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MIGUEL A. LOPES/LUSA

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Carlos Guimarães Pinto: "O lugar de pessoas como o Adolfo Mesquita Nunes já não é no CDS"

O ex-líder da IL não tem medo da concorrência de um CDS mais liberal e defende que acordos com o Chega são inaceitáveis. Aliás: preferia ser oposição a Pedro Nuno do que estar no Governo com Ventura.

Carlos Guimarães Pinto, ex-presidente da Iniciativa Liberal (IL) e fundador do novíssimo Instituto +Liberdade, entende que nem mesmo Adolfo Mesquita Nunes, caso venha efetivamente a derrubar Francisco Rodrigues dos Santos, tornará o CDS forte o suficiente para esvaziar o espaço político do partido. “Os liberais escusam de estar em partidos onde claramente existem fações que não gostam deles”, diz.

Em entrevista ao Observador, no programa “Vichyssoise”, Guimarães Pinto reconhece que o partido pode ter cometido alguns erros na comunicação sobre o que aconteceu nos Açores e corta a eito quando o assunto é André Ventura. Acordos com o Chega? “Não”. Esse não é definitivo? “Definitivo”.

Sobre as presidenciais, o antigo líder da IL assume que inicialmente não estava de acordo com a escolha de Tiago Mayan Gonçalves, mas que a realidade veio dar razão a quem fez a aposta. “O partido ganhou um ativo”, nota.

Ouça aqui o episódio completo da Vichyssoise:

Galináceos, um Pinto e o choque pós-presidenciais

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Foi presidente da Iniciativa Liberal, uma nova força política de direita, é um habitué no Movimento Europa e Liberdade, uma espécie de aula magna da direita, esteve no Movimento 5.7, que queria agregar a direita, e agora ajudou a fundar o Instituto +Liberdade, com outras personalidades da direita. Se a direita não se consegue entender num único movimento não é melhor deixar a esquerda governar mais uns tempos?
[risos] Acho que cada um desses movimento teve um propósito bastante diferente. Aliás, à esquerda existem muitos mais movimentos e nem por isso eles têm grandes problemas a liderar governos…

Aparentemente aprenderam a conviver, depois de anos e anos de costas voltadas. O que acontece agora é que a direita parece não se conseguir entender.
Este espaço político é capaz de se entender e já se viu exemplos disso. O grande problema é que há movimentos que não fazem necessariamente parte deste espaço político. Porque o facto de se sentarem do mesmo lado da Assembleia da República não quer dizer que façam parte do mesmo espaço político. Há quem ache que só pelo facto de se sentarem todos à direita do PS fazem, por magia, parte do mesmo espaço político. Acho que não é o caso.

Adolfo Mesquita Nunes anunciou esta semana um desafio à liderança do CDS — dias depois de ser conhecido este Instituto + Liberdade. Não pode ser encarado como uma plataforma de lançamento de Mesquita Nunes?
Não, de todo. Acho que se deve alguma justiça ao Adolfo, até por tudo aquilo que o instituto poderá vir a fazer no futuro. O Adolfo aceitou vir a ser presidente da mesa da Assembleia Geral, algo que agradeço bastante, mas até agora foi o papel que ele teve na formação do instituto, que está a ser formado desde setembro com algumas pessoas com responsabilidades executivas — que não é o caso do Adolfo. O projeto não tem nenhuma conotação partidária, não quer promover fusões de partidos, não tem nada a ver com isso. Tem um objetivo de conhecimento e de literacia. O objetivo é dar a conhecer os valores da democracia liberal, não tem nada a ver com partidos. Zero.

Não tem a ver com partidos, mas depreendemos das suas palavras que Adolfo Mesquita Nunes, se se quisesse desvincular do CDS e integrar a Iniciativa Liberal, seria bem recebido. Que outros membros do CDS é que aceitaria de bom grado que saíssem do CDS e fossem integrados na IL? Há assim tantos?
Não tenho responsabilidades dentro da Iniciativa Liberal, portanto não me cabe a mim aceitar ou não aceitar ou convidar as pessoas. Acho que hoje em dia o lugar de pessoas como o Adolfo já não é no CDS, claramente existe ali um outro partido onde os seus valores estão mais refletidos. Compreendia isso há uns anos, quando não havia uma alternativa e havia ali uma ala liberal que se queria impor dentro do partido — até gostaria que se tivesse imposto nessa altura, mas não se impôs. O CDS foi sempre a casa das direitas, como gostam de lhe chamar, o que basicamente consistiu em misturar ideologias que em alguns casos são bastante opostas. Hoje, os liberais têm uma casa. Mas não me importo que haja liberais em todos os partidos, até acho que preferencialmente isso devia acontecer, todos os líderes dos partidos podiam ter uma costela liberal, uns mais à esquerda outros mais à direita, mas que todos tivessem essa costela. Não me importaria nada. A Estónia tem três partidos liberais e não se têm dado muito mal com isso.

