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Monica Casañas é diretora do Airbnb para Portugal e Espanha desde março de 2020
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Monica Casañas é diretora do Airbnb para Portugal e Espanha desde março de 2020

Monica Casañas é diretora do Airbnb para Portugal e Espanha desde março de 2020

Airbnb: "Mais do que dizer que restringe ou não, Lisboa tem de escolher que tipo de turismo quer"

Em entrevista, diretora do Airbnb em Portugal responde a Medina sobre a "pressão" do alojamento local: "Há vida para todos." Relação com Lisboa é "boa": "O que pedimos é um quadro regulatório justo".

“Depois do coronavírus, Lisboa vê-se livre do Airbnb e transforma alojamentos turísticos de curta duração em casas para trabalhadores de serviços essenciais”. O título, atribuído pelo The Independent a um artigo de opinião de Fernando Medina, rapidamente instalou a polémica. De tal forma, que a autarquia veio esclarecer que o título enviado ao jornal (que acabou por ser alterado) não era aquele: a ideia do presidente da Câmara de Lisboa não era acabar com o Airbnb, só com alguns alojamentos locais. A estratégia não surpreende: em 2018, a autarquia da capital já tinha criado zonas de contenção onde foram proibidos novos registos de alojamento local. E com o programa Renda Segura, arrenda casas a privados (por exemplo, a ex-Airbnb, que perdem a licença se aderirem) para depois as subarrendar. São medidas que preocupam a Airbnb?

Em entrevista ao Observador, por Zoom, a diretora do Airbnb para Portugal e Espanha, Monica Casañas, não quer agitar as águas e garante que o diálogo com a autarquia é “fluído” e a relação “boa”. Cada cidade deve poder, defende, “determinar a política que considere justa”. “O que nós pedimos é que seja algo proporcional, e justo ao que se está a oferecer“, afirma Casañas, acrescentando que “o bonito” é que “cada anfitrião possa decidir que uso quer dar à sua casa”: arrendá-la para turismo ou para arrendamento de médio e longa duração.  Mas, diz Monica Casañas, “mais do que dizer ‘restrinjo ou não restrinjo’”, Lisboa deve escolher “que tipo de turismo quer”. “E juntos perceber como o Airbnb pode ser parte da solução.”

A responsável ibérica da plataforma de alojamentos revela ainda o que estão os portugueses à procura para o verão e as novas tendências no turismo, com o teletrabalho a sair das cidades e a descobrir o interior. Mas não adianta números concretos sobre como estão a evoluir as reservas no país, nem a faturação registada no primeiro trimestre deste ano e no de 2020. “Não divulgamos dados por país”, justifica. Já quanto à política de cancelamento, diz que o objetivo é “simplificar”, mas não de forma a permitir cancelamentos gratuitos (como no início da pandemia), mesmo perante o contexto de incerteza que ainda existe. O que se está a ver é que “cada vez mais, os viajantes querem ficar em sítios onde os anfitriões tenham uma política de cancelamento flexível ou moderada”.

O Airbnb introduziu alterações na plataforma porque tem uma “perspetiva de renascimento sem precedentes das viagens”. Por exemplo, será mais fácil tornar-se um anfitrião e há uma opção no motor de busca de “datas flexíveis”. O que está a mudar na indústria que justifica estas alterações?
O que estamos a ver é que há um novo paradigma nas viagens. As viagens estão a mudar e o que o Airbnb está a fazer é assegurar que a plataforma está adaptada a todas estas mudanças. Por um lado, vemos que há uma procura contida. Fizemos um questionário a adultos portugueses e sete em cada dez disseram que deixaram de viajar por lazer durante a pandemia. Mas 85% referem que, assim que sentirem seguros, viajar vai ser uma prioridade para eles.

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E para onde querem viajar?
Querem viajar dentro do país e querem ir principalmente de carro, seguido do avião. Também vemos que as pessoas querem viajar em família. Querem ficar em alojamentos inteiros, querem privacidade, estar perto da Natureza. Querem destinos rurais ou de costa, poder abrir a janela e ouvir os passarinhos ou o mar. Necessitam de respirar, é o que dizem. E vemos que querem mais flexibilidade, por exemplo, na forma como reservam uma viagem. Lançámos uma funcionalidade em fevereiro deste ano, que permite mais flexibilidade nas datas quando se viaja, e já mais de 100 milhões de pesquisas foram feitas através dela. Também se estão a esbater as linhas entre onde se vive, se trabalha e onde se viaja por prazer. Está tudo um pouco entrelaçado e o que vemos é que um em cada cinco usuários do Airbnb a nível global usaram o Airbnb para teletrabalhar.

