787kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

A formiga Rui Barros no baeta, Il Regista elogiado por Pavarotti e Gigli preso na casa de banho: os portugueses na Juve

Começou com Rui Barros, na década de 80, seguido do campeão europeu Paulo Sousa e Dimas, nos anos 90. Depois, vieram Jorge Andrade e Tiago, com passagens menos felizes. Pelo meio, Areias fez um jogo.

    Índice

    Índice

No dia em que Cristiano Ronaldo é oficialmente apresentado como o sétimo português a assinar pela Juventus, o Observador explica-lhe como foi a passagem do contingente nacional que abriu as portas de Turim para a chegada do melhor jogador do mundo. Pondo de parte João Cancelo, contratado dias antes de CR7, sem tempo ainda para escrever o seu capítulo, trazemos-lhe as histórias dos cinco jogadores que assinaram pela Vecchia Signora antes de Cristiano Ronaldo, três deles saindo de Turim com o scudetto na mala. E há ainda o curioso pormenor de Areias, o lateral esquerdo que integrou o plantel da Juventus durante 48 horas, tendo mesmo chegado a realizar um encontro particular.

Rui Barros. Do cabelo cortado no primeiro dia ao batismo dos tiffosi

Para contar a história de um português em Turim, é preciso recuar 30 anos. Bem longe, naquele verão de 1988 em que um pequeno gigante brilhou no FC Porto e deixou a Europa rendida ao seu talento. Corpo franzino, menos de 1,60 metros, ajudou os dragões de Tomislav Ivic a fazer a dobradinha numa época em que o FC Porto conquistou a Supertaça e a Taça Intercontinental, em Tóquio, para além do Campeonato e da Taça. Meio avançado, meio criativo, Rui Barros era dono de uma mobilidade fora do comum e levou a Juventus a gastar aquilo a que a imprensa italiana da altura chamou de “um camião cheio de liras” para o levar até ao Delle Alpi. Foram 630 mil contos, para ser mais específico, algo como 3,15 milhões de euros (muito dinheiro há três décadas), desembolsados pela Vecchia Signora pelo passe do número oito azul e branco e um salário a rondar os 80 mil contos. Uma transferência que deixou o plantel do FC Porto surpreso.

“Quando me disseram que era a Juventus, nem queria acreditar. Eram esses os valores do salário. Nem quis saber do valor da transferência. Por mim, estava bem. No dia seguinte, peguei na saca de plástico com as botas e os meus companheiros não acreditavam. O João Pinto dizia: ‘Anda treinar, não brinques’“, contou Rui Barros, em declarações ao Porto Canal.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

"Cheguei à Juventus, acordei tudo e pediram-me para cortar o cabelo antes de falar com os jornalistas. Assim foi. Não gostei nada de me ver, mas assim foi", explica Rui Barros.

Se à saída das Antas a transferência de Rui Barros surpreendeu tudo e todos, à chegada a Turim era Il Picollo Gigante – como lhe apelidou a imprensa italiana – quem estava prestes a ter uma surpresa. “Naquela viagem de avião até Turim estava assustado, com medo de falhar. Pensei em tudo o que podia acontecer. Cheguei à Juventus, acordei tudo e pediram-me para cortar o cabelo antes de falar com os jornalistas. Assim foi. Não gostei nada de me ver, mas assim foi“, explica o agora treinador da equipa B do FC Porto.

Em Itália, comprou dois carros, investiu em terrenos na zona de Paredes, de onde é natural, e ganhou o coração dos tiffosi, que o rebatizaram com a alcunha que o acompanhou daí para a frente: a formiga atómica. Foi estrela no meio de uma constelação que contava com nomes como Maradona, Ruud Gullit, Marco Van Basten, Frank Rijkaard, Michael Laudrup, Rudi Völler ou Lothar Matthäus, numa Serie A que atravessava os seus tempos áureos. A nível interno apenas levantou uma Taça de Itália, conquistando uma Taça UEFA, pouco depois de ter feito um seguro às suas pernas, no valor de 150 mil contos. Na primeira época, conseguiu bisar por quatro vezes. Na segunda, fê-lo por uma vez, frente ao AC Milan, numa vitória por 3-0.

Dois anos depois de uma chegada que bloqueava a Via Filadelfia com cerca cinco mil tiffosi, deixaria a Juventus com destino ao Mónaco. Em Turim, Rui Barros deixava o cabelo cortado nos primeiros tempos, 19 golos apontados em 95 partidas e o coração de milhares de adeptos que com e por ele vibraram; de lá saiu com duas conquistas, o título de primeiro português a aventurar-se na gigante Vecchia Signora e uma alcunha que quase substituiu o nome: formiga atómica.