"Acho que hoje em dia o lugar de pessoas como o Adolfo já não é no CDS, claramente existe ali um outro partido onde os seus valores estão mais refletidos"

Diz que o lugar de pessoas como Adolfo Mesquita Nunes já não é no CDS. Isso significa exatamente o quê na prática? Cola-se de alguma forma com o que disse Francisco Rodrigues dos Santos, em entrevista ao Observador, quando admitiu a saída de algumas pessoas do CDS para outros partidos.
Os liberais têm um partido onde podem ver refletido tudo aquilo que pensam, que é a Iniciativa Liberal, e escusam de estar em partidos onde claramente existem fações que não gostam deles. Dito isto, se o CDS se tornasse num partido mais liberal seria positivo para o país. O Adolfo, e todos os outros liberais no CDS, terão sempre um contributo positivo a dar para o país, seja no CDS seja na Iniciativa Liberal, seja no PSD… Até era bom que houvesse mais liberais no PS, já que eles mandam sempre nisto tudo.

Se o CDS se tornar um partido mais liberal como estava a dizer que seria desejável, portanto, se Adolfo Mesquita Nunes chegar à liderança do CDS, isso não esvaziaria o espaço da IL?
Poderia ter efeitos de curto prazo em termos eleitorais, mas, no longo prazo ter mais partidos com pelo menos uma costela liberal será sempre positivo para o país. A concorrência faz sempre bem, promove a qualidade do produto, dá incentivos a melhorar a qualidade. Não me vão ver a mim a aplicar a velha lei da concorrência em que a concorrência é boa em todo o lado exceto no meu setor. Acho que no meu setor também é boa. Se houvesse três partidos liberais dentro do sistema seria excelente.

Mas reconhece que a Iniciativa Liberal fica com um espaço mais diminuto.
O liberalismo é que ficaria com um espaço maior porque eram dois partidos a passar a mensagem em vez de um. A minha lealdade é com as ideias. Dito isto, acho que o CDS não irá ser um partido liberal, teria de haver uma reconfiguração muito grande dentro daquele partido para se tornar num partido liberal.

Nem com Adolfo Mesquita Nunes?
Um partido não é uma pessoa. Tirando o Chega, os partidos são o equilíbrio de todas aquelas pessoas que fazem parte dele. Os conservadores, a ala menos liberal do CDS, não vão abandonar o partido, vão ficar lá a contribuir para os equilíbrios dentro do partido. Nunca será um partido liberal.

Imaginemos o cenário em que Adolfo Mesquita Nunes vence as eleições internas, se vierem a existir. Seria útil à IL fazer uma espécie de pré-coligação eleitoral com o CDS?
Honestamente, nem via isso como uma necessidade. Gosto muito que haja diversidade.

Falava da questão do Chega e foi um dos temas da campanha eleitoral. Marcelo Rebelo de Sousa disse só daria posse a uma solução de direita que incluísse o Chega com acordo escrito. Uma espécie de ‘geringonça à direita’. Aceitaria que o seu partido pusesse a assinatura ao lado da do Chega?
Não.

Isso é um não definitivo?
Definitivo.

Foi um erro que a Iniciativa Liberal cometeu nos Açores?
A Iniciativa Liberal nos Açores o que fez foi apoiar um governo do PSD, CDS e do PPM, colocando um conjunto de condições para o viabilizar. Assinou um contrato com o PSD com condições a cumprir. Se não forem cumpridas, não apoia. O próprio PSD incluiu no seu programa de governo uma alínea, não sei se a pedido da IL ou por iniciativa própria, acerca do respeito pelos direitos humanos e diferenças. Não estava anteriormente e incluiu-a. Acho que fez um erro em fazer um acordo com o Chega, mas teve a dignidade de incluir essa linha e acho que isso é importante. Há linhas vermelhas que um partido liberal não pode passar. Na altura, acho que houve um problema de comunicação quando isso apareceu e a Iniciativa Liberal não conseguiu passar a mensagem daquilo em que se estava a meter. Mas fez tudo da forma certa. Assinou um contrato com quem tinha de assinar, apresentou as condições que tinha de apresentar.

Aceitaria que o seu partido pusesse a assinatura ao lado da do Chega? "Não e é não definitivo"

Mas falemos do futuro. Se uma maioria de direita depender do voto a favor da Iniciativa Liberal, Chega, CDS e PSD, a Iniciativa Liberal, na sua opinião, não deve estar nesse barco?
Acho que a Iniciativa Liberal não deve assinar nenhum acordo em que inclua o Chega.

