Uma figura de um homem com mais de 12 metros de altura, construída em madeira, a ser queimada perante milhares de pessoas. É esta uma das principais atracções do festival Burning Man, que decorre entre 30 de Agosto e 7 de Setembro. O festival, que começou com um grupo de amigos em 1986 numa praia de São Francisco, foi sempre uma celebração contra-cultural, onde a partilha e auto-subsistência são promovidas pelos organizadores.

Cada um era encorajado a levar o que precisava para uma semana, assim como tudo aquilo que quisesse partilhar com os outros, e as comunicações com o exterior eram impossíveis pela falta de rede ou Internet no local.

Tudo isto, porém, tem vindo a mudar. As mudanças devem-se à presença no festival de magnatas de Silicon Valley, entre os quais o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin. Segundo um relato de um dos participantes ao New York Times, este grupo de milionários instalou o seu próprio acampamento no festival (com um custo de cerca de 22 mil euros por pessoa), com tendas luxuosas, ar condicionado, internet móvel, camas cómodas e casas de banho portáteis.

O Burning Man tem assim, para muitos, perdido a identidade que o demarcava. Brian Doherty, o autor do livro “Isto é o Burning Man”, disse ao New York Times que o sentimento que existe é de que “os ricos se mudaram para o (seu) bairro”. Mas nem isso demove os entusiastas: mesmo sem a identidade do passado, a organização do festival vendeu este ano, em apenas uma hora, os 70.000 bilhetes que colocou à venda, cada um com um custo próximo dos 350 euros.

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