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O piloto português estreia-se este fim de semana pela RNF Aprilia no Grande Prémio de Portugal, em Portimão

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O piloto português estreia-se este fim de semana pela RNF Aprilia no Grande Prémio de Portugal, em Portimão

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A mudança de equipa, os mesmos sonhos e o regresso a Portimão: a nova vida de Miguel Oliveira no MotoGP

Mundial de MotoGP volta este fim de semana com o Grande Prémio do Algarve e Miguel Oliveira vai estrear-se pela RNF Aprilia após ter deixado a KTM. A grande novidade de 2023 são as corridas sprint.

Portimão, domingo, 14h. O Mundial de MotoGP regressa este fim de semana e desde logo com o Grande Prémio de Portugal em pleno Circuito Internacional do Algarve. A corrida marca a estreia de Miguel Oliveira pela RNF Aprilia, a nova e estreante equipa que o piloto português integrou ao deixar a KTM.

Miguel Oliveira, um Falcão que já voa entre elogios à RNF Aprilia e lamentos pela saída da KTM: “Senti-me superior ao que tinha”

Na quinta temporada consecutiva no MotoGP, Miguel Oliveira representa pela primeira vez outras cores que não as da marca austríaca e mantém os objetivos: lutar sempre pelos pontos, chegar a todos os pódios possíveis, sonhar com as vitórias do costume. E parte disso começa já este domingo, com o Grande Prémio do Algarve, onde o piloto natural de Almada irá procurar repetir a vitória de 2020 e destronar Fabio Quartararo, que venceu em Portimão nos últimos dois anos, ou pelo menos andar na frente.

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A temporada de 2023 que vai agora começar é a mais longa de sempre no MotoGP, com 21 etapas de março a novembro, e tem como principal novidade as corridas sprint que vão decorrer todos os sábados, com a mesma grelha de partida do Grande Prémio, e distribuir pontos pelos primeiros nove classificados. Num mundo que teve três campeões diferentes nos últimos três anos, Pecco Bagnaia tem pela frente a difícil tarefa de defender o título mundial – essencialmente de Quartararo, Bastianini e Espargaró, as principais ameaças.

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O piloto natural de Almada vai competir pela primeira vez no MotoGP sem as cores da KTM

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A saída da equipa de sempre depois de uma novela de semanas

Existe um momento na vida de qualquer criança, jovem ou adolescente que acaba por definir grande parte desse período tão importante da construção da personalidade: a mudança de escola. Seja no fim do ensino primário, no fim do ensino básico ou no fim do ensino secundário, na altura em que a larga maioria dos estudantes segue para a universidade, todos são confrontados com uma mudança de escola, de contexto, de ambiente. Os amigos de sempre ficam para trás ou seguem em frente – e nós, como todos, temos de criar novas rotinas, novas dinâmicas e novas ligações.

De forma muito genérica, foi exatamente isto que aconteceu a Miguel Oliveira. O piloto português deixou a escola de sempre, a KTM, e mudou-se para uma escola nova, a RNF Aprilia. Para trás ficaram sete anos de relação, desde os tempos do Moto3 e com a chegada ao MotoGP, entre 121 corridas, 37 pódios e 17 vitórias ao longo das várias categorias (cinco na principal). A decisão foi anunciada no final de agosto, ainda antes do fim da temporada e depois de semanas de uma autêntica novela onde a saída estava assegurada – só faltava definir o destino, sendo que a Ducati (via Gresini) chegou a ser uma opção.

“É o passo de que necessito como piloto.” Miguel Oliveira deixa a KTM e vai correr pela Aprilia em 2023

A confirmação surgiu através de uma conferência de imprensa na Charneca da Caparica, agendada dias antes com Paulo Oliveira, pai de Miguel, a surgir como o principal interlocutor – já que o piloto estava ainda contratualmente impedido de abordar a RNF Aprilia ou qualquer outra equipa publicamente. “Foi um contrato assinado recentemente, não foi fácil. Tínhamos desde acertado com a KTM desde o início da temporada que queríamos seguir o caminho juntos, mas algo aconteceu dentro da estrutura da KTM”, começou por dizer o pai do piloto, acrescentando que Miguel Oliveira decidiu sair porque não quis aceitar um regresso à equipa satélite da KTM.

