Os líderes europeus chegaram na noite de quinta-feira a um acordo que procura travar a crise dos refugiados do Médio Oriente. O plano acordado inclui um pacote financeiro para a Turquia que deverá ser usado para que o país possa equipar as suas fronteiras e controlar a entrada dos migrantes. Mas Ancara fez exigências de maior integração europeia e obteve, com a benção de Merkel, a garantia de que serão “re-energizadas” as negociações para a entrada da Turquia na União Europeia.

“Esta noite os líderes tomaram algumas decisões importantes que vão ajudar a assegurar as fronteiras externas da União Europeia”, afirmou Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, que mostrou ter um “otimismo cauteloso” quando aos resultados do encontro de líderes europeus.

Para já, para a Turquia foram apenas prometidos 500 milhões de euros do Orçamento comunitário mas a Turquia, pela voz do seu presidente Recep Tayyip Erdogan, exige três mil milhões de euros para financiar um “plano de ação” contra os refugiados. E Erdogan não se fica por aí: além dessa quantia financeira, quer desbloquear cinco capítulos das negociações europeias com a Turquia com vista à integração e, ainda, quer que cerca de 75 milhões de turcos deixem de necessitar de visto para entrar no Espaço Schengen.

Fontes citadas pelo Financial Times confirmam que estas exigências, incluindo os três mil milhões de euros, “tiveram um papel” na discussão que houve na cimeira. E Merkel parece ver essa hipótese com bons olhos: “No futuro temos de ser mais audazes na partilha de encargos se considerarmos que, de facto, a Turquia foi deixada, no passado, entregue a si própria”, afirmou a chanceler alemã, acrescentando que “se admitirmos que a Turquia gastou, realmente, sete mil milhões de euros nos últimos anos, então acredito que a União Europeia deve arcar com uma soma comparável”.

O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, comentou este acordo dizendo que é “natural que Turquia e a UE procurem uma cooperação que é mutuamente vantajosa”. O chefe do executivo português admitiu que a Turquia procure suscitar “novos capítulos da negociação” da sua eventual entrada para a UE. “Mas não me parece como uma moeda de troca”, resumiu o primeiro-ministro, que achou natural que as duas partes apresentem o que lhes pode ser vantajoso.

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