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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Bloco de notas da reportagem no PSD. Último dia. O maratonista sprintou para o PSD não ficar de tanga

Rui Rio e Paulo Rangel inventaram ações, alertaram para os perigos de dar força ao PS e não rebuscaram a vitimização dos últimos dias. A norte tudo corre melhor a este PSD, que gosta de lingerie.

Rui Rio corria os 100 metros quando era jovem, mas sempre disse que a idade o tornou num maratonista. Neste caso, o PSD decidiu acabar o último dia ao sprint. Em vez das críticas às sondagens e à comunicação social ou de prepararem um controlo de danos como nos últimos dias, Rio (e principalmente Rangel) fizeram-se à estrada. Puseram mais dois eventos na agenda que não estavam previstos: uma arruada em Braga e uma mega-caravana pelo concelho do Porto.

Pode haver quem diga que uma caravana por um concelho é próprio de uma candidatura autárquica (e Rio faz sempre alusão a “quando eu estava na câmara do Porto”), mas o mais importante é que o PSD vai tentar até às 23h45, até à última buzinadela, ganhar votos.

Quanto ao discurso, o partido percebeu que, para arregimentar os seus, tinha de engrossar o discurso anti-PS, agitar com o fantasma do controlo do Estado pelos socialistas e com a bancarrota do passado. A frase mais repetida no último comício foi: “O povo não esquece, que a culpa é do PS”. Tanto por Rio, como por Rangel. O candidato foi o mais agressivo para o PS e falou na “ocupação molecular do poder” do “controlo da comunicação social” e do “controlo dos próprios companheiros de partido” como hábitos do PS. Ao almoço tinha dito que Francisco Assis foi silenciado.

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Já Rio disse que o PS “namora com qualquer um, mas só casa por interesse. Porque por amor só mesmo ao poder”. Objetivo: colar a imagem de habilidade política a António Costa.

A vitamina P, de Porto, é importante para Rangel e Rio. A arruada correu melhor, até nos detalhes (onde dizem que está o diabo). Um exemplo: o alemão que Rio encontrou em Lisboa era do SPD (irmão do PS), o que encontrou no Porto era da CDU (irmão do PSD). Ficou por perceber a razão de Rio entrar em tantas lojas de lingerie e roupa interior, mas é certo que procura evitar, para utilizar a frase que o ex-líder Durão Barroso aplicou ao país em 2004, que o PSD fique “de tanga”.

Alto. O ponto mais positivo da reta final da campanha resiliência até ao último minuto, fazendo jus à cidade onde terminou a campanha: o Porto. Rui Rio e Paulo Rangel vão estar mesmo até à meia-noite, até ao último minuto a tentar arregimentar votos. O agudizar do discurso nesta reta final contra o PS também pode ser o último trunfo que o PSD tem na mão, resta saber se é suficiente para as pessoas irem até às urnas.

Baixo. Não tanto do último dia, mas o aspeto mais negativo da campanha foi o facto da direção do PSD tentar justificar sempre falhas com um bode expiatório. Votámos a favor da reposição dos professores? Foi golpe de Costa com ressonância da comunicação social. As sondagens são más? O instituto que fez a sondagem falha muito. Há um problema na contagem de pessoas num espaço? É uma conspiração dos jornais contra o PSD. Normalmente, estes sinais significam que algo não está a correr bem.

A um mês das eleições, o PSD tinha ótimas sondagens. Davam empate técnico com o PS, com o PSD a poder eleger sete eurodeputados e — num cenário maravilha — até podia chegar aos oito. O que não seria bom, seria ótimo. No primeiro comício em Aveiro, ainda se acreditava na eleição de Ana Miguel Santos, a número oito. Mas António Costa aproveitou a questão dos professores para ferir o PSD e as sondagens começaram a mudar. Uma delas até deu 23%, o que seria o pior resultado nacional de sempre. Os cinco piores resultados foram:

  1. Legislativas de 1976 (com Sá Carneiro): 26,39%.
  2. Legislativas | Constitucionais de 1975  (com Sá Carneiro): 26,39%
  3. Legislativas de 1983 (com Mota Pinto): 27,24%
  4. Europeias de 2014 (em coligação, com Paulo Rangel): 27,71%
  5. Legislativas de 2005 (com Santana Lopes): 28,77%.

