O Bloco de Esquerda fez este sábado uma das ações que nas campanhas mais ânimo dão ao partido: o mega-almoço. Embalados pela sondagem deste sábado da SIC e do Expresso, que dá o partido como o terceiro mais votado e com a eleição de dois eurodeputados garantida, os bloquistas entraram esta tarde na Sala Tejo do Altice Arena motivados. E para alimentar esse entusiasmo iam subir ao palco algumas das figuras mais importantes do partido: Mariana Mortágua, Pedro Filipe Soares, Marisa Matias e Catarina Martins.

Mariana Mortágua focou-se no tema da evasão fiscal, Pedro Filipe Soares no Parlamento e nas vantagens da “geringonça”, Catarina Martins como a pivô do partido, mostrando ambição e atacando várias frentes, e Marisa Matias, para falar de Europa e criticar o tipo de campanha dos seus adversários.

Se os dois primeiros foram novidades nesta campanha o mesmo não se pode dizer de Catarina Martins e Marisa Matias, que cada vez mais assumem uma postura de polícia mau e polícia bom — respetivamente. Uma estratégia que tem permitido que a candidata mantenha a sua narrativa moderada deixando para a líder o confronto mais direto.

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Seguiu-se uma arruada pelo Parque das Nações sem muito contacto popular, onde os bloquistas estiveram a fazer a festa consigo próprios.

“Apelo a que quem confiou no BE em 2015 e a quem votou na Marisa Matias em 2016 não fique em casa”

Nesta distribuição de tarefas, Catarina Martins tem sido a responsável por fazer os ataques mais diretos com um discurso mais acutilante, sobretudo se comparado com o tom de moderação de Marisa Matias. Esta tarde, a coordenadora do BE apelou aos eleitores que já deram bons resultados ao BE no passado que não deixem de ir votar. Mas foi mais longe e pediu também o apoio de “quem nunca votou no Bloco de Esquerda“.

Alto. O mega-almoço do Bloco de Esquerda juntou em Lisboa cerca de 900 pessoas. Um número significativo, sobretudo depois de uma semana em que o partido apostou numa campanha muito direcionada para nichos e causas, tendo deixado de parte as multidões e os grandes comícios. Esta ação quebrou essa monotonia e acabou por dar mais cor à campanha segura que o BE tem feito até agora.

Baixo. É certo que a estratégia de não “entrar no mesmo tipo de campanha que os restantes candidatos” é intencional e pode dar votos. E o trunfo de Marisa Marias nunca foi a hostilidade face aos adversários. Mas a contenção a que a candidata se auto-impõe, faz com que muitas vezes as suas intervenções sejam tão discretas que dificilmente marcam a agenda. Excesso de zelo?

Os três casais que vieram de Guimarães. Bigode farto, barriga de cerveja que se faz notar por a camisola verde estar por dentro das calças de ganga, óculos de sol e cabelo grisalho. António chegou à frente de um grupo de cinco pessoas — dois homens e três mulheres — aparentando uma confiança que não tinha. Estava meio perdido quando entrou na sala Tejo do Altice Arena, mas sabia que não podia falhar aos amigos que liderava. Tentando ser discreto, perguntou ao Observador se podiam ocupar uma mesa que estava vazia na última fila. “Somos três casais de Guimarães e queríamos ficar na mesma mesa“. Apontava para uma que estava reservada para a imprensa. O grupo que o seguia aproximava-se e António, para não dar parte fraca, não esperou pela resposta e seguiu seguro para uma segunda mesa também vazia.

No fim do mega-almoço, agradeceu ao Observador. “Eu é que tratei de tudo e não podia ficar cada um em seu lado, não é?”, justificou-se orgulhoso por ter corrido tudo como tinha idealizado.

O dia do Bloco de Esquerda teve as suas únicas ações em Lisboa, no Parque das Nações. Mega-almoço seguido de comício. A agenda pública ficou por aqui, mas a caravana bloquista seguiu rumo ao Aeroporto Humberto Delgado para apanhar um voo para o Funchal, onde o partido vai passar o dia de domingo. Uma viagem de uma hora e meia e em que o avião vai percorrer cerca de 973 quilómetros. Assim, quando a campanha acordar no Funchal já vai contabilizar um total de 2.839 quilómetros percorridos.