Era suposto formar estudantes vindos das colónias para a metrópole e incutir-lhes o espírito do regime de Salazar, mas a Casa dos Estudantes do Império em Lisboa foi antes o berço dos movimentos de libertação e das lideranças de muitos países africanos no pós-25 de Abril. Esta casa de ideais e liberdade faz em 2014 70 anos e vai ser comemorada com um conjunto de iniciativas que prestam homenagem aos homens e mulheres que voltaram aos seus países para ajudar a construir um futuro de independência.

A Casa dos Estudantes do Império (CEI) foi criada em 1944 e serviu de residência a estudantes vindos das colónias até 1965, altura em que a casa foi encerrada por ordem do regime depois de uma fuga clandestina de 120 estudantes para os seus países de origem para se juntarem aos movimentos de libertação que combatiam as forças portuguesas na Guerra do Ultramar. Entre os jovens que passaram pela CEI estão Agostinho Neto (líder do MPLA e presidente de Angola), Amílcar Cabral (fundador do PAIGC), Joaquim Chissano (ex-presidente de Moçambique) ou Pedro Pires (ex-presidente de Cabo Verde).

A homenagem vai começar a 28 de Outubro de 2014 com uma sessão solene de abertura na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Coimbra com intervenções de ex-associados da CEI como os escritores Pepetela, Luandino Vieira, Rui Mingas, Óscar Mascarenhas, Onésimo Silveira, Jorge Querido e Manuel Rui Monteiro. A partir de outubro serão divulgadas as reedições das Antologias de Poesia da CEI (Angola, Moçambique e S. Tomé e Príncipe) e o número especial da Mensagem.

As comemorações vão estender-se até maio de 2015 com vários eventos e vão culminar num Colóquio Internacional sobre a CEI, nos dias 22 e 23 de maio, na Fundação Calouste Gulbenkian. Haverá aí uma homenagem aos ex-alunos da CEI que exerceram funções como primeiros-ministros ou Presidentes da República – Joaquim Chissano, Pascoal Mocumbi, Mário Machungo, França Van Dunem, Miguel Trovoada, Manuel Pinto da Costa e Pedro Pires.

A iniciativa tem o apoio institucional expresso da CPLP, dos embaixadores dos países africanos lusófonos acreditados em Portugal, do governo português e do Instituto Camões.

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