[Veja ou reveja os melhores golos de Rui Barros ao serviço da Juventus]

Paulo Sousa. Il regista que conseguiu deixar Pavarotti rendido

A bandeira portuguesa não constava do plantel da Juventus há quatro anos, quando, saído do Sporting, chega a Turim um médio de elevado requinte. Numa altura em que a Vecchia Signora sofria algumas alterações, desde logo com a contratação de Marcelo Lippi para o lugar de Giovanni Trappatoni no cargo técnico, e com as entradas de jogadores como Didier Deschamps (campeão do Mundo com a França enquanto jogador e treinador), Alessio Tacchinardi ou Ciro Ferrara, Paulo Sousa chegou aos bianconeros como a estrela mais cara da companhia.

Ao lado de nomes como Antonio Conte, Giancarlo Marocchi e Angelo Di Livio construiu um meio campo temível. Rapidamente ganhou o estatuto de incontestável e tornou-se num dos preferidos dos adeptos. Alguns, bem conhecidos. “Quem constrói uma orquestra não pode começar pelo primeiro violino ou trombone. Deve começar pelo diretor. Contratando Paulo Sousa, a Juventus assegurou um jogador de grande personalidade, com condições para levar a equipa pela mão e fazê-la amadurecer”, afirmou o tenor italiano e confesso adepto da formação de Turim, Luciano Pavarotti. E assim ficaria conhecido Paulo Sousa por terras italianas: Il Regista(em português, o diretor).

"Quem constrói uma orquestra não pode começar pelo primeiro violino ou trombone. Deve começar pelo diretor. Contratando Paulo Sousa, a Juventus assegurou um jogador de grande personalidade, com condições para levar a equipa pela mão e fazê-la amadurecer", afirmou o tenor Luciano Pavarotti.

O português jogou e fez jogar. Apontou dois golos em 79 partidas e combinou na perfeição com uma frente de ataque que contava com nomes como Alessando Del Piero, Roberto Baggio, Gianluca Vialli ou Gabrizio Ravanelli. A primeira época trouxe a Paulo Sousa reconhecimento: foi considerado o melhor estrangeiro a jogar na Serie A e conquistou um Campeonato e uma Taça de Itália, tendo perdido na final da Taça UEFA para o Parma de Fernando Couto e do ex-Juventus Dino Baggio.

Foi já na temporada 1995/96, a segunda e última do português na Juventus, que Paulo Sousa dirigiu a orquestra de Turim até a um desejado título europeu. A Vecchia Signora chegava ao Olímpico de Roma para jogar a final da Liga dos Campeões contra o Ajax de Louis Van Gaal e de lá sairia com o segundo título europeu da sua história, o último até ao momento. O triunfo só chegaria nas grandes penalidades, mas o camisola 6 bianconero foi preponderante na caminhada europeia da formação de Turim, antes de uma série de lesões no joelho o levarem a mudar de ares para Dortmund. Aí, no Borussia, viria a fazer o que só o Real Madrid de Ronaldo conseguiu fazer no formato atual da Liga dos Campeões: ser bicampeão europeu. 

Hoje, Paulo Sousa é treinador do clube chinês Tianjin Quanjian, depois de uma passagem pela Fiorentina onde deixou boas indicações e chegou a ver o seu nome falado para o banco da… Juventus.

Paulo Sousa num empate a zero com o Inter, em San Siro, na primeira época do português em Turim (Créditos: ALLSPORT)

Getty Images

Dimas. A máquina de café que limpou dois scudettos

Depois de FC Porto e Sporting venderem as suas joias à Juventus, também o Benfica fez negócio com a formação de Turim e para lá enviou uma máquina de café. Pelo menos, assim pensava o técnico Marcelo Lippi, quando questionado pela primeira vez sobre o lateral esquerdo que se preparava para trocar a Luz pelo Delle Alpi. “Dimas? Isso é alguma marca de máquina de café?”, atirou o italiano à porta do centro de estágios da Juventus, três dias antes de Dimas ser apresentado no conjunto bianconero.

Dimas, que nasceu em Joanesburgo, na África do Sul, até é o lateral esquerdo mais internacional de sempre pela seleção de Portugal. Com 44 internacionalizações (Hilário, defesa esquerdo dos Magriços, contabilizou 40), chegou a Turim no ano em que Paulo Sousa saiu para a Alemanha e conquistou o seu espaço na formação de Lippi. Estreou-se em dezembro de 1996 numa vitória por 1-0 sobre o Bolonha, com um golo de Zidane. Ao lado de jogadores como Ferrara, Deschamps, Jugovic, Vieri, Del Piero, Peruzzi ou Zidane, o português conquista dois scudettos. Depois de uma primeira época onde realizou 17 partidas, Dimas jogou 29 encontros na segunda e última época em Itália, despedindo-se de Turim com um bicampeonato. 

