786kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Andrei Manuel já passou por vários crashs nas criptomoedas.
i

Andrei Manuel já passou por vários crashs nas criptomoedas.

Andrei Manuel já passou por vários crashs nas criptomoedas.

Bit2Me aproveita "inverno" nas criptomoedas e expande atividade

A Bit2Me aguarda o registo pelo Banco de Portugal para começar a atuar em Portugal nos criptoativos. Garante que o processo está a decorrer, mas tem confiança no que já fez nomeadamente em Espanha.

Entram pela porta da formação. Aprendem sobre criptomoedas e ficam como clientes. Um modelo que não é exclusivo da Bit2Me, companhia espanhola que quer entrar pelo mercado português, tendo já pedido registo junto do Banco de Portugal.

Os alunos de língua espanhola e portuguesa “veem à nossa academia e aprendem de A a Z sobre as criptomoedas de forma gratuita”, começa por explica ao Observador um dos seus fundadores, Andrei Manuel. Com Leif Ferreira ajudou a criar a Bit2Me em 2014. Andrei Manuel, numa conversa por videoconferência, assume que, nesta aprendizagem, desmontam, até, esquemas para que os seus “alunos” possam perceber que há quem tente enganar, mas “nós queremos prevenir e ajudar”.

A porta abre-se, através da academia, à adoção de criptomoedas. E alguns tornam-se, mesmo, clientes. Neste momento, a empresa tem quatro milhões de alunos e 600 mil clientes. Os potenciais são “os quatro milhões porque aprendem connosco e damos-lhes todas as ferramentas, acompanhamo-los e vão ser utilizadores, mas há que ter paciência e ir aos poucos porque são novos utilizadores”. A taxa de conversão é de 2%, mas “queremos aumentar” essa percentagem. “As pessoas têm medo de comprar coisas que não conhecem e aí entra o nosso departamento comercial”. O apoio que diz ser 360º está sempre preparado para ajudar e acompanhar, o que Andrei Manuel realça como fator diferenciador face a alguns líderes de mercado.

A Bit2Me assume-se como uma empresa que oferece uma panóplia de serviços, dizendo não ser apenas uma exchange (plataformas que permitem a compra, a venda e o depósito) de criptomoedas. “Temos produtos focados em cada perfil de utilizadores, porque não somos apenas uma exchange, somos uma suite de produtos como a Google, que tem muitas coisas. Nós também temos um conjunto de produtos para muitos tipos de utilizadores, desde o utilizador que quer aprender até aos clientes que querem comprar, os mais avançados até às empresas”, descreve. Uma pesquisa rápida pelo site da empresa mostra-nos cerca de 20 produtos. Para particulares mas também para empresas, das pequenas às grandes. Se no ano passado, 99% dos clientes eram de retalho, essa percentagem já desceu este ano para os 87%, o que significa que 13% já são do universo empresarial. O que as empresas estão a fazer, revela o responsável, é depósitos de 1-2% do seu cash flow em criptomoedas e deixam-nas na plataforma, como um investimento a longo prazo, mas deixam-nas depositadas para terem remuneração (juros). Já os particulares têm entre 35 e 50 anos e 80% são homens e 20% mulheres.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Vários invernos já aconteceram

A conversa acontece antes do acontecimento que levou a uma nova vida da ethereum, mas num momento em que o mercado ainda sara as feridas do colapso da Terra/Luna e da insolvência da Celsius.

The winter is coming. Criptomoedas em nova prova de fogo

Andrei Manuel não esconde que nessa fase, em que as criptomoedas estavam em queda, que alguns clientes demonstraram medo. Ainda assim outros, realçou ao Observador, aproveitaram os preços baixos para investirem. “Vivemos já por três vezes um inverno nas criptomoedas”, confessa, admitindo que o deste ano foi mais severo, uma vez que apanhou a indústria já com dinheiro institucional. Ainda recentemente a maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, fez as pazes com as criptomoedas.

