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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Ana Catarina Mendes. "Não tenho medo de maiorias absolutas"

Secretária-geral adjunta do PS atira a Catarina Martins por dizer que o programa do BE é social-democrata: "Enganou-se redondamente". Na Vichyssoise, a adjunta de Costa do PS desdramatiza as maiorias.

É secretária-geral adjunta do PS, diretora da campanha para as legislativas, candidata a deputada pelo círculo de Setúbal, e esteve esta sexta-feira no programa Vichyssoise, na rádio Observador, para falar dos objetivos que se seguem. Não para ela, isso deixa nas mãos de António Costa e nem arrisca dizer se gostaria de vir a ter funções num próximo Governo PS. Mas já não trava a fundo quando a questão é a maioria absoluta, a fasquia que ninguém no PS assume para as legislativas de 6 de outubro, mas que está na cabeça de toda a gente. Ana Catarina Mendes assume mesmo que “não tem medo” de maiorias absolutas.

Um receio que António Costa disse recentemente que existe na cabeça dos portugueses. Mas a sua adjunta no partido não vai por esse caminho e desdramatiza: “As maiorias absolutas não devem assustar ninguém”.

Isso não quer dizer que olhe para os parceiros à esquerda como “empecilhos”, como foram apelidados esta semana por um dos vices da bancada socialista, Carlos Pereira. Aliás, Ana Catarina Mendes deixou claro nesta entrevista que não se revê nessas palavras: “Dispenso-me de adjetivos dessa natureza”, disse.

Dispensa os adjetivos, mas não as alfinetadas. Numa referência ao Bloco de Esquerda, um dos parceiros do PS nestes quatro anos, a socialista foi clara: Catarina Martins “enganou-se” quando disse, em entrevista ao Observador, que o programa do BE tem “na sua essência, um programa social-democrata”. O esgar de Ana Catarina Mendes, perante a afirmação, foi mesmo de troça.

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O líder do partido socialista diz que os portugueses “têm má memória das maiorias absolutas, quer as do PSD quer a do PS”, concorda com esta afirmação?
Não se pode descontextualizar em que sentido foi dita essa frase, o que acho é que devemos sempre respeitar a vontade dos eleitores na noite eleitoral e com isso fazer o que temos para fazer no país. Não tenho medo de maiorias absolutas e os portugueses devem dizer nas urnas o que querem do país e nós respeitarmos. E quando somos democratas, as maiorias absolutas não devem assustar.

Mas o PS vai passar a campanha a fazer um pedido de maioria absoluta encapotado? Em junho, a Ana Catarina pediu uma maioria “absolutamente inequívoca para o PS”. É isto que o PS vai fazer, tentar por todos os meios não dizer que quer a maioria absoluta, mas é o que quer afinal?
O que o PS espera nestas eleições é que os portugueses deem uma maioria expressiva, essa maioria decorre da nossa convicção absoluta de que há confiança e que merecemos a confiança dos portugueses nestas eleições. É preciso olhar com o ponto de partida de há quatro anos, da incapacidade de olharem para nós como um fator de estabilidade na vida política e social, como alguém como António Costa que liderou um governo apelidado de “geringonça” que trouxe credibilidade ao país do ponto de vista externo e interno, e de como o PS conseguiu reconquistar níveis de confiança, níveis de desenvolvimento e de investimento.

A expressão que usou é curiosa, “absolutamente inequívoca”. Foi a forma como António Guterres pediu a maioria absoluta para o PS em 1999.
António Vitorino pediu-a num comício.

E nessa altura, o PS não conquistou a maioria absoluta. António Costa não corre o risco de não a conseguir porque nem sequer a pediu, quando provavelmente é isso que quer?
O que está em causa nestas eleições é quem as vai ganhar para liderar o país. Acho que o PS merece ganhar as eleições pela forma como governou e soube estar aberto ao diálogo, assumir compromissos com os seus parceiros — em que muitos diziam, incluindo no PS, que não era possível dialogar à nossa esquerda –, foi possível haver entendimentos no Parlamento com o PSD. O que é preciso é que os portugueses façam a sua avaliação. Estão hoje melhor ou pior do que há quatro anos? Estão com níveis de desenvolvimento melhores ou piores? Aqueles que hoje têm um emprego e os que viram o seu salário mínimo aumentado, se estão satisfeitos com isto ou se acreditam que com o PS ainda é possível fazer mais e melhor.

