A qualidade do ar na cidade de Lisboa tem melhorado, segundo dados apresentados nesta terça-feira e recolhidos entre 2008 e 2014 nas seis estações de monitorização da capital, sendo a zona da Avenida da Liberdade a apresentar piores resultados.

À margem de uma sessão sobre “Qualidade do Ar na Cidade de Lisboa”, organizada pela Lisboa E-Nova – Agência Municipal de Energia-Ambiente, que decorreu hoje no Centro de Informação Urbana de Lisboa, foi apresentada a evolução da qualidade do ar na cidade durante os últimos anos, bem como as diversas ações que têm sido levadas a cabo pelo município no sentido de minimizar as emissões poluentes.

Os dados apresentados pelo responsável do Departamento de Ambiente e Espaço Público (DAEP) da Câmara de Lisboa, João Pedro Santos, revelam “uma tendência clara de descida” dos valores de dióxido de azoto e das partículas em suspensão presentes no ar, ambos provenientes essencialmente do tráfego rodoviário.

A avaliação e a gestão da qualidade do ar ambiente em Lisboa são da competência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), que dispõe de seis estações fixas de monitorização: Avenida da Liberdade, Entrecampos, Santa Cruz de Benfica, Restelo, Olivais e Beato.

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A estação de monitorização na Avenida da Liberdade é a que regista os dados mais negativos da cidade em termos de qualidade do ar, que apesar de uma melhoria gradual ao longo dos anos, apresenta ainda uma concentração média anual de dióxido de azoto que excede os limites estipulados pela União Europeia.

Segundo João Pedro Santos, a Câmara de Lisboa tem apostado, principalmente, em medidas de gestão e acalmia do tráfego rodoviário, através da definição e implementação de Zonas de Acesso Condicionado, Zonas 30 e Zonas de Emissões Reduzidas (ZER).

A assistir à secção, o vereador da Estrutura Verde e Energia, José Sá Fernandes, afirmou à agência Lusa que a qualidade do ar na cidade de Lisboa está “bastante melhor”, mas que o município vai “fazer mais”. “O grande problema é que isso não depende só de nós [Câmara de Lisboa], depende muito dos transportes públicos”, disse o vereador, justificando a luta do município contra a privatização dos transportes.

A Câmara de Lisboa pretende ter a gestão dos transportes públicos da cidade para poder implementar “uma serie de medidas, não só para a mobilidade, mas para tirar mais carros da rua e para oferecer melhor serviço às pessoas”, garante o vereador José Sá Fernandes.

Em declarações à Lusa, após o encontro sobre “Qualidade do Ar na Cidade de Lisboa”, a responsável da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, Mafalda Sousa, reforçou que “tem havido de facto melhorias significativas em termos de qualidade do ar, nomeadamente nos óxidos de azoto e partículas inaláveis”.

Para a dirigente da Quercus, o grande responsável pelas emissões de poluentes atmosféricos “tem sido sobretudo o transporte rodoviário, portanto quaisquer medidas que sejam implementadas têm que ir no sentido de restringir cada vez mais o trânsito rodoviário na cidade, de forma a reduzir as emissões e assim obter uma melhoria da qualidade do ar”.