Monica Casañas defende que cada cidade deve poder "determinar a política que considere justa". "O que nós pedimos é que seja algo proporcional e justo ao que se está a oferecer"

Como aferem isso?
Através dos comentários que os hóspedes deixam na plataforma depois da sua estadia. Temos visto que a palavra teletrabalho aumentou 520% num ano. As pessoas estão a usar o Airbnb para ir a um sítio, por exemplo, durante uma semana de viagem e as outras três desfrutam do espaço, só que a trabalhar. Mas estão num sítio diferente, novo.

Essa procura por locais para teletrabalhar também se aplica ao mercado português?
É uma tendência global, mas também se aplica a Portugal. Não vemos que o país se comporte de maneira diferente face ao que vemos a nível global.

Com a abertura de vários corredores aéreos, como o britânico, como estão a evoluir as reservas para Portugal?
O que está claro é que cada vez que se abre um corredor, a nível geral, o interesse por ir a esse país aumenta. Claramente, Portugal é um dos poucos países europeus que estão na lista verde do Reino Unido. Os ingleses querem vir a Portugal. Não posso revelar dados porque não o fazemos por país, mas estando Portugal na lista dos países em que os ingleses ficam dispensados de fazer quarentena quando regressam ao seu país, obviamente é algo que os ingleses vão aproveitar.

Portanto, não podem revelar dados sobre o aumento nas reservas?
Não posso dar esses dados, não o fazemos por país.

Mas em termos de reservas, pode, por exemplo, dizer se o primeiro trimestre do ano foi melhor do que o ano passado?
Costumamos comparar com 2019, porque o ano passado foi um ano muito anormal. A nível de resultados globais, temos vistos que neste primeiro trimestre, comparado com 2019, a nossa faturação cresceu 5%.

"Os portugueses querem ficar em alojamentos inteiros, querem privacidade, estar perto da Natureza. Querem destinos rurais ou de costa, poder abrir a janela e ouvir os passarinhos ou o mar. Necessitam de respirar, é o que dizem."
Monica Casañas, diretora do Airbnb para Portugal e Espanha

Ficaram surpreendidos com esses números? Dado que no primeiro trimestre muitos países estiveram a atravessar uma segunda ou terceira vagas da pandemia e estiveram fechados, com restrições à mobilidade.
Estamos muito orgulhosos. Trabalhámos muito e deu frutos. Trabalhámos para que a plataforma estivesse adaptada a este novo tipo de procura que estamos a encontrar. Não posso dizer que nos surpreendeu. O modelo do Airbnb adaptou-se muito rapidamente. Por exemplo, as pessoas deixaram de viajar muito a nível internacional, muita gente deixou de andar de avião, de fazer viagens distantes, mas o Airbnb está em toda a parte. E está, por exemplo, em muitos destinos rurais, ou destinos mais próximos, num tipo de alojamento que os hóspedes agora procuram. Porque querem espaços onde não encontrem outras pessoas, onde não haja espaços comuns. E querem ir com a sua família.

Tem dados sobre isso?
Por exemplo, este verão, 55% dos portugueses que inquirimos querem viajar com a sua família mais próxima e 48% com quem lhes é mais chegado. Estivemos isolados, queremos voltar a reconectar-nos com quem mais gostamos e queremos fazê-lo num espaço e num alojamento inteiro. A nível global, 95% das reservas para o verão de 2021 são em alojamentos inteiros, enquanto que em 2019 esse número era de 80%. É um pouco a tendência que temos visto mesmo que a pandemia tenha continuado muito presente no primeiro trimestre. Mas o Airbnb tinha essa oferta e uma plataforma que permitia este tipo de alojamento.

“Portugueses estão a escolher pequenas localidades do interior de Portugal”

Portanto, os portugueses continuam a procurar mais destinos domésticos do que fora, é isso?
Principalmente são os destinos domésticos. Creio que Espanha e Portugal são dois países lindos e muitas vezes perdemos o que temos perto. Costumávamos ir para fora, para sítios exóticos. Neste momento, parámos e pensámos: que sítios temos perto? Há sítios maravilhosos aqui. Outra coisa que é muito interessante é que os mais velhos, com mais de 60 anos, estão a descobrir como é viajar com o Airbnb. Por exemplo, em março, houve um aumento de mais de 100% nas pesquisas por parte deste tipo de viajantes. Claramente, há destinos em Portugal que são muito conhecidos a nível mundial.

São os do costume ou há novidades?
É Lisboa, Porto, Algarve, mas agora vemos que muitos portugueses também vão para pequenas localidades do interior de Portugal. Temos muito pequenos anfitriões, pessoas que pensam arrendar a sua casa pela primeira vez. Claramente, há uma oportunidade muito grande agora, para que essas pessoas disponibilizem as suas casas nestas partes de Portugal menos conhecidas, que se descubram novos sítios maravilhosos. Por exemplo, as vinhas na zona Norte, outros destinos na costa, que é gigante. Há muitos sítios que estão por descobrir, sobretudo para os próprios portugueses.

A nível global, 95% das reservas para o verão de 2021 são em alojamentos inteiros, enquanto que em 2019 esse número era de 80%. É um pouco a tendência que temos visto mesmo que a pandemia tenha continuado muito presente no primeiro trimestre. 
Monica Casañas, diretora do Airbnb para Portugal e Espanha

Perspetivam que este verão seja melhor do que o do ano passado? E quanto poderá ser essa mudança em termos de reservas?
Não consigo dizer como vai crescer ou não. O que posso dizer é que o que estamos a ver agora é uma procura contida: as pessoas querem viajar. E as pessoas quando se sentirem seguras, vão viajar. 85% dos adultos portugueses dizem que quando se sentirem seguros, viajar será uma prioridade. E também vemos que a oferta está aí, há muitos sítios por descobrir. Em Portugal, no ano passado, 60% das estadias no verão foram em zonas não urbanas ou de baixa densidade, em plena pandemia. Acreditamos que esta tendência não se vai alterar. O que também vamos assistir é a uma diversificação muito grande de onde vão ficar estes viajantes.

Mas parece-lhe que este verão será melhor?
Não posso prever. O que posso dizer é que, dos indicadores que estamos a ver agora, há uma procura contida, e os portugueses também nos dizem que ela existe. A partir daí, cada um tira as suas próprias conclusões.

Disse que as pessoas estão a alugar mais casas para toda a família. Estão a gastar, em média, mais do que antes em cada reserva?
É um dado muito difícil de saber por vários motivos. Há casos muitos distintos. É diferente se ficam numa cidade ou num sítio não urbano onde os preços são muito diferentes. Depende também do tipo de casas que escolhem, e da duração — se vão só um fim de semana, se vão um mês. O preço por noite varia muito. Obviamente o preço é muito importante, mas o que as pessoas mais apreciam é a flexibilidade.

As pessoas estão a ficar mais tempo por cada reserva? Quantos dias, em média?
A proporção de estadias longas (acima dos 28 dias) duplicou. Em 2019, a nível global, no Airbnb representava cerca de 14% das noites reservadas, enquanto que no primeiro trimestre de 2021 este número quase duplicou, para 24%. A média de noites por reserva aumentou de 3,5 em 2019 para mais de quatro noites em abril de 2021.

"Em Portugal, no ano passado, 60% das estadias no verão foram em zonas não urbanas ou de baixa densidade, em plena pandemia. Acreditamos que esta tendência não se vai alterar."
Monica Casañas, diretora do Airbnb para Portugal e Espanha

No primeiro trimestre do ano, o Airbnb teve perdas de 993 milhões de euros, apesar do aumento da faturação que referiu. Como foi em Portugal?
Não posso dizer, lamento. Os dados desagregados por país não podemos dar.

“Cada vez mais os viajantes querem ficar em sítios onde os anfitriões tenham uma política de cancelamento flexível ou moderada”

No início da pandemia, o Airbnb pagou aos anfitriões 25% dos custos de cancelamento. Planeiam retomar esta medida e ter políticas de cancelamento mais flexíveis para os hóspedes?
As políticas de cancelamento é verdade que são muito complicadas porque temos de olhar para a comunidade de uma maneira completa: temos viajantes, temos anfitriões e as localidades onde estão inseridos. Temos de ter todo o conjunto em conta. A nível de hóspedes e anfitriões o mais importante é a segurança. O que permitimos é que os hóspedes pudessem cancelar e devolvíamos o dinheiro, não queríamos que fizessem uma viagem só porque não iam ter o dinheiro de volta.

Por outro lado, também entendemos que os anfitriões estavam a sofrer muito [com os cancelamentos] e criámos um fundo de 250 milhões de dólares para compensá-los. Mas as políticas de cancelamento em cada país estiveram condicionadas à situação da pandemia. É algo que temos tentado ajustar a nível do país, que tipo de cancelamento são acessíveis para o anfitrião e para o hóspede em cada um dos destinos. Conforme a vacinação vai avançando, estamos a simplificar o processo e teremos em breve um novo texto, no verão.

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Portanto, havia essa política global, mas agora o que prevalece é a política de cada anfitrião?
É impossível saber que política se aplica a cada país, a nível geral, conforme a vacinação vai avançando. Agora, de forma geral — estamos em demasiados países para saber a política de cada um — a política de cancelamento de cada anfitrião é a que prevalece. Ou seja, se um hóspede cancela e está num sítio que tem uma política de cancelamento restrita, o anfitrião ficará com 50% do custos da reserva. Estamos a ver que, cada vez mais, os viajantes querem reservar sítios onde os anfitriões tenham uma política de cancelamento flexível ou moderada. É verdade que há muitos imprevistos, embora as coisas estejam a melhorar, mas há ainda assim muitos imprevistos e as pessoas procuram essa flexibilidade.

Ou seja, não vão voltar à política anterior, ou pedir aos anfitriões para que sejam mais flexíveis?
O nosso plano é simplificar a política de cancelamento. Entendemos que é muito complicado. Com esta pandemia, há tantos imprevistos que estamos a ver como podemos adaptar a plataforma ao que estamos a viver agora e é nisso que estamos focados.

“Creio que o bonito é que cada anfitrião possa decidir que uso quer dar à sua casa”

A Câmara de Lisboa criou, já em 2018, zonas de contenção na cidade onde foram proibidos novos registos de alojamentos locais, como o Airbnb. O que acha desta criação de limites às plataformas de alojamentos locais?
Nós queremos que cada cidade possa determinar a política que considere justa. O que nós pedimos é que seja algo proporcional e justo ao que se está a oferecer. Nós colaboramos e o que queremos é colaborar com todas as cidades do mundo, temos acordos com mais de 500 e Lisboa é uma das cidades com que colaboramos. Por exemplo, nós recolhemos a taxa turística [que é depois entregue à Câmara] para Lisboa. Ou seja, temos um diálogo fluído com a Câmara de Lisboa e o que queremos é que haja um quadro regulatório que seja justo e que se adapte um pouco à realidade. Que não seja algo nem totalmente para um lado e que afete a boa convivência ou a perceção de forma negativa. O que queremos é ser parte da solução para que os anfitriões que querem oferecer a sua casa possam fazê-lo e que estejam em sintonia, em concordância, com a comunidade desse sítio.

Disse que pede que as políticas sejam justas. Considera que a política em Lisboa é justa para o Airbnb?
É complicado responder. A relação com Lisboa é boa, temos um diálogo fluído. Creio que nem sempre um está de acordo em cada ponto de diálogo. Há sempre opiniões diferentes. Mas o que fazemos é dialogar e queremos que essa colaboração continue e que o resultado final seja do agrado para todos. Estar a falar de cada um dos pontos é complicado.

Mas o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, já disse que queria transformar alguns Airbnb em alojamentos para trabalhadores essenciais, professores, etc. Esse é um dos pontos que preocupa o Airbnb?
Creio que, no final, os anfitriões terão capacidade de escolher. Creio que o bonito é que cada anfitrião possa decidir que uso quer dar à sua casa: se quer convidar alguém enquanto está lá, ou pedir uma licença e converter o espaço numa casa turística quando lá não está. O bom é que cada anfitrião tenha essa capacidade de escolher.