Fala do diálogo à esquerda que foi possível ao longo da legislatura, mas ainda ontem um vice presidente da bancada socialista, Carlos Pereira, veio dizer que é preciso dar força ao PS para “governar sem empecilhos”. Isso não quer dizer que o PS ambiciona essa maioria absoluta para se conseguir libertar do PCP e do BE?
Dispenso-me de adjetivos dessa natureza. Acho que é preciso perceber que estabilidade, confiança e responsabilidade é o que se exige a um Governo. Estão criadas todas as condições, sob a liderança de António Costa, para que o PS possa voltar a governar o país nos próximos quatro anos para enfrentar um conjunto de desafios que são muito significativos para a vida dos portugueses. Os portugueses falaram a 6 de outubro e espero que falem maciçamente para dizer que o PS merece ganhar as eleições.

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O que é que a geringonça impediu o PS de fazer? Gosta do termo, mas é diferente governar sozinho do que Governar com esses “empecilhos”, como diz Carlos Pereira, os parceiros.
Sou uma defensora radical da democracia e por isso respeito todos os meus adversários políticos e por isso não os considero como inimigos ou como empecilhos. Em segundo lugar, o PS não deixou de fazer nada daquilo a que se tinha comprometido em 2015 pelo facto de ter o apoio do PCP, PEV e do BE. Comprometemo-nos a aumentar o salário mínimo, aumentámos o salário mínimo. Comprometemo-nos a repor os cortes que tinham sido feitos pelo CDS e pelo PSD durante o tempo de Governo e repusemos esses salários. Prometemos que íamos repor os cortes que foram feitos nas pensões, repusemos. Prometemos aumentar as pensões, aumentámos.

Portanto, correu tudo bem e não há necessidade de fazer diferente.
Não, há necessidade de reforçar o caminho que começámos a trilhar. quando podemos dizer que temos contas certas e que ganhámos credibilidade, as contas certas não são uma coisa abstrata. São uma coisa concreta que permitiu beneficiar a vida das pessoas. Se hoje conseguimos ter o melhor défice da história democrática em Portugal e ao mesmo tempo ter aumentado as verbas para as despesas sociais na educação e na saúde, isso significa criar condições melhores para a vida das pessoas. Está tudo feito? Não, é sempre preciso fazer mais.

Ainda agora a ouvimos dizer que o PS não deixou de fazer nada por causa desta solução de Governo. Nesse sentido, para que é preciso um reforço do voto no PS se não houve nenhum problema e nada que tivesse ficado por fazer?
É preciso perceber que em 2015 o PS, quando chega Às eleições, não teve votos suficientes porque as pessoas não tiveram confiança de que aquilo que prometíamos era possível fazer. Viemos com um programa eleitoral tal como temos agora, com medidas detalhadas, com contas feitas sobre as medidas, mas os eleitores não acreditaram que o PS conseguisse executar o seu programa. Perante o resultado eleitoral, António Costa liderou um Governo totalmente inovador na nossa história democrática qu foi governar com o apoio à sua esquerda. As condições hoje são diferentes: o PS governou, António Costa liderou esta solução de governo, fez compromisso e cumpriu-os, não podemos dizer que falhámos nas metas. Por isso apresnetamo-nos hoje as portugueses como mais credibilidade e confiança.

"Temos a convicção absoluta de que há confiança e que merecemos a confiança dos portugueses nestas eleições"

Então basta ganhar as eleições, desta vez? Ao contrário do que aconteceu em 2015. Se este modelo funcionou e está tudo bem…
Este modelo funcionou e ainda bem.

Pode repetir-se exatamente com os resultados de 2015. Ou basta ao PS ganhar as eleições, é suficiente?
É preciso que o PS ganhe estas eleições porque provou que é a força de estabilidade e de capacidade de mudança e de progresso em Portugal.