Ora, já nesta última semana a sondagem da Católica dá 23% ao PSD, a da Aximage 25,4% e a da Eurosondagem dá 25,5%. Qualquer uma seria o pior resultado nacional de sempre do PSD. Perante este cenário, se o PSD mantiver os seis eurodeputados já é bom. E já tem havido controlo de danos nesse sentido, com Rio a dizer que manter os seis não é uma derrota estrondosa. Ainda assim, continua a dizer que um ótimo resultado é ganhar e que um bom resultado é meter mais um eurodeputado que em 2014 (sete). Para isso bastava ter a mesma votação de há quatro anos, já que os sete que a Aliança Portugal elegeu incluíam Nuno Melo, do CDS. A meta do PSD é assim ter pelo menos seis, tentar os sete e lutar para que o PS fique abaixo do “poucochinho” de Assis, para poder atacar António Costa.

Agostinho Marques, 51 anos, é militante do PSD e estava a distribuir óculos de sol na rua de Santa Catarina. O social-democrata começa por dizer que só tem a “quarta classe” e que não percebe muito do funcionamento da União Europeia. Defende, no entanto, que “isto, o país, Portugal, tem de tomar outro rumo” e que, para isso, “estas eleições são muito importantes. Isto porque o resultado das Europeias, acredita, é “muito importante para que Rui Rio possa ganhar” as legislativas em outubro.

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Mais do que o que se decide em Bruxelas, Agostinho gosta do partido “pelas pessoas” e, em particular, pelo presidente da junta de freguesia de Paranhos, Alberto Machado, a quem reconhece trabalho político: “Um presidente impecável”. É também “por ele” que está ali a distribuir óculos de sol do PSD durante a descida da rua de Santa Catarina. Foi por Sá Carneiro que aderiu ao PSD e a arruada mais memorável que fez foi precisamente “à beira” do fundador do PSD “na Avenida dos Aliados” já “há uns aninhos”.

Além de Sá Carneiro, Agostinho tem como referência ex-líderes do PSD como Cavaco Silva e do “Presidente da República que está agora, que é cinco estrelas, o doutor Marcelo, gosto muito dele”. E, claro, Rui Rio: “Estive sempre ao lado dele quando ele desceu Santa Catarina em campanhas autárquicas para a câmara do Porto.

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Rui Rio e Paulo Rangel subiram até à varanda já perto da praça da Batalha, onde acabou a arruada pela Baixa do Porto, e acenaram à multidão. A maior que o PSD teve até agora. O partido, liderado por Rui Rio, consegue mobilizar mais a norte do que a sul. No Porto e, mesmo sendo difícil quantificar, também em Braga, o PSD mobilizou mais gente do que no Chiado em Lisboa, onde até funcionários do grupo parlamentar foram convidados a participar.

O último dia de campanha arrancou em Lisboa e só terminou no Porto. A caravana laranja partiu da capital em direção à Invicta, contabilizando 312 quilómetros. Do Porto, Paulo Rangel seguiu para Vila Verde, em Braga, para um almoço com simpatizantes e militantes – foram mais 70 quilómetros. À contagem somaram-se depois mais 16 quilómetros percorridos até ao centro de Braga. O contador da comitiva do PSD terminou já no Porto, com mais 57 quilómetros entre as duas cidades. No total, foram percorridos 455 quilómetros no último dia de caça ao voto. Contas feitas, o papa-quilómetros no PSD fecha assim a campanha eleitoral com 3617 quilómetros percorridos.

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