Com Sérgio Oliveira lesionado e Uribe castigado, a pergunta era inevitável: estariam Fábio Vieira e Vítor Ferreira preparados para entrarem na equipa inicial frente ao Sporting? “Até há quinze minutos estavam. Agora não sei se entretanto se passou alguma coisa no balneário…”, começou por ironizar Sérgio Conceição. “Para estarem a trabalhar connosco já há algum tempo e contribuírem em determinados jogos é porque têm qualidade e estão preparados para jogar, assim como o João Mário”, disse depois um pouco mais a sério. O treinador dos azuis e brancos sempre teve um cuidado especial em relação aos jovens da formação e assim continua, no final da época.

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“Há jovens que estão a trabalhar connosco e que estão preparados. Vejo gente na formação com muita qualidade, agora é preciso associar a isso a mentalidade competitiva, que é necessária, e isso não é de um momento para o outro. Eu acho que a nova geração nisso fica um bocadinho a dever ao que eram os jogadores de há uns tempos. De outra forma, também há coisas que eles dão muito mais positivas e diferentes do que davam os jogadores de há uns tempos. Agora é preciso encontrar o melhor equilíbrio para lançar esta gente e e lançá-los não de acordo com aquilo que cada um quer, cada pai, cada empresário, cada adepto, mas sim de acordo com aquilo que é necessário para a equipa. Eu olho para aquilo que é a qualidade, tenha 17, 27 ou 37 anos”, argumentou.

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Se Pinto da Costa não tem dúvidas que, “se o FC Porto tivesse cartilheiros e fossem do Seixal, tinham o dobro das pessoas a falar”, Sérgio Conceição foi tentando fazer uma gestão mais racional dos elementos mais jovens, todos eles campeões europeus de juniores na passada temporada. No total, houve sete estreias na presente época (além de Diogo Leite, que já tinha jogado antes), cada um com o seu momento entre uma estreia mais forte de Romário Baró e Fábio Silva, uma continuidade mais assente em Diogo Costa e Vítor Ferreira e um final onde Fábio Vieira foi o principal destaque. Esta noite, frente ao Sporting, foi João Mário a ter a sua estreia. E olhando para a próxima época há quem fique, há quem esteja a ser cobiçado para sair e há quem possa ser cedido para jogar mais.

Diogo Costa, 20 anos

Depois de ter sido campeão europeu de seleções de Sub-17 e Sub-19, foi o número 1 do histórico triunfo dos azuis e brancos na UEFA Youth League e carimbou nesse mesmo ano de 2019 o Campeonato de juniores. Fez apenas um jogo na Primeira Liga, aproveitando o castigo interno de Marchesín antes do dérbi no Bessa frente ao Boavista, mas foi totalista até ao momento na Taça de Portugal (seis jogos) e no percurso na Taça da Liga (cinco partidas), tendo mantido a baliza a zero em oito dos 12 encontros realizados na presente temporada que lhe deu a estreia na equipa sénior. Nascido na Suíça, cresceu na Vila das Aves, onde jogou no AMHC Ringe, e deu nas vistas quando jogava na Casa do Benfica da Póvoa do Lanhoso, chegando aos dragões em 2011 ainda como infantil. Aos 20 anos, é uma espécie de reserva de garantia da baliza do FC Porto. Tem um valor de mercado de 4,5 milhões de euros.

Diogo Costa realizou um total de 12 jogos oficiais (1.080 minutos) entre Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga, não sofrendo golos em oito encontros

Tomás Esteves, 18 anos

Apesar de ser mais novo do que a geração de Diogo Costa, por exemplo, o lateral direito que fez em abril 18 anos e que em junho renovou por quatro temporadas com os azuis e brancos (sendo o único elemento mais novo que não tinha ainda alargado o vínculo com o clube) foi uma das peças importantes da vitória do FC Porto na UEFA Youth League – além do Campeonato Nacional Sub-19 – e também um dos que foi mais vezes elogiado na imprensa estrangeira, com vários clubes europeus a seguirem o jogador desde as competições de seleções Sub-17. Depois de ter sido aposta em dezembro na Taça da Liga frente ao Casa Pia, teve a estreia na Primeira Liga na deslocação à Vila das Aves (titular, 59 minutos) e repetiu essa posição com o Boavista (45 minutos). Nascido em Arcos de Valdevez, começou a jogar na Associação Desportiva e Cultural Aboim/Sabadim e está nos dragões desde os dez anos, ainda nas escolinhas. O valor de mercado aponta para 1,3 milhões de euros mas já vale bem mais do que isso, até por ter sido, em 2019, o mais novo de sempre a jogar pelos Sub-21 este século (à frente de Ronaldo ou Félix).

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Tomás Esteves renovou contrato em junho e estreou-se na Liga como titular na Vila das Aves, seguindo-se novo jogo no onze com o Boavista

Diogo Leite, 21 anos

Foi promovido na última temporada por Sérgio Conceição ao plantel principal, apesar de ter ajudado também a equipa de Mário Silva a conquistar a UEFA Youth League, e participou esta época em mais do dobro dos jogos em comparação com o primeiro ano. Começou por realizar duas partidas pela equipa B para não perder por completo ritmo competitivo mas participou depois em 14 jogos (nove como titular) entre Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga Europa, num total de 826 minutos. Nascido no Porto, começou por destacar-se no Leixões antes de chegar aos dragões ainda nas escolinhas (Sub-11) e formou vários anos dupla no eixo defensivo com Diogo Queirós. Tem um valor de mercado de 5,4 milhões de euros e tem sido seguido por várias equipas sobretudo de Espanha, com a imprensa local a colocar o Valencia como principal interessado no jovem de 21 anos.