Há 5 anos dizia que a bitcoin era um índice de lavagem de dinheiro, agora BlackRock rendeu-se

No anterior “inverno” das criptomoedas, foram principalmente particulares os afetados. Havia ainda pouco dinheiro institucional. Mas a bitcoin, agora, realça o mesmo gestor, “é muito forte”. Andrei Manuel acredita que vai haver uma limpeza neste universo, tal como aconteceu no ano 2000 quando a bolha das dotcom estourou. “Há muitas criptomoedas que não servem para nada, e está a limpar, o que é bom. Está a ficar apenas quem na verdade está a trazer algo para a indústria e a criar protocolos que servem”.

Quando se fala de casos como o Terra/Luna ou o Celsius, Andrei Manuel acaba por fazer um paralelismo com o que aconteceu com a banca, uns bancos portaram-se bem, outros não. O gestor aponta o dedo ao caso da Celsius: “podes jogar com o teu dinheiro, mas não podes fazê-lo com o dinheiro dos clientes”. A Celsius utilizava, alegadamente, as criptomoedas depositadas pelos clientes, dando-lhes juros elevados, para emprestar e investir. Muita gente ficou sem o dinheiro quando a plataforma colapsou.

A queda nas criptomoedas afetou o próprio token que a Bit2Me tem, mas Andrei Manuel admite que até sofreu menos. Atualmente um token B2M está a valer 0,010444 euros. O ponto máximo foi em novembro de 2021 quando foi lançada e chegou aos 0,16 euros. Mas tem-se mantido relativamente estabilizado. O COO (chief operating officer, ou administrador responsável pelas operações) da Bit2Me explica ao Observador que o token da empresa “é de utilidade, é o epicentro da nossa infraestrutura, se os utilizadores querem melhores comissões, outras vantagens ou prioridades compram o nosso token”, o que permite menor volatilidade deste ativo. Mas o token serve também para remunerar os clientes.

Evolução do B2M, o token da Bit2Me

Bit2Me e a remuneração aos trabalhadores em criptomoedas

Mostrar Esconder

No final de junho, a Bit2Me anunciou uma parceria com uma sociedade de advogados espanhola, a ATH21, para criar o primeiro fundo de remuneração cripto para os funcionários. Segundo anunciado então, em cada trimestre, a ATH21 alocará 10% do seu lucro a uma carteira virtual que está na Bit2Me. As moedas que estão nessa carteira são utilizadas para premiar os empregados da ATH21 pela sua fidelização. “Este tipo de fundo de fidelização é muito mais atrativo do que os planos tradicionais de stock option ou phantoms, pois o tratamento tributário é mais vantajoso e a saída do produto é segura e mensurável”, destaca a Bit2Me.

 

No meio da tormenta, contratações e Brasil

No meio da tormenta que este ano afetou as criptomoedas, a Bit2Me admite que até pode sair fortalecida. Contratou pessoal, quando muitos estavam a despedir, e abriu escritórios no Brasil. “Vamos sair fortalecidos, porque as pessoas viram que fizemos as coisas bem e não expusemos o seu dinheiro”.

No Brasil abriram com 20 pessoas. É um país que está também a trabalhar na regulação e a Bit2Me quer ser dos primeiros. No conjunto das operações são já 250 pessoas. No anterior crash a empresa tinha no total cerca de duas dezenas de trabalhadores. “Somos uma empresa muito sólida e que temos vários produtos. Antes éramos apenas uma academia e uma plataforma para comprar e vender. Agora temos uma suite com cerca de 20 soluções”.

Um dos sonhos da empresa é replicar na América Latina o que já conseguiu fazer em Espanha. Começou no Brasil, mas vai estender-se a outros países do outro lado do atlântico. Peru, Chile, Colômbia são alguns dos países nomeados. A base começa a surgir. Andrei Manuel fala nos alunos que surgem na academia vindos da América Latina. Cerca de metade, ou dois milhões de alunos, são desse continente. “É muito”, desabafa.

