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RICARDO CASTELO/OBSERVADOR

RICARDO CASTELO/OBSERVADOR

Beatriz Gosta: "Dizem-me que sou a maior, mas não há hipótese nenhuma de eu acreditar"

YouTuber, rapper e comediante, Marta Bateira (aliás, Beatriz Gosta) perdeu o medo e ganhou coragem. Estreia-se este mês no stand-up comedy com espetáculos no Porto e em Lisboa.

O cabelo curto, as tatuagens que cobrem os braços e a voz rouca fazem-nos dar por ela à distância. Marta Bateira é M7 no rap, Beatriz Gosta no YouTube e Isabel numa versão noturna e mais sensual. Convive sem filtros com todos estes alter-egos, não perdendo a identidade, a espontaneidade e a irreverência. Expressiva e exagerada, tanto na voz como nos gestos, fala da infância feliz, da adolescência rebelde e da descoberta do poder feminino.

Formou-se em design de moda e hoje é “maluca pelo vintage”, mas nunca esqueceu a música, a sua grande paixão. Em 2015 decidiu contar histórias — aquelas que ouvia, contava e imaginava numa mesa de café com os amigos – e divulgá-las na internet. O sexo, as aventuras noturnas e os desencontros amorosos eram temas de conversa sem limites ou tabus, onde um vocabulário próprio e cheio de pronúncia do norte se fez notar. O fenómeno Beatriz Gosta foi rápido e desconcertante, fez rir, pensar e questionar, desbravando caminho para o que viria a seguir. Depois do sucesso na internet, experimentou a rádio, mas é na televisão que se sente mais em casa. Participou no Esquadrão do Amor, no Canal Q, no Cinco Para a Meia-Noite, na RTP1, e até já bateu à atriz Rita Pereira como figurante de uma novela.

Tem pelo na venta e alma boémia, observa ao detalhe o quotidiano e faz dele a principal matéria-prima para divertir. É insegura, perfecionista e tímida, não tem medo do ridículo, mas precisa da aprovação dos outros para ser (ainda) mais feliz. Com quase 37 anos, completa-os no dia 12 deste mês, não quer deixar nada por fazer. Recusou subir a um palco sozinha algumas vezes, mas ganhou confiança e esgotou as datas anunciadas num ápice. A digressão “Quem Acredita, Vai” irá passar nos dias 16, 17 e 19 pelo Teatro Villaret, em Lisboa, e a 24 e 25 de setembro vai estar no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, onde Beatriz Gosta vai contar histórias novas e lembrar outras que a tornaram conhecida, interagindo com o público. Ainda não escolheu o vestido vintage a usar, mas já sabe o que vai beber durante o espetáculo. “Nem vinho nem cerveja, vai ser moscatel porque não me deixa bêbada e relaxa os músculos.”

Foto: Ricardo Castelo/Observador

RICARDO CASTELO/OBSERVADOR

Cresceste na Rechousa, em Vila Nova de Gaia. O que há lá que não existe em mais nenhum lugar?
É engraçado como passas a ponte e as pessoas são tão diferentes. Ainda hoje é assim, mas antigamente era muito mais. Gaia, Matosinhos, Foz, é tudo muito diferente do Porto. Naquela altura, Rechousa só tinha uma padaria e uma mercearia, quando abriu o supermercado a pessoa vestia a sua melhor roupa, era um acontecimento para ver e ser visto. Morava na Rua da Serpente, uma rua muito longa e larga, que tinha uma igreja com um padre ainda acreditando em Adão e Eva e defendendo aquela catequese bem antiga. Tinha uma casa grande com um chorão na fachada, batatas plantadas no jardim e um castanheiro ao fundo. Quando batia aquele setembro e outubro, íamos tirar as castanhas dos ouriços. Havia aquela liberdade que na cidade não existe, hoje um miúdo com oito anos não anda de transportes públicos sozinho. Posso dizer que tive uma infância muito feliz, livre. Sou a quarta filha e a mais rebelde.

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Sempre foste assim?
A minha mãe morreu quando tinha seis anos, lembro-me vagamente, não sei bem o que é real, o que é imaginação e o que me foi contado. Sei é que ninguém foi mimado e eu não fui nada protegida. O meu pai saía de manhã para trabalhar e vinha à noite e foi a minha avó materna que me criou. Era uma mulher típica do campo, mesmo rude e assim muito prática, mas nada preconceituosa. Parecia que nada a surpreendia ou a chocava, gostava muito de estar com ela. É engraçado que às vezes o pessoal da cidade era mais preconceituoso do que uma mulher simples do campo. Dos meus irmãos, eu sempre tive mais ganas de experimentar tudo, sempre tive muita sede de viver e uma uma curiosidade extra.

