A entrada em funcionamento do Netflix em Portugal, a partir de quarta-feira, integra-se numa “tendência irreversível de ver televisão de forma não linear”, afirmou à agência Lusa o investigador Francisco Rui Cádima, da Universidade Nova de Lisboa.

O serviço pago de televisão pela Internet da empresa norte-americana Netflix começa a funcionar na quarta-feira, em Portugal, disponibilizando milhares de horas de séries e filmes para visionamento em suportes com ligação à Internet, seja um computador ou um telemóvel, mediante o pagamento de uma mensalidade.

Para Francisco Rui Cádima, a televisão tradicional desaparecerá dentro de 15 a 20 anos, precisamente por causa das mudanças de consumo audiovisual por parte das populações mais jovens.

“As camadas mais jovens perderam o hábito de ver televisão em direto”, sublinha o investigador. Além disso, o aparecimento destes serviços de televisão pela Internet é também “mais uma machadada no progressivo declínio” da exibição de cinema.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O cinema irá perdurar numa lógica de nicho, para quem tem prazer em ver cinema em ecrã grande”, opinou.

O Netflix, um dos maiores serviços mundiais de streaming de conteúdos de entretenimento (visualização sem necessidade de descarregamento), está presente em mais de 50 países e conta com mais de 69 milhões de utilizadores.

Em comunicado, a empresa norte-americana afirma que, com este tipo de serviço, os consumidores decidem “como, onde e quando podem usufruir da sua programação de entretenimento”.

“Os assinantes podem ver, fazer pausas e retomar a visualização de séries e filmes em vários dispositivos, sem publicidade”, afirma. Em Portugal, toda a programação será traduzida e legendada em português.

Para Francisco Rui Cádima, “o consumidor hoje não pode ser entendido como um espectador passivo. A tendência é de transformação num navegador ativo, um utilizador produtor com acesso a vários interfaces: vê televisão, manda mensagens, vê o email“.

De acordo com os dados mais recentes da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), no final do segundo trimestre de 2015 “o número de acessos fixos à Internet em Portugal atingiu os três milhões”.

Em Portugal, em cada 100 famílias, 61,5 tinham serviço de banda larga fixa em casa, durante aquele período, segundo a ANACOM.