Mesmo que isso signifique a sobrevivência de um governo socialista?
Acho que estas questões põe-se sempre da forma errada. Primeiro, qual é o espaço político do PSD e da Iniciativa Liberal? Não é o espaço político de todas as pessoas que se sentam no Parlamento daquele lado. É o espaço político de quem respeita a democracia liberal, de quem respeita a economia de mercado. É esse o espaço político. Se estivesse ali, por ridículo, um partido nazi. Será que estaríamos a ter esta discussão? O facto de se sentar à direita não quer dizer que faça parte do mesmo espaço político. A questão é onde colocamos a linha. Se perguntar isso a qualquer pessoa dir-me-á que se estiver ali um partido nazi nunca faria parte de uma coligação de direita. Onde está a nossa linha? Está em ter um discurso que vira portugueses contra portugueses, que tem laivos de xenofobia, de racismo. A linha está aí, quando é desenhada aí, para encontrar uma solução de governo tem de se encontrar para cá dessa linha. Se houvesse uma solução de governo PSD, CDS, IL e outra PS, BE e PCP, sendo o voto do Chega decisivo como aconteceu nos Açores, era uma decisão do Chega escolher se viabilizaria um ou outro. Não se assinam acordos de governo com partidos que não estão na nossa área política. Independentemente de aritméticas ou votos, na política não vale tudo para chegar ao poder.

"Não se assinam acordos de governo com partidos que não estão na nossa área política. Independentemente de aritméticas ou votos, na política não vale tudo para chegar ao poder"

Em relação às presidenciais de domingo passado, Tiago Mayan esperava um vendaval liberal, mas acabou a noite a disputar o último lugar com Vitorino Silva. Esperava mais que esta percentagem que Tiago Mayan acabou por ter? O que é que correu mal?
Quando esta solução foi falada esperava exatamente isto, entre 3 a 4%. Temos que ver e entender que o Tiago era à partida a pessoa mais desconhecida entre os sete candidatos.

Chegou a defender Adolfo Mesquita Nunes como candidato presidencial, foi um erro ter apostado em Tiago Mayan?
Não, de todo. Havia duas estratégias: ir buscar alguém interno; ou ir buscar alguém externo. Defendi a segunda estratégia porque tinha sido a estratégia que tínhamos seguido até ali e acho que com algum sucesso. Ricardo Arroja foi o nosso candidato para as europeias e teve um resultado interessante; João Cotrim, que não era membro do partido quando foi eleito, resultou muito bem; e achava que o partido se deveria continuar a expandir. E essa expansão resultaria melhor se fosse buscar um resultado externo. Disse isso ao Tiago, que dentro de uma estratégia interna era um bom candidato mas preferia ir buscar alguém externo. Hoje acho que estava enganado.

Então não falhou nada? Foi um resultado perfeitamente normal?
O resultado foi o que foi. Talvez se fosse alguém mais conhecido teria sido 7 ou 8%. Mas isso não é tão importante como a mensagem que foi: ‘A política está a aberta a todos’. O Tiago teve uma evolução fantástica e hoje é um ativo do partido que está motivado para outras lutas e o partido ganhou um ativo que não tinha. Foi uma boa aposta.

Temos de avançar para a segunda parte da nossa refeição, o “Carne ou Peixe”. Recordo que só pode escolher uma opção desta ementa. Preferia ter como candidato ao Porto Tiago Mayan Gonçalves, mesmo perdendo, ou ficar ao lado dos vencedores com Rui Moreira?
Não me vou meter na candidatura do Porto. Acho que Tiago Mayan vai apoiar Rui Moreira. Não tenho grandes dúvidas sobre isso.

Mas qual é a sua posição pessoal?
Gosto de ambos, prefiro o Tiago Mayan, claro. É meu amigo há muitos anos, mas acho que nem sequer será uma opção.

Preferia ver Adolfo Mesquita Nunes em que cadeira: na cadeira de presidente do CDS ou de deputado da IL?
Desde que o Adolfo se mantenha na política qualquer cadeira é boa.

Vai passar fome. Vamos ver se à terceira é de vez. Preferia partilhar o Conselho de Ministros com André Ventura ou ser deputado na oposição a um Governo de Pedro Nuno Santos?
[Silêncio] Segunda opção.

Qual é a segunda opção? Não a consegue verbalizar sequer?
São as duas bastante complicadas. Preferia ter a segunda opção.

E quem convidada para um retiro com o Dalai Lama: Mayan Gonçalves ou Cotrim Figueiredo?
Grande pergunta. Não sei quem é que precisa mais disso. Os dois são bastante mais calmos do que eu, nenhum dos dois precisa muito disso. Mas talvez o Tiago, porque teria mais tempo para beneficiar dos ensinamentos.

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