O piloto português deixou a escola de sempre, a KTM, e mudou-se para uma escola nova, a RNF Aprilia. Para trás ficaram sete anos de relação, desde os tempos do Moto3 e com a chegada ao MotoGP, entre 121 corridas, 37 pódios e 17 vitórias ao longo das várias categorias.

“Foi-lhe oferecida a equipa GASGAS [antiga Tech3], que era algo que ele obviamente não aceitava. Tivemos de procurar uma nova equipa. Esta mota da Aprilia tem-se revelado uma mota vencedora, que se enquadra no estilo de pilotagem do Miguel. Acreditamos que, no futuro, esta moto poderá ser vencedora nas mãos do Miguel. Como já perceberam, o Miguel ainda não pode falar sobre este contrato e é por isso que aqui estou. Só poderá falar a partir de Valência, quando testar a Aprilia”, explicou, indicando ainda que o piloto português assinou contrato por dois anos com possibilidade de renovação por outros dois.

Já depois de anunciar que iria deixar a KTM e rumar à Aprilia, Miguel Oliveira ainda cumpriu sete corridas: San Marino, Aragão, Japão, Tailândia, Austrália, Malásia e Valência. Venceu na Tailândia, com mais uma das habituais serenatas à chuva, e despediu-se com um quinto lugar no último Grande Prémio do ano.

“Foram anos de sucesso na KTM. Nem tudo correu como gostaríamos, tive dois anos com leões de meia época. Fico com a sensação que poderíamos ter feito mais em termos de resultados. Estou grato à KTM pelas oportunidades, mas é tempo de seguir em frente, de ter outro desafio. A primeira vitória ficará sempre na memória”, disse o piloto português logo depois de cumprir os últimos metros com a mota austríaca. Nesse mesmo fim de semana, ainda em Valência e com uma autorização especial da KTM, testou a nova Aprilia e entrou pela primeira vez na nova escola.

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Miguel Oliveira estava ligado à KTM há sete anos, entre 17 vitórias e 37 pódios

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A aposta nos estreantes onde Miguel será “piloto principal” apesar de a equipa ser satélite

O discurso de Paulo Oliveira, no fim de agosto e a confirmar a mudança de equipa de Miguel Oliveira, trouxeram uma aparente contradição: o piloto português tinha decidido sair da KTM porque não queria regressar à equipa satélite, contudo, optou por integrar a equipa satélite da Aprilia. Aliás, uma equipa satélite que acabou de ser fundada e que terá em 2023 o ano de estreia no MotoGP.

Nesse mesmo discurso, porém, o pai de Miguel Oliveira deixou desde logo uma pista. O português natural de Almada vai integrar a equipa satélite, é certo, mas será um “piloto principal” da Aprilia. Ou seja, terá todas as condições, regalias e benefícios de um piloto enquadrado na equipa principal da Aprilia.

“Vamos adaptar tudo à minha forma de pilotar para começarmos a ser competitivos rapidamente”, destaca Miguel Oliveira

O piloto de 28 anos vai formar dupla com Raúl Fernández, que na época passada representou a Tech3 e também transitou da KTM para a Aprilia. Nos dois lugares principais da marca italiana, por assim dizer, estarão Aleix Espargaró e Maverick Viñales: o primeiro vai cumprir o sétimo ano na equipa, entre cinco na satélite e dois na principal, e o segundo vai para a terceira época.

"Foi-lhe oferecida a equipa GASGAS [antiga Tech3], que era algo que ele obviamente não aceitava. Tivemos de procurar uma nova equipa. Esta mota da Aprilia tem-se revelado uma mota vencedora, que se enquadra no estilo de pilotagem do Miguel. Acreditamos que, no futuro, esta moto poderá ser vencedora nas mãos do Miguel."
Paulo Oliveira, pai de Miguel Oliveira

Depois de ter testado a nova Aprilia ainda no ano passado, em Valência, Miguel Oliveira fez o 14.º melhor tempo do primeiro dia de testes da temporada, na Malásia, e melhorou ligeiramente já em Portimão, com um 11.º lugar nos testes que decorreram no Algarve já no início deste mês de março e que foram dominados pela Ducati. A mota da CryptoDATA RNF MotoGP Team, que se mudou da Yamaha para a Aprilia, foi apresentada oficialmente esta segunda-feira e o piloto português não demorou praticamente nada a assegurar que quer atingir resultados rapidamente.

“Gosto realmente da nova pintura! As cores são diferentes e únicas, é muito bom sair para a pista assim. Mal posso esperar pela primeira prova, na minha corrida em casa, a representar a CryptoDATA RNF MotoGP Team em cima da minha Aprilia RS-GP! Em 2023 estou a enfrentar um novo desafio, por isso, espero que corra tudo da melhor forma e que consigamos alcançar os objetivos que definimos para esta temporada. A mota tem muito potencial e estou certo de que, em conjunto com a minha equipa, vamos adaptar tudo à minha forma de pilotar para começarmos a ser competitivos rapidamente”, atirou Oliveira, que vai pela primeira vez enfrentar o Mundial de MotoGP sem estar debaixo da familiar asa da KTM.

Sete anos, 17 vitórias, 37 pódios e uma ligação à parte. “Não podemos agradecer o suficiente por tudo o que fizeste”, diz KTM a Oliveira

Ano novo, equipa nova. Mas os sonhos de sempre

Antes ainda de chegar ao MotoGP, quando lutava pelo título do Moto2 mas já era um dos nomes nacionais mais bem sucedidos do motociclismo, Miguel Oliveira impressionava pela confiança. De uma forma muito pouco portuguesa, o jovem piloto não tinha receio de dizer que queria ser campeão do mundo de Moto GP – mais, não tinha receio de dizer que ia ser campeão do mundo de MotoGP.

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Já depois de anunciar que ia sair da KTM e juntar-se à Aprilia, Oliveira venceu o Grande Prémio da Tailândia

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O desprezo pela falsa modéstia e a convicção clara do talento e das próprias capacidades deixaram-no isolado num patamar pouco habitual para a realidade portuguesa: o patamar de quem não tem medo de dizer o que quer e não se esconde atrás de discursos mais cautelosos e onde só estão Cristiano Ronaldo, José Mourinho, João Almeida ou Pedro Pablo Pichardo. Miguel Oliveira quer ser campeão do mundo de MotoGP. E quer, no eventual dia em que isso acontecer, atirar um simples “eu avisei”.

E é essa convicção que está na base desta mudança. O piloto português considerou que já estava demasiado confortável na KTM, habituado às garagens e às pessoas apesar do salto da equipa satélite para a principal, e acreditou que precisava de um novo desafio. Um novo desafio que traz uma motivação adicional mas que não altera os sonhos de sempre — tal como ele próprio referiu na recente apresentação da nova moto. Na KTM, existia a ideia de que Oliveira tinha estagnado. Não tanto porque atingiu o limite do potencial, um cenário que ainda parece estar longe, mas porque se sentia melhor do que aquilo que estava ao seu alcance.

“A gestão de expectativas foi a maior deceção que tive. Pensei que poderíamos dar um passo maior. Cheguei a um ponto em que me senti claramente superior ao que tinha entre as pernas. E quando te dás conta disso e não encontras tecnicamente maneira de o superar, chega esta vontade de abraçar outras coisas. Há esta oportunidade e é altura de aproveitar. Foi isso que aconteceu com a KTM. Sempre falei bem deles, deram-me uma oportunidade estupenda, mas creio que posso fazer muito mais do que aquilo que fiz com eles”, indicou numa entrevista recente.

