados soberanos” da América Latina e, especialmente, contra o povo venezuelano.

“O Governo dos EUA, em vez de focar-se em políticas de cooperação em saúde e prevenção, aumentou as medidas coercivas unilaterais e rejeitou os pedidos da comunidade internacional para suspender ou flexibilizar as sanções ilegais que impedem a Venezuela de aceder a medicamentos, equipamentos médicos e alimentos”, explicou Maduro na carta hoje divulgada.

Ao mesmo tempo, “proibiu a implementação de voos humanitários dos EUA para a Venezuela, para repatriar centenas de venezuelanos apanhados pela crise económica e sanitária” nos Estados Unidos.

Na carta, Nicolás Maduro ratificou a vontade inabalável de manter uma relação de respeito e cooperação com todas as nações, ainda mais na inédita circunstância da covid-19, que obriga os governos responsáveis a trabalharem juntos.

“Condenar e neutralizar esses ataques injustificáveis contra a Venezuela será de grande utilidade para evitar que Washington empreenda, no dia de amanhã, campanhas semelhantes contra outros povos e governos do mundo. Todos devemos aderir aos princípios da Carta das Nações Unidas, para evitar que o unilateralismo desmedido nos leve ao caos internacional”, frisou o Presidente venezuelano.

Na quinta-feira, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou Maduro e 13 membros do regime venezuelano de narcoterrorismo. As autoridades norte-americanas acusaram Maduro e os restantes arguidos de conspirar com rebeldes colombianos para “inundar os Estados Unidos de cocaína”.

Entretanto, os EUA anunciaram recompensas monetárias para quem forneça informações que levem à detenção de Nicolás Maduro, Diosdado Cabello, do presidente do Supremo Tribunal de Justiça venezuelano, Maikel Moreno, do ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, e do ex-vice-presidente da Venezuela Tareck El Aissami, entre outros.