Mas tendo em conta este relacionamento, não haverá uma vitória por poucochinho nestas eleições? 
A minha ambição como diretora de campanha, secretária geral adjunta do PS é que o partido mereça uma grande vitória nas próximas eleições. Isso não invalida, qualquer que seja o resultado, diálogos com a esquerda parlamentar, se a votação no PS for expressiva.

E esse diálogo pode fazer-se mais para um lado do que para o outro, ou seja, mais para o PCP do que para o Bloco ou vice-versa?
É possível que o diálogo se faça no caminho que o PS desenhou há muito tempo. Se o PS tivesse cedido ao que o PCP e o BE se propunha, que era sair do euro, não estaríamos aqui hoje a falar de um presidente do Eurogrupo ou na credibilidade que Portugal alcançou junto da União Europeia.

Mas a pergunta é se no dia seguinte às eleições o PS pode entender-se apenas com um dos partidos em vez dos dois. É possível?
Quem decide o que vai acontecer no próximo Governo em Portugal são os eleitores.

"O programa do Bloco de Esquerda não tem nada de social-democrata, tem o mesmo de sempre do Bloco"

Se um desses partidos tiver muito mais expressão do que o outro, é possível que esse diálogo seja feito só com um deles?
É possível fazer o diálogo com todos, nunca fechámos a porta ao diálogo com ninguém. E acho que devemos continuar a aprofundar a democracia. Um dos ganhos essenciais nos últimos quatro anos foi recentrar a discussão política no Parlamento, foi a valorização e o aprofundamento da nossa democracia, a maturidade a que chegou a nossa democracia, com a possibilidade de bloqueios que estavam feitos há anos e não terem sido desbloqueados. E isso é que interessa ao portugueses. se beneficiaram ou não com a liderança do PS. Se eu acho que o PS é o melhor partido nestas eleições para as ganhar, sem dúvida nenhuma.

A dúvida é saber se os portugueses preferem uma geringonça ou o PS a governar sozinho. Como o PS explica que não vale a pena um voto no BE para evitar a maioria absoluta do PS, mas sim no PS porque o PS é que tem responsabilidade?
Não desvalorizamos a responsabilidade. Quando tempos uma opção no programa de Governo do Bloco de Esquerda de nacionalização que leva milhões de dinheiro aos contribuintes a empresas como a EDP, isso significa que tenho de fazer uma opção. Onde vou tirar esse dinheiro? À saúde? À educação? Quando eu acho que posso dar tudo a todos, sem fazer contas e sem cuidar da responsabilidade e da sustentabilidade das contas, eu não estou a ser realista nem a dizer a verdade dos portugueses.

Portanto, não vê no programa eleitoral do BE um programa de essência social-democrata como Catarina Martins disse aqui mesmo neste estúdio.
Não, acho aliás que se enganou redondamente. Não se pode ser de uma esquerda radical num dia e social-democrata de repente. De repente acordou social-democrata. Não. O programa não tem nada de social-democrata, tem o mesmo de sempre do Bloco de Esquerda e tem, aliás, o que está na sua matriz ideológica. Veem-se um país orgulhosamente só, fora do espaço da União Europeia, o que o PS não partilha.

Foi o PS que ajudou o BE a tornar-se menos radical ao longo destes últimos anos?
Eu acho que ao longo destes quatro anos, o que se demonstrou é que era possível que o PCP e o BE não se limitassem ao seu papel de partidos de protesto. Puderam também colaborar na governação, apoiar as soluções e o instrumento mais importante de uma legislatura que são os orçamentos do Estado. E nenhum partido perdeu a sua identidade e acho mesmo que o PS se reforçou.

O PS terá uma mulher na liderança? "Nunca se sabe. Neste momento tem um grande líder e um forte líder. Chama-se António Costa"

Nunca teve um cargo executivo, é desta que a vamos ver como ministra?
Não faço adivinhas! Neste momento sou candidata pelo distrito de Setúbal, é nisso que estou concentrada. Em poder contribuir também a partir do Parlamento no desenvolvimento da região e do país.

