Foram encontrados três corpos das vítimas do naufrágio do arrastão Oliva Ribau, que naufragou na barra da Figueira da Foz na terça-feira por volta das 19h15 e que tem gerado muitas críticas e revolta por parte da população. As vítimas estavam dentro da embarcação, segundo avançou o porta-voz da Autoridade Marítima  Nuno Leitão.

Na Póvoa do Varzim, o presidente da Cooperativa de Produtores de Peixe do Centro Litoral, António Lé, não teve dúvidas: “houve falhas por parte das autoridades”, é preciso “apurar verdades”e garantir “que jamais volta a acontecer o que aconteceu na Figueira da Foz”.

“O que é certo é que após o naufrágio eu fui testemunha de que hora e meia depois não houve qualquer operação de socorro no Porto da Figueira da Foz. Isto tem de ser dito. O que estão a passar para a opinião pública não corresponde em nada à verdade. Qual foi a prontidão dos meios de socorro na Figueira da Foz? Não houve. Não houve. Foi vencê-los por desespero”, disse António Lé.

Com duras críticas à atuação das autoridades, o presidente diz que “se podia ter salvo uma vida, mas deixou-se morrer uma pessoa” e que é o terceiro ano consecutivo que acontecem acidentes deste tipo na barra da Figueira da Foz. O responsável não hesita em dizer que o “principal culpado, que se deve indagar é o conjunto de obras que foram feitas no prolongamento do molhe norte” da Figueira da Foz.

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“Criaram-nos um problema, a nós e às autoridades, por parte da Administração Portuária, e eles continuam completamente autistas e foram os únicos que não deram a cara. Não encontraram uma solução para a barra da Figueira da Foz e as nossas autoridades têm de pôr fim a isto“, disse, acrescentando que os pescadores só querem trabalhar, gerir riqueza e ser uma mais-valia para o país.

Continuam desaparecidos dois pescadores, na sequência do naufrágio que deixou as populações da Figueira da Foz revoltada. Na quarta-feira à noite, foi organizada uma vigília à frente da Capitania da cidade, que envolveu dezenas de pessoas. Os figueirenses exigem um pedido de desculpas pelos atrasos que dizem ter existido na operação de socorro, apesar de a Autoridade Marítima negar que tal tenha acontecido.

O porta-voz Nuno Leitão tem dito à comunicação social que as artes de pesca (redes) que estavam submersas junto ao arrastão impossibilitavam que os meios marítimos se aproximassem, justificando por isso a utilização de uma mota de água e de um helicóptero, que chegou perto das 21h ao local. Também foi referido que o facto de os pescadores estarem sem colete

A população, associações do setor e sindicato dos trabalhadores de Lisboa têm referido que há um barco salva-vidas do Instituto de Socorro a Náufragos (ISN) parado há duas ou três semanas, sem condições de operar, mas Nuno Leitão tem negado que tenha sido esse o motivo que impediu o barco de sair. A Câmara da Figueira da Foz decretou três dias de luto municipal.

Os mergulhadores continuam a procurar dois corpos que ainda estão desaparecidos. O naufrágio provocou três mortos, mas houve um agente da Polícia Marítima que conseguiu salvar dois pescadores, de moto de água, sem luzes.