Como se concilia essa curiosidade com a timidez?
Sou mais tímida quando me quero sair muito bem ou quando me importo sobre o que a outra pessoa pensa de mim. Quando era miúda era muito fechada, não abria a boca, tinhas mesmo que entrar no metro quadrado. Era aquela melhor amiga e bastava-me, não queria ser a mais popular da escola. Não era este furacão que desbunda e diz o que pensa, era muito mais contida. Não tinha coragem de falar, de me chegar à frente ou de mandar uma piada que às vezes pensava e ficava aqui retida.

"Dos meus irmãos, eu sempre tive mais ganas de experimentar tudo, sempre tive muito sede de viver e uma curiosidade extra."

A música surge quando?
Com 12 anos saí de Rechousa e fui viver para o Porto, Aldoar. Chorei muito e ia todos os dias ter com a minha avó, mas de repente descobri todos os encantos do Porto e fiquei fascinada com a cidade. Ao lado da praceta onde morava havia uma cooperativa onde muitos jovens da minha idade começaram no graffiti, no hip hop e no breakdance. Nessa altura conheci a Capicua, comecei a ouvir Mind Da Gap, Gabriel o Pensador e Da Weasel e fiquei apaixonada pelo rap.

Assim nasceu a tua rebeldia?
Não sei, portei-me mal porque no 8.º ano reprovei por faltas com aquele deslumbramento da adolescência. O meu pai passou-se, nunca ninguém tinha reprovado na família, fiquei de castigo e ele deixou de falar comigo. Fui beta até ao 9.º ano e depois fiquei dread. Enquanto umas desfilavam o modelito da Mango que compraram no fim de semana, eu andava de cabelo rapado, calças largas e boxers masculinos.

Foi esse estilo diferente dos outros que te levou a estudar moda?
Gostava muito de moda, a minha avó costurava e eu fiquei com a paixão pelo vintage. Se estou mal disposta e me queres ver feliz, leva-me a uma loja vintage. O que me encanta é ir àquelas lojas recessas e chafurdar no lodo, nas coisas cheias de borboto e do nada encontrar uma peça linda à minha frente. Adoro pechinchas e usar coisas que ninguém tem igual. Era apaixonada pelo rap, mas tinha que tirar um curso e optei por design de moda. Detesto modelação, mas acabei por trabalhar em duas empresas na parte criativa e adorei a experiência. Parei um ano para fazer um álbum de rap, mas não aconteceu.

Porquê?
Fazeres um álbum é muito puxado, é como teres um filho. Tens de acreditar quando tudo te bate com a porta na cara e não podes desistir nem à décima vez. Não estava com coragem, não acreditava em mim. Aliás, esse é o problema, eu nunca acreditei em mim.

É no meio desse desalento que nasce Beatriz Gosta?
Sim, no final do 2014 estava a trabalhar na empresa durante a semana e ao fim de semana cantava com a Capicua. Ela conhecia a forma divertida como eu contava as coisas e um dia sugeriu que eu contasse histórias em frente a uma câmara de filmar. Aceitei logo a ideia, tentei fazer sozinha, mas não consegui. Só quando a Capicua estava a gravar o videoclip com o André Tentúgal e o Vasco Mendes é que trocámos umas ideias e me incentivaram a gravar. Comecei logo com os melhores, o Vasco tem aquele bom gosto e o Tentúgal tem uma cabeça mais comercial, sabe bem o que resulta. Tenho noção que foi mesmo graças a eles que avancei.

Lembras-te do primeiro vídeo?
Foi o “pack night”, publicado em fevereiro de 2015. Gravámos em casa do Tentúgal, tinha uns tópicos escritos, mas foi muito no feeling. Ninguém tinha feito nada daquele género, eu própria tinha ataques de riso com o que estava a dizer e para me rir de mim própria é preciso muito.

Sentiste logo que as pessoas te entenderam?
Senti, não pensaram “olha, que maluca é esta que está aqui a falar?”. Não estava a contar com um feedback tão grande, no fundo, isto era só um projeto criativo para dar um up na minha vida. Claro que existiram comentários negativos, o primeiro deixou-me com as bochechas vermelhas e o coração a palpitar, fiquei mesmo mal. Era tenra na internet, ficava muito abalada, mas nunca pensei em desistir porque tinha uma equipa que me puxava muito para cima.