O desprezo pela falsa modéstia e a convicção clara do talento e das próprias capacidades deixaram-no isolado num patamar pouco habitual para a realidade portuguesa: o patamar de quem não tem medo de dizer o que quer e não se esconde atrás de discursos mais cautelosos e onde só estão Cristiano Ronaldo, José Mourinho, João Almeida ou Pedro Pablo Pichardo.

Para 2023, os objetivos serão claros: procurar ficar dentro dos pontos na larga maioria das corridas, ir atrás de todos os pódios possíveis e sonhar com três vitórias, algo que seria o melhor registo da carreira no MotoGP. O melhor resultado global de Miguel Oliveira continua a ser o da época de estreia, quando ficou em 9.º na classificação geral de 2020, caindo depois para 14.º em 2021 e 10.º em 2022. Permanecer no top 10, naturalmente, é condição sine qua non para o piloto português.

O regresso ao Algarve e a grande novidade para 2023: as corridas sprint

No final do Mundial de 2015, o MotoGP decidiu introduzir várias mudanças aos regulamentos e trocar o fornecedor de pneus, deixando a Bridgestone para assumir uma ligação com a Michelin. As alterações desse ano foram as maiores da era moderna da modalidade e abriram a porta ao período mais competitivo da história recente do MotoGP, com três campeões diferentes nos últimos três anos depois do fim da hegemonia da Honda e de Marc Márquez.

Oito anos depois, o MotoGP decidiu voltar a agitar as águas. Para além da introdução de medições obrigatórias da pressão dos pneus – que podem culminar em penalizações, tempos anulados ou mesmo desqualificações –, a modalidade vai passar a contar com corridas sprint a cada Grande Prémio. Ou seja, todos os sábados e na véspera da prova propriamente dita, os pilotos vão disputar um percurso que terá cerca de 50% da distância original do circuito e irá distribuir pontos pelos primeiros nove classificados.

MotoGP of Portugal: Race

O piloto português regressa este fim de semana ao circuito de Portimão, onde venceu em 2020

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A grelha de qualificação será a mesma para a corrida sprint e para a corrida principal. Ou seja, se um piloto ficar em quinto na qualificação, irá sair de quinto tanto no sábado como no domingo. O vencedor da corrida sprint conquista 12 pontos, o segundo classificado fica com nove e o terceiro com sete, com a pontuação a cair ponto por ponto a partir daí e até ao nono lugar. Um aumento de cerca de 50% nos pontos distribuídos ao longo da temporada que pode beneficiar muitos, prejudicar outros tantos e alterar naturalmente a estratégia delineada por cada equipa para cada fim de semana.

Numa perspetiva mais interna – e até porque é precisamente no Algarve que o Mundial arranca já neste fim de semana –, Portimão volta a organizar o Grande Prémio de Portugal e tem este ano esse condão de receber a corrida inaugural da temporada. O circuito algarvio recebe o MotoGP pelo terceiro ano consecutivo, depois das vitórias de Miguel Oliveira em 2020 e de Fabio Quartararo em 2021 e 2022, e é expectável que a região volte a sentir o impacto económico da realização do evento.

Segundo o Jornal de Notícias, é expectável que o Algarve registe um encaixe económico de cerca de 50 milhões de euros – muito semelhante ao de há um ano, em abril –, um valor muito significativo numa altura de época baixa na região. “Além da receita oriunda do consumo, há também um impacto muito positivo na notoriedade da região. Os pilotos, por exemplo, fartam-se de publicar imagens nas redes sociais para divulgar as emoções que estão a sentir no Algarve”, explicou ao jornal o presidente do Turismo do Algarve, João Fernandes, que estima que 100.000 pessoas cheguem à região nos próximos dias entre espectadores, elementos das equipas e membros da logística do próprio MotoGP.

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