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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Bloco de notas da reportagem no PSD. Dia 4. "Rangelistão" só na terra de Aquilino e um Viriato que soube a pouco

Paulo Rangel sempre que pode vai à rua, mas é dentro de salas, perto dos militantes, que se sente como peixe na água. No pavilhão em Sernancelhe foi estrela, nas ruas de Viseu foi discreto.

Viseu estava em alerta laranja para Rangel antes da campanha. O líder distrital, Pedro Alves, tinha apoiado Rui Rio num primeiro momento, mas na batalha do impeachment fez parte do grupo dos cinco que tentaram pôr a destituição em marcha. Independentemente disso, o distrito é Pê-pê-dê. Assim, com as letras todas e por isso espera-se sempre apoio nas ruas.

O assunto pareceu ficar arrumado logo à hora de almoço no concelho onde nasceu Aquilino Ribeiro, em Sernancelhe, com mais de 500 pessoas a esperar Rangel (e o almoço, que era porco no espeto no pão). Independentemente do que motivou as pessoas nota-se que a distrital de Viseu mobilizou gente, com a ajuda do presidente da câmara, Carlos Santiago (que também é PPD). No discurso, Rangel foi curto, direto e voltou a visar Pedro Marques na perspetiva de tudo o que considera que fez mal e que afetou as pessoas do interior e os agricultores. Ou seja: precisamente a plateia que tinha pela frente.

O evento correu-lhe bem pela produção, mas também pela espontaneidade. Agostinho Costa, homem da concertina de 73 anos, fez questão de cantar uma quadras ao “amigo” Paulo Rangel. A visita ao hospital também foi útil para Rangel: conseguiu expor fragilidades no Serviço Nacional de Saúde, que são sempre imputadas ao Governo.

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A arruada, o último evento do dia antes dos telejornais da noite, é que foi frouxa. Rangel não é um animal de rua, mas  tem várias arruadas programadas. Já na sexta-feira de manhã volta a uma feira, apesar de toda a pancada que levou em peças jornalísticas pela falta de jeito a lidar com pessoas, a prolongar a conversa ou a criar empatia. Na verdade, Rangel só conseguiu um verdadeiro “Rangelistão” em Sernancelhe, mas o balão esvaziou-se pelas ruas de Viseu ao final da tarde. Foi o frio, diz o candidato. O partido mobiliza mais dentro de salas.

“Não se preocupe que nós ainda não saímos de Viseu. Aguardem para ver, não faria era perguntas antes do tempo”

Rangel disponibiliza-se sempre para falar aos jornalistas. A irritação do dia da Pampilhosa parece ter ficado definitivamente para trás. Antes de se ligarem as câmaras e os gravadores em Viseu, os jornalistas comentavam que iam só fazer algumas perguntas. Ao que Rangel retorquiu: “O problema são as respostas, que podem ser mal dispostas”. Depois, acabou por responder com fair play. Sobre a ausência de Fernando Ruas, respondeu de forma espirituosa, como quem diz: calma, que ele ainda vai aparecer. Ou seja: a presença estava prevista para o evento da noite.

Alto. A mobilização que o PSD conseguiu em Sernancelhe a uma quinta-feira ao almoço, com mais de 500 pessoas num dia de trabalho, mostra que a estrutura está empenhada em ajudar Paulo Rangel a ter um bom resultado. Isto tendo em conta que o distrito é Viseu, que é rotulado como anti-Rio (além de Pedro Alves, o homem que acompanhou Rangel pelas ruas de Viseu, Almeida Henriques, foi mandatário de Santana Lopes nas diretas). A distrital pode não estar com Rio, mas parece estar com Rangel (mesmo que a arruada na cidade de Viseu tenha sido fraca). À noite, voltou a encher a Aula Magna do Instituto Politécnico de Viseu.

Baixo. É certo que europeias nada têm a ver com legislativas (em que Passos tinha uma rua à pinha), mas também é certo que o sucesso desta arruada é inferior à de há cinco anos. Quando o PSD é governo, a mobilização é mais fácil, para além de que em 2014 havia CDS. Ainda assim, numa cidade que outrora era a sede de um cavaquistão que não virava a cara ao PSD, parece haver muita indiferença a uma eleições que são importantes para o partido. Rangel provou um doce na pastelaria Amaral, o Viriato, que nunca tinha provado, mas o próprio confessou que a arruada “soube a pouco”.

Agostinho Costa, tem 75 anos e toca concertina há 55. Faz “festas, casamentos e batizados”, mas foi a figura de destaque do almoço com militantes do PSD em Sernancelhe. Ao Observador confessou que não é militante do PSD, mas do CDS há muitos anos: “Ainda tenho um cartão de militante comigo, mas houve coisas que me deixaram chateado aqui no concelho“.

Agostinho perguntou a Paulo Rangel se ia a Sernancelhe para “trazer alguma coisa ou buscar” e comenta essa abordagem de forma enigmática: “Ele sabe a que me quero referir, porque farto de aldrabices andamos nós. Se não me dissesse nada a candidatura de Rangel, nem sequer viria.” Foi na quarta-feira à noite que o presidente do rancho folclórico de Sernancelhe lhe pediu “para dar um salto” ao evento do PSD e Agostinho “largou o que tinha para fazer” para ir. Como sempre vai.

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O militante do CDS diz que gosta “muito do Nuno Melo” porque lidou “com ele muitos anos” e esteve com ele em vários comícios, mas também com “Lobo Xavier e outros assim.” Apesar de achar Melo um “bom sujeito”, explica que “Paulo Rangel tem outra motivação e outras condições”.

Sobre a União Europeia diz que “foi boa” porque ao contrário dele — que andou décadas a trabalhar entre França e Portugal — os filhos agora “não precisam de andar com a mesma dor de cabeça, de ter de passar fronteiras, de ir por estradas ruins e trocar escudos por pesetas e francos.”

Por outro lado, Agostinho vê como negativa a inflação provocada pelo euro: “50 escudos, passou a valer 50 cêntimos. 100 escudos, passou a valer um euro. Isto não se ajusta de maneira nenhum. Um euro vale duzentos paus, isto não é justo”.

No fim da pequena entrevista, Agostinho Costa fez uma quadra para o Observador:

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Sernancelhe foi uma espécie de “Rangelistão” com centenas de militantes a apoiarem o candidato do PSD. Rangel sentiu-se motivado e isso notou-se na forma como interagiu com as pessoas. O ambiente era descontraído e natural. Naquele pavilhão, tudo o que podia correr bem, correu bem.

O dia foi particularmente duro em distâncias. O primeiro esticão foi de Lisboa a Moimenta da Beira para a visita a uma cooperativa de vinho: 347 quilómetros, que correspondem a quase quatro horas (agravadas por trânsito lento à saída de Lisboa pela manhã). Depois disso foram mais 17 quilómetros até Sernancelhe. Seguiu-se Viseu (mais 53 quilómetros) onde foram o resto das ações do dia. O dia 4 teve assim mais 417 quilómetros, o que dá para ultrapassar a barreira dos mil quilómetros no total acumulado. Mais precisamente, 1004 quilómetros acumulados desde o início do período oficial de campanha.

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