Foto: Ricardo Castelo/Observador

RICARDO CASTELO/OBSERVADOR

Quem é, afinal, a Beatriz?
É o meu alter-ego, tenho outro que é a Isabel quando estou sensual à noite, com aquele copo na mão. Ser Beatriz prejudica-me violentamente, o povo acha que vai sempre parar a um vídeo e que uma mulher deste tipo não é uma mulher para casar. Existe muito este preconceito, querem-me para uma noite de loucura, mas não para casar e ter filhos. Nem sabem o que estão a perder porque eu daria uma excelente companheira e uma mãe de filhos incrível, meia freak, mas um modelo de família que ainda está por vir.

O objetivo sempre foi fazer rir?
Nunca sonhei ser humorista, tropecei e aconteceu. Não tinha esse objetivo e nem me considero uma comediante profissional. Ao contar histórias, da forma como conto, o povo identificou-se e achou piada. A linguagem física e verbal que uso é exatamente a forma como sou e estou.

Em que te inspiras para fazer os vídeos?
O material é mesmo a minha vida, que é muito divertida, os meus amigos, o que a gente vive, o que eu assisto. Costumo dizer que a vida é um tédio, se a gente não a pinta de cor de rosa estamos tramados. As coisas do quotidiano são engraçadas, tento é ter uma visão crítica e olhar para elas com detalhe.

Viver no Porto facilita o processo?
Acho que se estivesse numa aldeia também fazia piadas com essa realidade. É mais porque a minha temática é boémia, sou uma mulher boémia. Se fosse uma nerd, as minhas histórias teriam certamente outro universo. O Nuno Markl, por exemplo, é nerd e tem a sua própria linha de pensamento. Tento é ser real e divertir-me.

"As mulheres não são muito incentivadas a serem espontâneas e ridículas. Quando uma fala assim abertamente sobre tudo, como eu faço, dizem que está a imitar um homem ou é sapatona."

Marta, Beatriz, Isabel, M7… como convives com todos esses papéis?
Não tenho nenhuma crise existencial, quando passo na rua e me chamam Beatriz eu olho. Ainda ontem fui ao programa do Herman José e ele chamou-me Beatriz, está tranquilo. A Capicua também é Ana Fernandes e está tudo bem. Só quando estou com a Capicua em palco é que não quero que me chamem Beatriz. Estou ali como M7, como rapper, e não como humorista.

O álbum de rap ficou mesmo na gaveta?
Pretendo não deixar a música, mesmo que não fique com a Capicua. Vou alinhar o meu chacra e vou conseguir, nem que seja um tema ou outro na internet, não tem que ser um álbum. A música é uma paixão muito grande, acho que é a maior. Nem moda, nem comédia, a música é mesmo outra cena.

Em que medida é que o teu trabalho é feminista?
Sou feminista, por isso o meu trabalho também o é, mas hoje em dia é preciso esclarecer bem essa questão.

Como assim?
Acho que a porcaria da moda traz coisas boas e coisas más. É fixe o feminismo vir na revista Nova Gente e no Programa da Cristina, a maioria das mulheres toma conhecimento, ganha consciência e questiona-se. A parte má é que se ergue um povo que levanta uma bandeira com a qual eu não me identifico, que é mais de fora para fora do que de dentro para fora. Não exerce o feminismo no dia a dia, canta de galo e depois vai para o Facebook queimar e apedrejar o machista em praça pública. É tudo show off. Claro que não simpatizo com um machista, mas se está um aqui na mesa à minha frente eu posso bater um papo com ele e se calhar vai sair daqui a pensar de outra forma. É isso que me interessa.

Foto: Ricardo Castelo/Observador

RICARDO CASTELO/OBSERVADOR

Quando é que começaste a ganhar interesse e consciência por estas questões?
Não tinha consciência política nenhuma, só quando conheci na cooperativa em Aldoar a Capicua, a Joana Martins e a Mariana Bessa, que são minhas grandes amigas até hoje, é que percebi o quanto me transmitiram. A Capicua ia grafitar e nós íamos todas com ela, depois vinha a polícia e éramos só raparigas. Nessa altura senti que não precisávamos de ninguém, senti esse poder como mulher que até então me passava ao lado. Antes tentava agradar o rapaz que eu gostava, vestindo isto ou aquilo. Ali era mais eu. Ainda no outro dia me contactou um grupo de mulheres a convidar-me para um evento que estavam a organizar só para mulheres, sem homens. Não compactuo, isso para mim é um condomínio fechado, não é a realidade.