E espera por Portugal

A Bit2Me já iniciou o procedimento para ter um registo em Portugal, o que é feito junto do Banco de Portugal. Já tem pessoas a trabalhar o mercado português, mas através de Espanha, porque aguarda o registo. Em Portugal, neste momento, segundo os últimos dados do Banco de Portugal há sete registos para entidades que exercem atividade com ativos virtuais (Mind the Coin, Criptoloja, Luso Digital Assets, Utrust, Bison Digital Assets, Frozen Time e Definancy).

Aquela que foi a primeira empresa reconhecida pelo Banco da Espanha como prestadora de serviços de moeda virtual no país vizinho, acredita que antes do final do ano conseguirá o registo, mas admite que possa demorar pela elevada procura que houve no mercado português, segundo contou Andrei Manuel ao Observador. O processo já se iniciou há algum tempo. O Banco de Portugal é muito restritivo? “Comparado com o Banco de Espanha é quase igual”, assegurou o mesmo responsável, admitindo, no entanto, que em comparação com outros países, como Itália, é mais exigente. O processo feito em Itália “é um pouco mais fácil”. Mas aguarda com expectativa pela nova regulamentação europeia, designada MiCA (​​Markets in Crypto-Assets), já que quando estiver implementada bastará um único registo em toda a Europa comunitária. Agora, há que bater à porta de cada um dos países, o que exige muito dinheiro e recursos, lamenta Andrei Manuel. A regulamentação europeia ainda vai demorar um ano até que esteja em vigor, por isso o gestor acrescenta que “não podemos esperar que entre em vigor a MiCA, porque na nossa indústria temos de correr mais rápido”.

Quanto às regras de compliance que a MiCA vai exigir, Andrei Manuel garante que a Bit2Me está já com essas exigências implementadas, até porque tiveram de implementar medidas para garantir o cumprimento das regras e quiseram fazê-lo como se de uma instituição bancária se tratasse. Por isso os seus utilizadores conseguem abrir contas em vários bancos. “É a única plataforma de toda a Europa que tem mais de 5 contas de depósito”, destaca Andrei Manuel, que diz que isso distingue a empresa de outras plataformas mais famosas e com mais utilizadores, mas que não conseguem ter contas bancárias.

Andrei Manuel com o outro cofundador da Bit2Me, Leif Ferreira

“O nosso plano não é ser um unicórnio”

Muito se tem falado da possibilidade de a Bit2Me se tornar, em breve, num unicórnio, ou seja, numa empresa avaliada em mil milhões de dólares. A empresa captou, em novembro de 2021, 20 milhões de euros quando lançou o seu token, num processo conhecido como ICO (Initial Coin Offering). “Um dia histórico”, comentou, então, a empresa, já que em três minutos conseguiu colocar todas as suas moedas virtuais. Agora, a Bit2Me assegura que não está à procura de novos investidores nem de mais capital, ainda que sejam abordados várias vezes por fundos, inclusive fundos portugueses. Na última avaliação feita, a Bit2Me tinha um valor de 300 milhões de euros.

Mas Andrei Manuel garante que “o nosso plano não é ser um unicórnio, é ser uma empresa sustentável, fazer as coisas bem feitas e cuidar dos nossos trabalhadores e clientes. Se chegarmos a unicórnio dá no mesmo. Não vou dormir melhor se chegar a unicórnio. Quero fazer as coisas bem”.

Bitcoin ainda não é mainstream

Mostrar Esconder

Só 2% da população mundial tem bitcoin, o que “é muito pouco”. Ainda assim há um boom e muita gente já está a falar de bitcoin. “Apenas 2% detém bitcoin”, por isso Andrei Manuel acredita que só se tornará um ativo de investimento mainstream quando houver maior adoção. Ainda assim já há investidores institucionais a caminhar para este ativo.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora