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HUGO AMARAL/OBSERVADOR

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Carim Habib. Nigéria e Paquistão são mais atraentes do que a Alemanha

Carim Habib, ex-Deutsche Bank, está a afinar uma estratégia de investimento em dívida pública para lançar um fundo de investimento a partir de Lisboa. A dívida alemã está muito cara, diz o consultor.

Não é fácil compreender a estratégia de investimento que Carim Habib está a aperfeiçoar. O consultor quer descobrir os títulos de dívida pública que os restantes investidores dizem que são muito arriscados – essencialmente devido à situação política –, mas que, na verdade, não o são, porque a nação emissora tem capacidade económica para pagar. Se Habib os descobrir, conseguirá receber um juro muito alto, correndo um risco controlado.

Carim Habib conta que já convenceu uma sociedade gestora de fundos a lançar um produto que, na prática, será gerido pela sua sociedade de consultoria para o investimento, a Dolat Capital. Esta firma é o culminar de uma carreira internacional na área das finanças, passada maioritariamente no Deutsche Bank, mas que começou no Caixa – Banco de Investimento e passou também pelo ING Investment Management.

A seguir ao lançamento do fundo, Habib conta expandir a consultoria a outras entidades, como particulares, fundos de pensões e fundações. O consultor defende, em entrevista ao Observador, a filosofia do investimento em valor, qualquer que seja o instrumento financeiro, das ações às obrigações, passando por fundos de investimento. Em vez de Warren Buffett, o multimilionário que é atualmente o arauto dessa filosofia, Carim Habib gosta mais dos princípios de Benjamin Graham, que, afinal, foi o professor e mentor de Buffett.

A Dolat Capital é a 13.ª sociedade de consultoria para investimento registada na CMVM. Qual é a especialidade?

Benjamin Graham, o pai da avaliação de ações

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Aristóteles foi o pai de todas as ciências. Isaac Newton foi o pai da ciência moderna. Adam Smith foi o pai da economia moderna. E quem foi o pai da ciência da avaliação de ações? Benjamin Graham. Há quase dez meses, o Observador publicou uma biografia sobre o primeiro guru de bolsa, que incluía a recomendação de uma carteira grahamiana. Embora ainda seja cedo para a avaliação do resultado, os títulos indicados renderam 3,47% desde então, cerca metade do avanço das bolsas mundiais.

Aderimos à filosofia de value investing [investimento em valor]. Esta filosofia não se aplica apenas às ações. Em Portugal, há o conceito de que value investing é o Warren Buffett e o Warren Buffett investe em ações. A nossa filosofia de value investing é na perspetiva de Benjamin Graham: analisar ativos com análise fundamental, encontrar ativos que estejam abaixo do seu valor intrínseco e que tenham uma margem de segurança suficiente para que proteja o investidor do risco que é a perda permanente de capital.

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O vosso portal indica que estão particularmente atentos aos riscos de natureza política. Como combinam o investimento em valor com o risco político?
O risco político e económico de um país acaba por se refletir no seu risco de crédito. Podemos olhar para o CDS [credit default swap, um derivado que funciona como um seguro contra incumprimento] a cinco anos onde está refletido o risco de crédito real de um país, mas também podemos olhar para o mercado de obrigações com a mesma maturidade e perceber onde está esse risco de crédito implícito.

Como funciona na prática?
O que fazemos em primeiro lugar é olhar para a ordem mundial. Como se enquadra o posicionamento das grandes potências? Como estão a posicionar-se os Estados Unidos? Qual é o desenvolvimento e a estratégia da Europa face ao resto do mundo? É preciso ver a China. Depois, o que tentamos fazer é encontrar situações idiossincráticas, aquilo a que chamo flash points: situações específicas que levam a que o risco económico de um determinado país seja influenciado pelo seu risco político.

É mais fácil de compreender através de um exemplo.
Em 2014, Putin decidiu invadir a Ucrânia. Foi uma decisão política. Como o resto do mundo colocou uma série de sanções à Rússia, os spreads de crédito das obrigações soberanas da Rússia em dólares, bem como uma série de ativos – empresas públicas, etc. –, alargaram-se significativamente. [O spread de crédito é a diferença entre a taxa de juro anual das obrigações face à taxa de juro anual de um título de referência, como as obrigações do Tesouro norte-americano.] Surgiu um flash point: o risco político criou uma oportunidade de investimento. A própria Ucrânia, que estava muito dependente da Rússia e porque a sua economia colapsou, teve que pedir um empréstimo ao FMI e reestruturar a sua dívida. Antes disso, os atores económicos e os mercados financeiros decidiram que um bond [obrigação] da Ucrânia em dólares com uma maturidade em 2016 passou de 100% [do valor nominal] para 50%. Houve reestruturação da dívida e a recuperação foi de 80%.

