Já não bastava a parteira, o obstetra, o pediatra, o anestesista e o pai da criança. Agora, todos estes podem vir acompanhados da mãe e do pai da grávida, dos sogros e dos amigos. É o fim do parto como se conhece, onde o pai desmaiava ou ficava a roer as unhas na sala de espera.

Segundo uma pesquisa feita junto de 2000 mulheres pelo site de blogging de vídeo Channel Mum, cada vez mais mães estão a convidar várias pessoas para assistirem ao parto. Sendo que há mães adolescentes ou com 20 anos que chegam a convidar oito pessoas — sim, leu bem –, para assistir à vinda ao mundo do seu rebento.

Depois do parceiro e da mãe, as sogras aparecem como sendo das apoiantes mais populares na sala de parto. Apenas uma em cada 25 mulheres escolhem o seu pai para estar presente.

Além da claque na sala de parto, o nascimento da criança está cada vez mais público. Resultados da pesquisa mostram que praticamente 25% das mães partilham a experiência nas redes sociais.

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Siobhan Freegard, fundador do Channel Mum disse ao The Telegraph que se “a nova geração está habituada a partilhar todos os aspetos da sua vida, então porque não o parto? Muitas mulheres defendem que é a sua maior realização na vida e por isso querem partilhá-la com as pessoas que lhes são mais próximas”, acrescentando que “o fenómeno do crowd-birthing pode não ser para toda a gente, mas estar presente num parto é uma honra e um privilégio que une amigos e família como nenhum outro acontecimento”.

No entanto, esta moda dos partos com muita gente também tem o seu lado menos bom. Por exemplo, muitas mulheres sentem-se pressionadas a não recorrer à epidural por medo de serem julgadas por quem assiste ao parto.

Uma em cinco mulheres disse que no caso de optar por uma cesariana sentiria que tinha falhado no ato de dar à luz. Três em cinco mulheres acreditam que à medida que os partos se tornam mais sociais, também se tornam mais competitivos e 15% das mulheres admitiu sentir pressão devido às declarações de celebridades cujo parto foi um passeio no parque — a modelo brasileira Gisele Bündchen disse recentemente que dar à luz não doía.

O aumento do número de pessoas que podem estar numa sala de parto nos hospitais ingleses contrasta com o que era permitido algumas décadas atrás e contrasta, também, com a realidade portuguesa. O Observador contactou a Maternidade Alfredo da Costa, o Hospital de São Francisco Xavier, o Hospital da Luz e a CUF Infante Santo e de todos obteve a mesma resposta: só uma pessoa pode assistir ao parto. A pessoa escolhida fica a cargo da utente, podendo ser o pai da criança, a mãe ou até um amigo.