Mas a experiência executiva é uma coisa que lhe faz falta?
Tenho várias experiências executivas dos vários cargos que tenho ocupado.

Mas num governo, gostava, pelo menos, de ter essa experiência?
Nunca tomei as minhas opções ao longo dos anos de militância política a pensar no cargo que vou ter amanhã. Em outubro, cá estaremos para fazer todas as opções. Primeiro é preciso ganhar as eleições.

E esse desafio de integrar o governo foi-lhe proposto por António Costa nalgum momento durante esta legislatura?
As minhas conversas com António Costa são com o António Costa. As que são públicas, são públicas.

Em todo o caso, o papel que tem tido tem sido um pouco de retaguarda. É a número dois de António Costa no partido, assume as rédeas quando Costa não está disponível. Mas para um político que tenha ambição, isso não é pouco?
Depende da perspetiva. Eu acho que não há democracias fortes sem partidos fortes. Foi nisso que estive concentrada. A ideia de haver uma secretária geral-adjunta, é a possibilidade de reforçarmos o Partido Socialista quer na sua ideologia, quer na formação política, quer na atração de novos quadros, ou na mobilização do partido no seu todo. Por isso, não gosto de desprezar o papel partidário. Acho, aliás, que deve valorizado no sentido em que ele reforça a democracia.

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E como é que se sente quando a colocam no top dos nomes para a sucessão de António Costa?
Sorrio, porque ao longo de 25 anos de militância no PS eu sempre dei o meu melhor para que o PS fosse forte, ganhasse eleições, fosse credível.

Mas vê-se bem nesse papel, no futuro?
Vejo-me bem no papel em possa ajudar o partido socialista em todos os seus momentos. é assim que eu encaro os meus desafios.

Ainda não há um anacatarinismo, como há um pedronunismo?
(risos) Não.

Uma coisa é certa, neste momento o PS é, para além PCP, o único partido que nunca teve uma mulher na liderança. É uma falha do partido do Partido Socialista?
Acho que há-de chegar o dia. Estou muito confortável e muito empenhada e tenho muito orgulho no trabalho que o secretário-geral do PS tem feito e no trabalho que o primeiro-ministro tem feito pelo país.

Mas não é essa a pergunta que lhe estou a fazer. Até na Comissão Europeia há agora um novo executivo com uma mulher a presidi-lo pela primeira vez, o próprio António Costa pediu listas de candidatos que fossem paritárias. É uma questão cada vez mais na agenda.
E temos algumas listas que são totalmente paritárias, mas cumprimos acima de 40% essa participação das mulheres. A participação das mulheres é essencial pelas questões da igualdade que encerram, não as diminui em nada, antes pelo contrário, têm um papel muito importante a desempenhar na vida política. Por isso, o Partido Socialista fará a sua história, foi sempre um partido aberto.

Vai ter uma mulher na liderança, um dia?
Nunca se sabe. Neste momento tem um grande líder e um forte líder. Chama-se António Costa.

E a Ana Catarina poderá ser essa mulher, ou não?
Volto à resposta inicial, estou a tornar-me um bocadinho repetitiva.

Nós também, temos de admitir. Mas queríamos uma resposta mais concreta.
Eu percebo que queiram. Aquilo que digo é que estou empenhada em ser secretária geral-adjunta do Partido Socialista, não falharei nunca aos combates que o PS tem para travar e estarei cá para dar sempre o meu melhor para que o PS continue a ser o partido estruturante da nossa democracia.

E o cargo do líder parlamentar do PS, seria interessante? Estamos a tentar esgotar todas as opções.
Podemos tentar esgotá-las. Eu vou só dizer isto: no dia 6 de outubro os portugueses vão ser chamados a votar nestas eleições legislativas para dizerem quem querem a liderar o governo. Eu espero que António Costa e todo o Partido Socialista voltem a merecer a confiança dos portugueses. A 7 de outubro falaremos sobre todos os cenários que estiverem em cima da mesa. Até posso prometer que venho aqui falar-vos sobre o meu futuro, que tanto vos está a intrigar.

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