Como é que isso poderia refletir-se numa recomendação da Dolat Capital?
O que fazemos é a combinação de análise de risco político e de risco económico numa perspetiva de value investing. Há uma série de investimentos que não recomendamos, porque sabemos que são instrumentos que têm mais complexidade. Por exemplo, só investimos em moeda forte; não investimos em moeda local. Investimos em dólares ou euros e, eventualmente, em libras. Tentamos investir em situações em que o mercado faz o overpricing [sobreavaliação] do risco. Quando o mercado não sabe avaliar o impacto do risco político no risco económico acha que o pior já está a acontecer, o que, às vezes, não acontece. Tentamos avaliar a capacidade e a vontade de pagar do emitente.

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Recomendariam investir na Ucrânia nessa altura?
Não fazemos recomendações individuais para alguém investir na Ucrânia. Estamos a desenvolver esta estratégia de investimento e vamos lançar um fundo de investimento com uma entidade gestora, em que nós seremos o investment advisor [consultor para investimento]. Estamos a trabalhar nisto neste momento. Será um fundo de investimento que investe globalmente em obrigações e que tenta aproveitar as oportunidades de impacto de risco político no risco económico.

O lançamento é para quando?
Estamos a trabalhar no processo de investimento e na documentação e depois vamos submeter ao regulador. Espero que não leve muito mais do que três meses.

O regulador é o português?
Não está completamente decidido.

A análise dos flash points acontece após um evento? Não tentam antecipar um acontecimento como a invasão da Ucrânia?
Tentamos identificar os potenciais eventos e as consequências desses eventos. Há vários países que têm lideranças instáveis e têm líderes imprevisíveis. Putin é um deles. Erdogan é outro. Há outro evento que se pode antecipar. A procura da China desacelerou ao nível geral, os novos produtores de shale oil [petróleo de xisto] e de gás nos Estados Unidos e noutros países fizeram com que os preços do petróleo e das commodities [mercadorias] caíssem de forma muito drástica e isto teve um impacto nos [países] produtores de petróleo. Todos os países que estavam muito voltados para receitas com base na produção de commodities sofreram bastante. Nós conseguiríamos antecipar isso.

E a política?
O caso da crise política no Brasil. O Brasil só começou a alargar o risco de crédito quando houve o downgrade [redução da notação] das agências de rating. Já se previa um colapso político, mas realmente só após o downgrade da república é que se massificou o evento. Em muitas circunstâncias, conseguimos antecipar. O cenário ideal é tentar aproveitar as situações após acontecer.

Pode dar um exemplo mais atual?
Vou dar o exemplo da Nigéria. É o maior produtor de petróleo de África. Tem atualmente um spread de crédito na casa dos 500 basis points [pontos-base] em dólares [face às obrigações do Tesouro norte-americano]. Podia ter um spread de crédito na casa dos 200. Isto porquê? Porque é um país muito grande, muito instável politicamente, tem muitas etnias, tem um conjunto de problemas de terrorismo interno e de secessão interna, o que provoca que os investidores tenham mais dificuldade em conceder financiamento. Mas os fundamentais económicos deste país são suficientemente sólidos.

Estão compradores de dívida nigeriana?
Sim, é um dos nomes que poderíamos equacionar no nosso portefólio. Estudámos o perfil de dívida ao longo do tempo e vemos o que afetou o spread de crédito. Chegamos à conclusão que eles são obviamente dependentes do preço do petróleo. O preço do petróleo caiu de uma forma significativa e o spread de crédito alargou-se. Mas economicamente têm capacidade para pagar.