"No meu tempo a nossa equipa tinha jogadores que eram os melhores do mundo. Não foram apenas Cristiano Ronaldo ou Messi que provaram ser de outro planeta. Se a Juventus tivesse um desses jogadores, talvez tivesse uma hipótese de ganhar a Liga dos Campeões", afirma o lateral esquerdo com mais internacionalizações pela Seleção Nacional.

Já em Abril de 2018, numa altura em que Juventus e Real Madrid se defrontavam nas meias finais da Liga dos Campeões (o conjunto merengue venceu no conjunto da eliminatória por 4-3), Dimas foi convidado a falar pelo site de apoio à equipa da Juventus, ilbianconero.com. O lateral esquerdo abordou a força da equipa de Turim nas provas nacionais e internacionais, com um apontamento curioso à luz da recente chegada de Cristiano Ronaldo ao Allianz Stadium.

A Juventus será sempre a melhor equipa nas competições nacionais, mas para a Europa é preciso fazer algo de diferente. Estou convencido de que a Juventus tem alguns jogadores fantásticos, mas, na Europa, atualmente existem três ou quatro equipas com melhor qualidade e tradição nesta competição”, explicou Dimas, terminando com o que pode ser funcionar como uma espécie de desafio para CR7: “Passaram 20 anos desde que joguei nos bianconeri, no meu tempo a nossa equipa tinha jogadores que eram os melhores do mundo. Não foram apenas Cristiano Ronaldo ou Messi que provaram ser de outro planeta. Se a Juventus tivesse um desses jogadores, talvez tivesse uma hipótese de ganhar a Liga dos Campeões”. Cristiano Ronaldo è arrivato a Torino; o mundo espera para ver onde chegará a Juventus na principal prova europeia, que escapa à Vecchia Signora desde a conquista de 1996, com Paulo Sousa.

Dimas chegou a Turim como marca de máquina de café e saiu bicampeão italiano (Créditos: Allsport)

Getty Images

Jorge Andrade. Dos beijinhos de Buffon à mágoa de abandonar por lesão

Depois de um ano na Serie B, a Segunda Divisão italiana, devido a castigo aplicado na sequência do escândalo de corrupção que abalou o futebol italiano (o Calciocaos), a Juventus regressava, em 2007, ao principal escalão transalpino e procurava reforçar-se. Ao clube, treinado por Claudio Ranieiri, chegavam nomes como Vincenzo Iaquinta, em destaque na época anterior ao serviço da Udinese; Salihamidzic, bósnio ex-Bayern Munique; o português Tiago (já lá iremos); Nocerino; Molinaro; o defesa checo Grygera; ou o português Jorge Andrade.

A passagem do central que brilhou ao serviço do FC Porto, antes de se transferir para o Deportivo da Corunha, onde deu nas vistas e chamou a atenção dos responsáveis italianos tinha tudo para ser proveitosa mas a sorte de Jorge Andrade não seria a melhor e a sua história em Turim tem mais episódios fora dos relvados do que dentro das quatro linhas: o defesa fez apenas cinco jogos com a camisola da Vecchia Signora vestida. 

Para se perceber o que arruinou a passagem de Jorge Andrade pela Juventus é preciso recuar ao tempo em que ainda jogava em Espanha. No Corunha, teve uma lesão que lhe viria a mudar a vida. “Para termos mais ou menos uma noção, o Cristiano Ronaldo teve uma tendinite rotuliana no Mundial do Brasil e comigo foi a mesma situação, só que a minha não foi bem curada e tive uma rotura total do tendão rotuliano, que depois me precipitou para várias lesões seguintes”, explicou o português, em entrevista ao Expresso, admitindo uma pequena superstição desde então: “A minha mãe deu-me um crucifixo e durante algum tempo tive-o perdido, esquecido num fato de treino do FC Porto. Sempre que tive o crucifixo nunca me lesionei e quando estive uns anos sem o ter, lesionei-me. Hoje em dia ando sempre com ele e parece que as coisas ficam mais leves”.

"Todos os dias era carinhosamente confortado pelos meus companheiros, tanto pelo Del Piero como pelo Buffon. Eu chegava ao estádio às sete da manhã e eles, que chegavam por volta das nove, antes de irem para o treino, sabiam que eu estava na piscina e iam dar-me um beijinho e dizer 'força, não desanimes'", partilha Jorge Andrade. 