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Um dos argumentos usado por Fernando Medina é que há uma pressão no centro da cidade que leva a que os locais tenham de sair do centro por causa do aumento dos preços. Concorda com esta visão? É um impasse nas negociações com a Câmara?
No Airbnb queremos um turismo que seja sustentável, responsável e seguro. O que queremos é que cada cidade e país possam escolher o modelo de turismo que querem, que tipo de turismo querem. E o Airbnb pode ajudar a atrair o tipo de turismo que cada cidade quer. Temos visto que o Airbnb está a contribuir para que os portugueses vão a sítios em Portugal onde normalmente não havia turismo. Além disso, as pessoas que viajam com o Airbnb muitas vezes vão para bairros que não são necessariamente os mais turísticos. 40%, em média, a nível global, do gasto de um hóspede numa casa é em sítios que estão perto do alojamento: restaurantes, supermercados, etc. Melhora a economia local. Em Lisboa, um dado interessante é que um estudo de Oxford Economics diz que o Airbnb ajudou a gerar mais de 13 mil empregos indiretos. O Airbnb é parte da recuperação económica. E o que queremos é ajudar a dizer que projeto cada cidade quer e como podemos ser parte da solução e desse projeto. Porque creio que há vida para todos.

O que está a dizer é que se uma cidade como Lisboa quer recuperar o turismo, vai precisar do Airbnb? Não podem ter políticas que os restrinjam?
Creio que o Airbnb é parte da solução. Não posso dizer se o Airbnb consegue dar isso ou não. Creio que é parte da solução. E que, com este dado dos empregos indiretos, já está a ajudar na recuperação económica. Não há nada que seja totalmente independente. Tudo está conectado e o que temos de fazer é trabalhar num modelo que seja sustentável para esta cidade e para todas. E estabelecer um diálogo, o que é que queremos e como fazê-lo e encontrar uma solução entre todos. Estamos aqui para ajudar as cidades e os negócios locais. Como disse, com a Câmara de Lisboa a relação é boa.

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Mas esta tendência de limitar as licenças também acontece noutros países e cidades. Por exemplo, Amesterdão proibiu licenças no centro histórico. Não vos preocupa?
Agora que há este ressurgimento de sítios rurais, creio que o que estamos a fazer no Airbnb é ajudar o turismo geral, e o português, que está a redescobrir o país. Sobre Lisboa, que estávamos a falar, creio que a cidade tem de escolher o modelo que quer e nós temos de trabalhar com eles. Mais do que dizer “restrinjo ou não restrinjo”, o que é que queres para Lisboa? Que tipo de turismo queres? E juntos perceber como o Airbnb pode ser parte da solução.

"Temos um diálogo fluído com a Câmara de Lisboa e o que queremos é que haja um quadro regulatório que seja justo e que se adapte um pouco à realidade."
Monica Casañas, diretora do Airbnb para Portugal e Espanha

Mas reconhece que o Airbnb possa estar a criar (antes da pandemia) essas pressões de preços em cidades como Lisboa?
Não, há estudos que concluem que o problema da habitação, o que a afeta, é muitíssimo maior do que o Airbnb pode fazer. É preciso ter em conta todos os fatores em jogo. O Airbnb quer uma solução sustentável. Quando alguém arrenda a sua casa, é uma casa que não está a sair do mercado, está a arrendar uma casa residencial para que um hóspede possa vir e até ajuda a pagar hipoteca. O que está a acontecer é que há pessoas que podem ficar no centro da cidade porque, graças ao Airbnb, conseguem pagar a hipoteca, etc.

Com a pandemia, o que se viu foi que muitos anfitriões, por não terem turistas, colocaram os alojamentos locais para arrendamento de média ou longa duração, e há um programa da Câmara (Renda Segura) que os ajuda nesse processo. Houve muitas casas que saíram do arrendamento para férias em Portugal devido à pandemia? Quantas?
O que temos vistos é que, a nível global, a oferta que temos aumentou. Não consigo dizer se em Lisboa subiu ou não, porque o que sabemos é que depende muito do momento de reserva. Se há pessoas que, nalgum momento, bloqueiam o calendário porque precisam de usar a casa para algo, ou pessoas que decidem que é uma segunda residência — porque, agora com o confinamento, decidiram trabalhar a partir dali. Há muita gente que está a perceber que há muita procura em locais onde têm casa e estão a pô-la no Airbnb. Varia muitíssimo de cada momento, mas a nível global temos mais alojamentos do que antes da pandemia.

Mas não notaram, pelo menos no início, uma tendência de diminuição do número de casas disponíveis na plataforma?
A resposta é não, porque vimos que crescemos noutros sítios. Nalgum momento, alguém em concreto pode dizer que sim, há casos específicos de pessoas que decidiram passar de arrendamento de curta duração para o de longa duração, mas também houve o contrário. E pessoas que não eram anfitriões e decidiram ser.

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