Que mais poderiam comprar?
O Paquistão. É um país muito grande. Tem cerca de 200 milhões de habitantes. É um país que tem um valor estratégico para várias potências, nomeadamente para a China, para a Rússia e para os Estados Unidos. Não têm grandes recursos naturais. Tem uma população muito jovem. Mas também é um país muito instável. Já fizeram algumas reestruturações de dívida no passado. O spread de crédito está agora nos 500 e tal [pontos-base], esteve muito tempo nos 700. Tendo em conta os níveis de dívida, de défice e de balança de transações correntes, têm capacidade suficiente para pagar. Mas o mercado, pela instabilidade do país, porque tem muito headline risk, isto é, aparece todos os dias na CNN, interpreta mal o risco económico. Tem menos risco do que muito outros países, incluindo países europeus.

Tais como?
Como a Grécia.

O “bund” a cinco anos a -0,50% é supercaro.
Carim Habib

Os mercados continuam em alta: ações nos máximos, obrigações também, ouro próximo do pico. Quando é que isto acaba?
Fazemos análise fundamental de valores individuais. Não fazemos previsões para o mercado em geral. Há, no entanto, ativos que estão claramente muito caros. O que acho que está mais caro é a dívida pública alemã. O bund a cinco anos a -0,50% é supercaro. É mais caro emprestar dinheiro à Alemanha a cinco anos a -0,50% do que, se calhar, investir numa empresa tecnológica americana com um múltiplo mais elevado.

As taxas de juro inverter-se-ão?
Não significa que [as taxas de juro da dívida alemã nos -0,50%] não possam durar muito tempo. Acho que não faz muito sentido ter os preços atuais de muitas obrigações, nomeadamente europeias.

O aconselhamento de outros clientes que não sejam o fundo de investimento não se resume ao mercado de dívida?
Claramente. A nossa filosofia de aconselhamento é de value investing numa perspetiva de longo prazo. Esta estratégia específica [de dívida pública] é mais fácil de materializar-se através de um fundo de investimento. Vai ter 25 a 30 nomes, vai investir em obrigações de países ou de empresas relacionadas com países, sem nenhuma limitação geográfica, vamos estudar o risco político de cada emitente, estudar a consequência no risco económico, vamos ter uma baixa rotação da carteira. No fundo, é uma estratégia de longo prazo.

Habib recomenda qualidade

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Um dos fundos cotados preferidos de Carim Habib é o iShares Edge MSCI USA Quality Factor ETF, negociado em Nova Iorque. “Investe em empresas americanas com rácios de qualidade. Não é apenas na lógica do book value [valor contabilístico], são coisas mais detalhadas”, resume o consultor. Entre os maiores ativos estão nomes como Apple, Boeing e Berkshire Hathaway, a sociedade liderada por Warren Buffett. A taxa anual de encargos correntes é de 0,15%.

Nas outras carteiras, excluindo o fundo, irão ao mercado de ações?
Tipicamente, numa carteira normal, o que gostamos de ter é investimento direto em algumas ações, investimento direto – se for necessário – em algumas obrigações, ter alguns ETF [exchange-traded funds ou fundos cotados] em algumas áreas, porque achamos que é a forma mais fácil e eficiente em algumas circunstâncias, e poderá, eventualmente, ter algum fundo de investimento. Não acreditamos em produtos muito complexos. Durante muitos anos, desenhei vários produtos complexos. Sei os riscos e os custos que estão associados. Para a maior parte dos clientes, há outras formas de obter o mesmo resultado com outro tipo de riscos.

É possível replicar um produto financeiro complexo com um potencial maior ou com um risco mais baixo?
Pelo menos, em que os riscos estão mais identificados, os custos são mais transparentes, a forma de avaliar é mais transparente. Há formas de dar exatamente a mesma exposição não utilizando alguns desses instrumentos.

E 25 a 30 títulos são suficientes para atingir diversificação?
Acredito que o excesso de diversificação é que é um problema. A partir de um certo número, a diversificação é marginal. Temos um problema suplementar: os custos são mais elevados, a capacidade de seguir esses nomes é mais complexa. Também acredito em conhecer a fundo todos os investimentos, mesmo que sejam investimentos indiretos.

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Recomenda mais ETF do que fundos tradicionais. Em que casos prefere fundos tradicionais?
Há situações em que os fundos de investimento são mais interessantes. O problema geral é que os fundos de investimento têm custos muito elevados, especialmente para o retalho. Se considerarmos todos os custos – gestão, custódia, do regulador e de auditoria –, a soma é tipicamente elevada. Há um segundo custo que é a rotação das carteiras. É um custo implícito que está lá dentro. Há fundos de investimento em certas classes de ativos em que é difícil fazer [com ETF]. Por exemplo, [obrigações] convertíveis: é uma classe muito específica, numa área em que a gestão ativa acrescenta um valor significativo. Obrigações emergentes é outro exemplo. Em ações, em mercados desenvolvidos, em mercados muito transparentes e líquidos, o ganho marginal no médio-longo prazo é muito reduzido.