Não acreditas nessa separação de género?
Não. Luto para que possas dançar e rebolar com a boca na garrafa e teres um homem ao lado que não te julgue e não te queira papar. Se tiver que esfregar na cara a minha liberdade, epá, habitua-te. O que faz o preconceito é o medo do desconhecido. Se nunca viste um preto vais bater mal, vais ter medo. Se já viveste um beijo entre dois homens ou duas mulheres, normalizas, banalizas, a vida segue. Não gosto dessa proposta de isolamento, mas acho que o cenário está a mudar a passos largos.

Achas que, de certa forma, contribuíste para essa mudança?
Não me quero achar, mas dizem-me que sim, penso que a comunidade LGBT se sentiu representada. Em 2015 dei o pontapé na porta assumindo que uma mulher que cai na gandaia e faz xixi sem ter papel também é uma mulher para casar.

Ser mulher no humor continua a ser um assunto?
Continua porque há poucas, principalmente no stand-up. É preciso ter tomates. Para seres comediante tens de cagar em muitas coisas que te impingiram, como seres bonitinha, ficares bem na fotografia, não seres espontânea. Eu não tenho medo do ridículo e isso ajuda-me muito.

"O que faz o preconceito é o medo do desconhecido. Se nunca viste um preto vais bater mal, vais ter medo. Se já viveste um beijo entre dois homens ou duas mulheres normalizas, banalizas, a vida segue."

Porque recusaste tantas vezes fazer este espetáculo?
As mulheres não são muito incentivadas a serem espontâneas e ridículas. Quando uma fala assim abertamente sobre tudo, como eu faço, dizem que está a imitar um homem ou é sapatona. O pessoal continua a achar isso de mim, o que não é ofensa nenhuma, mas são aqueles estereótipos cansativos. Tinha medo, insegurança, achava que não era mesmo capaz. Não me considero humorista, mas agora ousei sê-lo.

O que mudou?
Estou quase com 37 anos e não tenho muito mais tempo para merdas. Agora, apesar do pânico, ponho-me lá e aguento-me à bronca. Não quero um dia olhar para trás e pensar que podia ter feito isto ou aquilo. Já digo isso relativamente ao álbum de rap, já desperdicei muitas coisas na vida. Não fui uma aluna brilhante, no meio académico podia ter puxado muito mais por mim. Falhei muito nesta vida, por isso agora quero arriscar. Posso não me sair bem, mas ao menos fui.

O que tens preparado?
Vou estar sozinha em palco durante uma hora, vou assumir a cena, será a minha prova de fogo. A ideia é interagir com o público e fazer uma extensão dos vídeos, misturando coisas novas com material antigo. Para já temos datas no Porto em Lisboa, Aveiro já está na manga, quero fazer uma tour e chegar a todo o lado.

Foto: Ricardo Castelo/Observador

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“Quem Acredita, Vai” é a mensagem?
Sem dúvida. Na moda, na música, nos vídeos ou na televisão nunca achei que o que fazia era bom o suficiente. Nunca acho que sou boa. Todos os dias pessoas dizem-me que sou a maior e não há hipótese nenhuma de eu acreditar e, por um lado, ainda bem. Seria horrível acreditar nisso, onde estaria o meu ego? Não sabia que as pessoas acreditavam mais do que eu.

Qual é o teu nível de nervos?
Estou em total medo, só quero que Deus esteja comigo. Para já ensaio na cozinha, quando estou a arrumar, e gravo tudo para ver o tempo.

Pensas no que queres fazer depois disto?
Não, deixa-me partir toda nestes espetáculos e depois festejar. No fim, quero olhar para o espelho e dizer: conseguiste, carago!

Já escolheste a roupa?
Ainda não, tenho vários vestidos vintage possíveis e pedi a uma amiga para me maquilhar. Quero entrar e sentir-me bem e bonita, que não seja por aí que a coisa vá correr mal.

Nos vídeos tens sempre um copo de vinho ou uma mini por perto. O que vais beber em palco?
[Risos] Vou ter moscatel, não me deixa bêbada e relaxa os músculos.

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