Chegado a Turim, Jorge Andrade começa a época como titular. Faz os 90 minutos nas vitórias frente a Livorno, Parma e Cagliari e joga também todo o encontro na derrota caseira frente à Udinese. À quinta jornada, na deslocação ao Olímpico de Roma, o azar bateu-lhe à porta e nunca mais o abandonou: nova lesão no joelho. “Foi consequência da primeira operação. Tinha uns problemas na rótula e depois parti a rótula duas vezes, fiz várias recuperações. Foi complicado”, confessou Jorge Andrade, que contou ainda o processo pelo qual teve de passar: “Sofri muito com as várias operações. Quando parti a rótula fiquei imobilizado muito tempo e não conseguia dobrar o joelho. Para voltar a dobrar o joelho o fisioterapeuta tinha que me mobilizar todos os dias e para ganhar amplitude, para ganhar ângulo, para correr, andar, depois de estar muito tempo parado, as dores são horríveis”.

No meio de tudo isto, Jorge Andrade descobriu que há grande estrelas dentro dos relvados que também brilham fora das quatro linhas. “Todos os dias era carinhosamente confortado pelos meus companheiros, tanto pelo Del Piero como pelo Buffon. Eu chegava ao estádio às sete da manhã e eles, que chegavam por volta das nove. Antes de irem para o treino, sabiam que eu estava na piscina e iam dar-me um beijinho e dizer ‘força, não desanimes’. Era espetacular. E o Tiago também”, partilhou Jorge Andrade, na mesma entrevista.

A Juventus e o português viriam a rescindir contrato a 8 de abril de 2009, quatro dias depois do 31.º aniversário de Jorge Andrade. Apesar da prenda “envenenada”, o defesa é o primeiro a reconhecer o lado positivo da passagem por Itália, não deixando de pensar no que voltaria a fazer caso pudesse voltar atrás. “Adorei, embora sem jogar muito por causa da lesão, mas adorei porque encontrei um grupo de jogadores que venceram tudo em Itália e alguns ainda continuam a jogar. Mas analisando friamente, para a minha carreira, se calhar teria sido melhor continuar na Corunha porque não havia mudança de país e na Juventus foi tudo muito precipitado”, conta, concluindo: “Na altura as leis em Itália defendiam o clube e não há seguro que proteja o jogador, o que precipitou a rescisão. Foi amigável, mas foi uma rescisão que fez com que a minha carreira também parasse um pouco em termos de contrato e depois com muitas recuperações perdi o timing para poder voltar. Mágoa? Sim, de acabar a carreira sem jogar

A passagem de Jorge Andrade por Turim foi marcada por dor e sofrimento. O central português viria a terminar a carreira pouco depois de sair da Juventus (Créditos: Getty Images)

Getty Images

Tiago. Chegou, viu, não venceu mas quis ficar na mesma

Tal como Jorge Andrade, também Tiago chegou a Turim em 2007 para ajudar a Juventus a atacar o título da Serie A, depois de uma breve passagem pela Segunda Divisão italiana. Vindo do Lyon, onde tinha dado nas vistas, depois de jogar no Chelsea de Mourinho, fez 13 golos em duas épocas, números que, para um médio, representavam um bom cartão de visita para o português que nunca se viria a conseguir impor na formação de Claudio Ranieri.

Na Juventus, realizou 53 jogos em duas épocas e meia, não tendo apontado qualquer golo. Parecia não se dar bem com os ares de Itália. “Aqui há muita pressão”, soltava já a meio da segunda temporada na Vecchia Signora. Aí, ainda acreditava estar a tempo de conquistar o seu lugar em Turim. “O que mudou [desde a primeira época], sobretudo, foi a minha forma de pensar. O primeiro ano foi um verdadeiro desastre, a nível pessoal e futebolístico. Este ano coloquei-me à disposição do grupo e do mister, tentando fazer o meu melhor”, dizia Tiago, em Março de 2009.

"O Del Piero ouviu-me a bater na porta e ofereceu-se para me ajudar e arrombar a porta. Ainda lhe respondi que era melhor que fosse outra pessoa a fazê-lo, era preferível poupar a sua força para o jogo com a Fiorentina", explicou Giovanni Gigli.

Antes, no verão de 2008, terminada que estava a primeira temporada em Itália, Tiago viria a andar nas bocas do mundo por causa de algo que começou por parecer um rumor até ser confirmado pelo presidente da Juventus à altura, Giovanni Cobolli Gigli: “É verdade, o Tiago trancou-me na casa de banho”.