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Diogo Leite leva 826 minutos na equipa principal, tendo marcado um golo na receção ao Santa Clara a contar para a Taça da Liga

Romário Baró, 20 anos

Grande destaque na pré-temporada e no arranque da época, Romário Baró assumiu-se como titular do FC Porto depois de ter sido uma das principais figuras da equipa que fez história ao vencer a UEFA Youth League (e logo a seguir o Campeonato Sub-19) e foi um dos melhores na Luz, no triunfo no clássico frente ao Benfica da terceira jornada. Uma lesão em outubro afastou-o durante algum tempo da equipa e perdeu a seguir a embalagem que levava mas, entre Primeira Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga, qualificação da Champions e da Liga Europa, leva um total de 735 minutos em 18 jogos na temporada de estreia no conjunto principal. Descrito na imprensa de Espanha, onde tem pretendentes, como “um cavalo selvagem” que irá explodir a médio prazo, o médio ofensivo está também em negociações para renovar contrato. Resgatado ao Sporting na transição dos iniciados para os juvenis, com 15 anos acabados de fazer, é outra das grandes esperanças do clube.

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Romário Baró mostrou-se em grande plano na pré-temporada e foi titular no início da Liga, como no clássico com o FC Porto na Luz

Vítor Ferreira, 20 anos

Mais um campeão da UEFA Youth League e do Campeonato Nacional Sub-19 chamado por Sérgio Conceição ao plantel sénior e que, entre os 11 encontros e 284 minutos realizados (95 minutos em sete jogos da Primeira Liga), teve um papel importância numa altura em que o meio-campo dos azuis e brancos foi mesmo afetado por lesões e castigos. Nascido em Faro, filho do antigo jogador Vítor Manuel, Vítor Ferreira, ou Vitinha como também é tratado, cresceu na Vila das Aves (onde o pai jogou algumas temporadas), deu nas vistas no Pinheirinhos de Ringe, foi para a Casa do Benfica da Póvoa do Lanhoso tal como Diogo Costa, esteve na órbita do Sporting mas vinculou-se ao FC Porto ainda como infantil, fazendo depois toda a trajetória nos azuis e brancos. Apesar de ter jogada pouco, está a seguido por vários clubes europeus e poderá ser alvo de propostas no próximo mercado de transferências.

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João Mário, 20 anos

Foi o último campeão europeu júnior a estrear-se pela equipa principal e logo no jogo que valeu o título e num clássico frente ao Sporting. Deve ser uma das próximas renovações dos azuis e brancos, ficando a dúvida se irá permanecer no plantel para ser aposta mais frequente na equipa principal ou se será emprestado para rodar e ter mais minutos antes de regressar à casa mãe. Certo é que, aos 20 anos, é outra das apostas fortes dos azuis e brancos que só não teve mais minutos por estar “tapado” pelos outros alas à disposição de Sérgio Conceição.

João Mário tinha jogado apenas na Segunda Liga e na Premier League International Cup, fazendo a estreia no jogo do título

Fábio Vieira, 20 anos

Se Romário Baró e Fábio Silva foram os grandes destaques entre os mais novos no início da época e Vítor Ferreira recolheu os holofotes a meio da temporada, o ano acaba com Fábio Vieira a ser a principal cara entre os jovens que foram lançados por Sérgio Conceição, levando dois golos nos últimos dois encontros antes do clássico (de livre ao Belenenses SAD e de penálti ao Tondela) onde foi titular, apesar de ter 80 minutos até então no Campeonato (agora são 152). Nascido em Argoncilhe, em Santa Maria da Feira, fez toda a carreira nos dragões contando também com a prima Mara como treinadora, ganhou na última época a UEFA Youth League e tem mostrado argumentos que convencem o técnico portista, que tem especial gosto por jogadores com vontade de aprender mas com talento, irreverência e capacidade de arriscar. Encontra-se nesta altura a terminar as negociações para renovar contrato, com respetivo aumento salarial e da cláusula de rescisão, e está certo no plantel da próxima época.

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Fábio Silva, 17 anos

É o mais novo e por isso também a principal coqueluche da equipa, apesar de ter feito o trajeto de todos os outros companheiros que subiram da formação na UEFA Youth League e no Campeonato Nacional Sub-19. Filho do ex-jogador e campeão pelo Boavista Jorge Silva, o avançado tornou-se o mais novo de sempre a ser titular num jogo frente ao Santa Clara, o mais novo de sempre a participar num encontro a contar para as competições europeias e também o mais novo de sempre a marcar um golo nos seniores frente ao Coimbrões, na Taça de Portugal. No sentido inverso ao que fez João Félix, Fábio Silva, que começou no Nogueirense e no Gondomar, jogou dois anos no Benfica nos iniciados mas voltou ao FC Porto no primeiro ano de juvenil, em 2017, chegando em apenas três anos ao título europeu de juniores, ao Campeonato Sub-19 e, agora, à Primeira Liga. Realizou 20 encontros na época de estreia entre Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga Europa, num total de 529 minutos com três golos, e tornou-se o jogador com a maior cláusula de rescisão quando renovou em novembro: 125 milhões de euros.

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Fábio Silva, de 17 anos, tornou-se o mais novo titular de sempre, o mais novo a jogar nas provas europeias e o mais novo a marcar pelo FC Porto