O que traz de novo a Dolat Capital ao mercado português da consultoria para investimentos?
O que trazemos de novo é um modelo de negócio muito transparente. Temos duas linhas de negócios. [Na primeira] temos a estratégia de investimentos que estamos a desenvolver que envolve risco político e risco económico para investir a nível global.

E a outra linha de negócio?
O sistema financeiro sofisticou-se muito nos últimos 30 anos, mas há uma coisa que ficou para trás. O serviço que se presta ao cliente é ainda muito focado na ótica de quem presta e não de quem o recebe. Quero dizer que os serviços financeiros são muito caros. Há um aconselhamento que não é especializado. Claramente, nós conseguimos fazer muito melhor. Acredito num modelo em que se conhece a fundo o balanço do cliente: os ativos que tem, os passivos que pode ter, a curva de interesses que tem para o futuro, ou seja, os objetivos financeiros que tem. [Queremos] prestar um serviço a um preço justo em que haja alinhamento de interesses.

Isso não se faz em Portugal?

Faz, mas de uma forma mais voltada para a ótica comercial.

Por exemplo?
As pessoas chegam ao pé do assessor financeiro e dizem “tenho 100 mil euros” e a contraparte diz “vou fazer-lhe uma análise de avaliação de risco”, desconhecendo em absoluto o resto. As necessidades específicas do cliente não são tidas em conta. Depois, há uma lógica de pouca transparência do que se oferece.

Ao nível de custos?
Ao nível de custos, ao nível de estilo de gestão, ao nível de riscos que se incorrem. Há pouco tempo fiz uma análise aos prospetos de venda de vários fundos de investimento domiciliados em Portugal. Chego à conclusão que não há transparência suficiente relativamente à estratégia que se toma.

Não é claro para o subscritor no que está a investir?
Penso que dificilmente será claro para alguém que não seja profissional. Essa lógica tem de ser completamente invertida.

Quanto custa um serviço de consultoria para investimentos na Dolat Capital?
Há dois modelos de prestação de serviço. Num modelo, alguém chega até nós e diz “temos este património, estas são as nossas responsabilidades, estes são os nossos objetivos de longo prazo, estas são as nossas preocupações”, nós analisamos o portefólio do cliente, o balanço, etc. e chegamos a uma conclusão em que dizemos “se quer ter um aconselhamento connosco vamos cobrar uma comissão fixa sobre todo o património que está sob aconselhamento”. Também podemos trabalhar em situações mais específicas. Alguém que tem uma carteira complexa com vários bancos e precisa de um terceiro para fazer uma avaliação específica durante um período, sobre os seus investimentos, sobre fazer uma transição de um banco para outro, sobre criar uma política de investimento. Cobramos por projeto, pelo número de horas.

A avaliação no primeiro modelo é contínua? Quanto custa?
Exatamente. Prefiro não fazer a divulgação. É claramente um valor muito mais baixo do que [a comissão de] uma normal gestão discricionária que se cobra em vários bancos e sociedade gestoras.

Não é normal ser mais baixo, já que não inclui a fase final da estratégia, que é a execução?
É verdade. Nessa perspetiva, o nosso serviço vai incluir a negociação de um banco de custódia. As comissões de execução, as comissões de custódia, as comissões em corporate actions [atos societários, como distribuição de dividendos ou de juros] são custos que achamos que são muito elevados.

Em Portugal ou no mundo?
Penso que Portugal é um mercado menos transparente e menos competitivo. Em Espanha, [o custo] é claramente mais baixo. No Reino Unido é mais baixo. Na Alemanha também.

Aconselham a ter a conta de custódia fora de Portugal?
Depende do cliente. É preciso perceber as necessidades do cliente. É preciso uma lógica de risco do país.

Há um montante mínimo para a carteira aconselhada?
Não temos um montante mínimo, mas obviamente tem de ser um valor que faça sentido.

As comissões podem ser muito pesadas se a carteira for pequena.
Claramente.

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