O insólito aconteceu no final do mercado de transferências de 2008. Everton, Manchester City, Benfica e Mónaco queriam contar com os serviços do médio português que não era preponderante nas contas dos bianconeri e Giovanni Gigli estava disposto a deixar Tiago sair para outro campeonato. Acontece que o português, de acordo com o ex-presidente da Juventus, não queria sair para nenhuma das opções disponíveis, porque nenhum deles disputava a Liga dos Campeões. Tiago veria com bons olhos uma mudança para o Atl. Madrid, mas o clube da capital espanhola havia tinha arrefecido o seu interesse com a reintegração de Maniche na equipa. O negócio do empréstimo aos colchoneros viria a acontecer, mas só em janeiro de 2010, com o médio a transferir-se em definitivo para Madrid no verão de 2011.

Antes, a confirmação dada por Giovanni Gigli da veracidade dos incidentes relatados pela imprensa italiana: Tiago havia trancado o presidente da Juventus numa casa de banho do clube, num ato de completo desespero da parte do português. “A história do balneário é verdade, foi uma confidência que fiz a um amigo”, conta o Giovanni Gigli, que explica como foi Del Piero a salvá-lo: “O Del Piero ouviu-me a bater na porta e ofereceu-se para me ajudar e arrombar a porta. Ainda lhe respondi que era melhor que fosse outra pessoa a fazê-lo, era preferível poupar a sua força para o jogo com a Fiorentina”, contou, em declarações à Sky Itália.

Tiago, com as cores da Juventus, e Cristiano Ronaldo, no Real Madrid, cruzaram-se num torneio de pré-época; mais tarde, viriam a defrontar-se no campeonato espanhol (Créditos: Getty Images)

AFP/Getty Images

Areias. O campeão intercontinental que esteve 48 horas em Turim

A curta passagem de Miguel Areias pela Juventus é fácil de contar. O lateral esquerdo que teve como ponto alto da carreira a conquista da Taça Intercontinental ao serviço do FC Porto (8-7, nas grandes penalidades, frente ao Once Caldas) passou por uma experiência, no mínimo, inesperada.

Tudo aconteceu na temporada de 2006/07, ainda antes de Jorge Andrade e Tiago chegarem a Turim, com a Juventus a disputar a Serie B italiana. Areias era jogador do FC Porto, mas encontrava-se na Bélgica, emprestado ao Standard Liège. Aí, tomou conhecimento de algo que desconhecia. “O presidente, Luciano D”Onofrio, chamou-me e disse que o clube tinha um protocolo de cooperação com a Juventus e todos os anos havia um jogo de solidariedade onde dois jogadores do Liége participavam pela equipa deles“, conta o português. Areias foi escolhido porque “o Campeonato está parado e ainda não participou em nenhum jogo oficial”, contou Luciano D’Onofrio.

"Já treinei com a equipa, ao lado do Nedved e do Del Piero. O Deschamps foi fantástico e os restantes também. Vieram ter comigo para me deixar à vontade, é tudo malta porreira", contava Areias, depois de treinar com o plantel da Juventus.

O jogo estava marcado para 4 de setembro, no Estádio Adriático de Pescara, e o adversário seria a rival Roma. Areias viajou para Turim na véspera e consigo levava uma mensagem de Sérgio Conceição, o atual treinador campeão nacional pelo FC Porto que, à data, era companheiro de Areias no Liège: “Vai ter com o Nedved, diz que és meu amigo e manda-lhe um abraço!”. “Já treinei com a equipa, ao lado do Nedved e do Del Piero. O Deschamps foi fantástico e os restantes também. Vieram ter comigo para me deixar à vontade, é tudo malta porreira”, dizia Areias, depois do único treino que realizou com o plantel da Juventus.

No dia seguinte, viria a partida que marcaria a única vez que Areias vestiria a camisola da Juventus. O encontro era particular e decorria sem grandes incidências ou golos e o empate a zero parecia manter-se até ao fim quando, ao minuto 77, Montella pegou na bola, ultrapassou Areias e acabou por rematar para o fundo das redes, assinando o único golo da partida. Na altura, a Roma até jogava com dez, depois de Giacomini ter sido expulso, mas o resultado nada importaria para o desfecho da história. Desse por onde desse, no dia seguinte, Areias estaria de regresso à Bélgica, onde retomaria o trabalho com o Standard Liège, depois da experiência de ser jogador da Juventus durante 48 horas.

[O golo de Montella que deu o 1-0 no particular entre a Roma e a Juventus]

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora