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Taarabt, um bispo com duas torres sem rei nem roque (a crónica do Moreirense-Benfica)

Este artigo tem mais de 3 anos

Benfica foi melhor na primeira parte, perdeu-se no xadrez verde e branco do Moreirense entre erros individuais (e do VAR), fadiga e defesas de Pasinato, e cedeu de novo pontos em vantagem (1-1).

Taarabt foi um dos melhores do Benfica até quebrar também em termos físicos mas não conseguiu fazer a diferença para evitar novo deslize na Liga
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Taarabt foi um dos melhores do Benfica até quebrar também em termos físicos mas não conseguiu fazer a diferença para evitar novo deslize na Liga

Miguel Pereira

Taarabt foi um dos melhores do Benfica até quebrar também em termos físicos mas não conseguiu fazer a diferença para evitar novo deslize na Liga

Miguel Pereira

Duas vitórias seguidas, só há um mês. Três vitórias seguidas com dois jogos no Campeonato pelo meio, só há um mês e meio. E esse era o principal objetivo do Benfica, que tentou fazer do jogo com o Famalicão na Luz um ponto de viragem para o resto da temporada, seguindo-se novo triunfo para a Taça de Portugal frente ao Estoril. A análise era ainda precoce por serem apenas dois encontros mas os encarnados pareciam estar de regresso às contas. Mais sólidos, mais criativos, mais capazes, mais dominadores. Mais à imagem de Jesus, também ele “de volta”.

Benfica empata em Moreira de Cónegos, desce ao quarto lugar e pode ficar a 13 pontos da liderança

A conferência depois da vitória frente ao Famalicão deu um primeiro sinal de que aquele Jorge Jesus a que todos se habituaram tinha voltado, a conferência após o triunfo no Estoril confirmou essa mesma ideia – de tal forma que a rábula do anti-jogo com o ai ai ai ai ai ai ai das queixas ao mínimo toque saltou fronteiras e foi notícia não só no Brasil (onde tudo o que o treinador faz continua a ser notícia, acrescente-se) mas também em Espanha. E isso era também um sinal de como o técnico ia sentindo a equipa, agora quase sem baixas a não ser André Almeida e Jardel – Gilberto ficou agora de fora também pelo acumular de jogos depois do regresso – e com vários jogadores a terem outros índices físicos entretanto perdidos entre o surto de Covid-19 que assolou a equipa em dois meses.

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“O Moreirense vem de resultados positivos, só perdeu um jogo nos últimos cinco, e isso demonstra crescimento. Já é normal e habitual em Moreira de Cónegos qualquer jogo ser difícil mas estamos a melhorar e somos uma equipa com outra capacidade física, mais competitiva. Com mais intensidade, seja nos treinos, seja nos jogos. Acredito que vamos ter uma equipa do Benfica dentro daquilo que mostrou com o Estoril, mais agressiva e com mais velocidade nas tarefas defensivas e ofensivas”, destacou o treinador dos encarnados, relativizando o facto de ter averbado a primeira derrota na Liga frente a Vasco Seabra quando o técnico orientava o Boavista: “Era um adversário diferente, os jogadores são diferentes, tudo é diferente. O Benfica joga em função do seu sistema mas posicionalmente em função de como as equipas defendem. Pode mudar a estratégia de jogo mas só mudar o jogador A ou B porque o adversário joga com uma linha de cinco, isso o Benfica não vai mudar nada”.

Era neste contexto que o Benfica entrava em Moreira de Cónegos. E, ao longo de 45 minutos, essa continuidade no rendimento ficou bem patente, com um golo, algumas oportunidades e o domínio completo do jogo. Ainda assim, uma grande penalidade demasiado consentida por Grimaldo acabou por levar o encontro empatado para intervalo. Depois, a equipa jogou menos, as mexidas posicionais dos encarnados não trouxeram nada de novo e perdeu mais dois pontos. Dentro de um estilo que às vezes não é o mais bonito mas que tem muita qualidade, Taarabt voltou a ser o melhor no tabuleiro de xadrez verde e branco do Moreirense, quase como um bispo que consegue arriscar no passe vertical e joga nas diagonais. E as duas torres recuadas, Otamendi e Vertonghen, mostraram que estão bem mais consistentes nesta fase da época. Depois, houve demasiados peões e a falta de um rei para o xeque-mate.

Ficha de jogo

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Moreirense-Benfica, 1-1

19.ª jornada da Primeira Liga

Parque Desportivo Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos

Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto)

Moreirense: Mateus Pasinato; D’Alberto, Ferraresi, Abdoulaye, Rosic, Abdu Conté; Filipe Soares, Fábio Pacheco; Yan Matheus (Rafael Martins, 53’), Lucas Silva (Derik, 81′) e Walterson (David Simão, 65′)

Suplentes não utilizados: Miguel, Ibrahima, André Luís, Afonso Figueiredo, Reynaldo e Galego

Treinador: Vasco Seabra

Benfica: Helton Leite; Diogo Gonçalves, Otamendi, Vertonghen, Grimaldo; Weigl (Pizzi, 67′), Taarabt; Rafa (Waldschmidt, 76′), Everton (Pedrinho, 76′); Seferovic e Darwin Núñez

Suplentes não utilizados: Vlachodimos, João Ferreira, Lucas Veríssimo, Gabriel, Cervi e Chiquinho

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Seferovic (25′) e Yan Matheus (40′, g.p.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Grimaldo (38′), Abdoulaye (58’), Weigl (64′), Fábio Pacheco (70′) e Otamendi (73′)

Com um novo meio-campo em relação ao jogo com o Estoril tendo Weigl e Taarabt em vez de Gabriel e Pizzi e uma aposta em duas referências na frente prescindindo de Pedrinho para a entrada de Seferovic, o Benfica não demorou a mostrar ao que vinha, criando uma primeira situação ainda no primeiro minuto com Taarabt a servir Seferovic para um remate perigoso num lance que seria anulado por posição irregular do suíço e mais uma boa ocasião em novo envolvimento coletivo que terminou com assistência de Taarabt para remate de primeira de Darwin Núñez, travado de forma segura por Pasinato (5′). Helton Leite, a grande novidade nas opções iniciais fazendo a estreia na Primeira Liga, era um mero espectador do encontro, perante as boas zonas de pressão dos encarnados, não só na reação à perda da bola mas também na capacidade de organização a bloquear as saídas do Moreirense.

Durante alguns minutos, os visitados conseguiram ter outra segurança na posse e ganharam metros com bola mas o Benfica continuava a controlar por completo o jogo e à procura de novas soluções para furar a muralha defensiva dos cónegos. Na primeira, e em vez de sair pelos corredores laterais, Otamendi progrediu com bola, viu bem a diagonal feita por Rafa na zona de Abdoulaye mas o remate do internacional português, isolado na área, saiu ao lado (21′). Pouco depois, Taarabt ganhou bem uma bola ainda no meio-campo do Moreirense, deixou Fábio Pacheco para trás com uma fantástica finta e assistiu Seferovic para o remate cruzado com pouco ângulo que bateu no poste da baliza de Pasinato e entrou mesmo, inaugurando o marcador em Moreira de Cónegos (25′).

O Benfica estava melhor em campo. Mais do que isso, o Benfica estava confortável em campo. A saber explorar a profundidade, a sair em transição, a variar o centro de jogo, tendo Taarabt como principal intérprete da melhor versão dos encarnados com e sem bola. E Darwin arriscou materializar ainda mais esse domínio, com um remate de fora da área em jeito que saiu muito perto do poste da baliza de Pasinato (29′). No entanto, e aos poucos, os cónegos foram começando a diversificar a saída, percebendo que o corredor central estava demasiado “tapado” com os movimentos fora-dentro de Rafa e Everton também sem posse. E foi nas laterais, sobretudo pelo lado esquerdo, que o Moreirense encontrou a chave para reabrir a porta do jogo: Walterson saiu do meio para a direita do ataque, teve uma grande finta sobre Grimaldo, sofreu falta e Yan Matheus empatou de penálti (40′), poucos minutos antes de Darwin ter ficado a pedir também falta na área num lance com Ferraresi que não foi sancionado.

No segundo tempo, e mantendo as mesmas opções, o Benfica demorou alguns minutos a reentrar no jogo mas quando o fez demonstrou uma nova faceta, com mais jogo carrilado pelas laterais (sobretudo na direita com Diogo Gonçalves bem mais envolvido nas ações ofensivas) e um estilo mais direto na procura do golo através de cruzamentos que favorecia a forma de defender do Moreirense, com três centrais de elevada estatura física que iam dando conta do recado apesar da maior pressão das águias, que inverteram sem resultados práticos o posicionamento dos dois homens mais adiantados tendo Darwin Núñez na direita e Seferovic a cair na esquerda.

Depois, os dois lances que marcaram o encontro, ambos na área do Moreirense. Com Weigl, numa jogada após um canto com Filipe Soares, Manuel Oliveira começou por assinalar grande penalidade por indicação do assistente, foi depois alertado pelo VAR de alguma situação, quis ver as imagens no monitor em campo e acabou por voltar atrás na decisão exibindo o cartão amarelo ao alemão (que seria pouco depois substituído por Pizzi). Com Vertonghen, num lance onde o belga foi atingido com o braço por Rosic, nem Manuel Oliveira assinalou falta, nem o VAR deu indicações nesse sentido, sendo que poucos minutos depois foi assinalada uma falta no meio-campo das águias com contornos muito semelhantes em que Taarabt atingiu um adversário, numa situação onde foi percetível que o banco dos encarnados protestou a dualidade de critério na análise. Os minutos passavam e o Benfica perdia-se em campo, começando a revelar alguma ansiedade perante a incapacidade de voltar para a frente do jogo.

A 15 minutos do final, naquela que foi a última cartada de Jesus, Pedrinho e Luca Waldschmidt foram lançados em campo no lugar dos alas Rafa e Everton. E o alemão não demorou a mexer com o jogo, ocupando muito bem todos os espaços entre linhas existentes para criar desequilíbrios e fazer nascer oportunidades de golo, a mais flagrante após um cruzamento na direita em arco para o cabeceamento de Darwin Núñez e uma grande defesa de Pasinato (79′). Pizzi, nos descontos, ainda teria mais uma boa oportunidade num remate desviado para canto mas houve em paralelo uma quebra física notória quando o Benfica mais queria encostar o adversário, permitindo que o jogo se partisse e dando até espaços para o Moreirense ter algumas saídas com perigo. O empate não voltaria a mexer e, quando menos se esperava pelo contexto e pela primeira parte, o Benfica voltou a perder pontos.

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