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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Carpool Autárquicas com Isaltino Morais: "Ninguém me tira os dois anos de prisão, mas quem me conhece sabe que sou uma pessoa séria"

Isaltino sabe esta segunda-feira se pode ser candidato em Oeiras. Antes, andou à boleia do Observador. Admite o "anátema" depois da prisão, mas também diz que não deve "nada a ninguém".

O anticiclone irlandês não perdoa na rua de Linda-a-Velha onde fica o espaço que, por estes dias, é a sede de candidatura de Isaltino Morais. A ventania é tão forte que o outdoor gigante, com a cara e o nome do candidato, abana violentamente. O antigo (e histórico) autarca de Oeiras vai dizendo que “está aqui há dois meses, está muito bem preso”. Mas meio minuto depois chama um elemento do seu staff: “Olha lá, se vem uma tempestade, se calhar o melhor é tirar isto. Tenho algum receio”. Já sentado dentro do carro do Observador vai dando ordens e advertências aos seus: “Já devias era ter feito o seguro”. A rajada maior viria ao final desse dia, quando um (polémico) juiz rejeitou a candidatura do movimento de Isaltino, que tenta voltar à Câmara de Oeiras. A decisão deve ser conhecida esta segunda-feira, dia 14, mas antes Isaltino andou, no lugar do pendura, à boleia no Carpool Autárquicas do Observador.

Troca de charutos por cigarrilhas

A conversa no carpool do Observador começa precisamente pelos dias de preparação e entrega da candidatura independente. O prazo acabara no dia anterior e Isaltino queixa-se de um “processo burocrático muito complicado” que desconfia ter como objetivo último “que existam poucas candidaturas independentes”. Isto enquanto descreve as andanças da recolha e validação de assinaturas necessárias para propor a candidatura.

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Já não traz o emblemático charuto encaixado entre o indicador e o dedo médio: “Virei-me um bocadinho para as cigarrilhas, mas fumo um charuto de vez em quando, claro”. Só não perde o velho hábito de olhar para as ruas como se ainda fosse ele o presidente da Câmara. Aliás, está convencido que pouco mais foi feito nos últimos 4 anos do que concluir o que tinha deixado. Em 32 anos, estes 4 anos mais os dois em que esteve no Governo (em 2002, como ministro das Cidades, Ordenamento e Ambiente) foram os únicos em que não foi o autarca de Oeiras.

"Oeiras politicamente desapareceu do mapa, é o que as pessoas sentem"

Oeiras não evoluiu nestes últimos anos?
Não, as coisas evoluem sempre. Não estive à frente do município nos últimos quatro anos, naturalmente que nesses quatro anos houve trabalhos que foram concluídos. Dois centros de saúde, dois lares de terceira idade, a última fase do Parque dos Poetas, um troço do passeio marítimo, o complexo desportivo de Porto Solvo. Estamos a falar de obras todas elas lançadas na altura em que deixei a Câmara e que foram concluídas. Portanto não se pode dizer que esteve completamente parado.

Mas esteve a andar ao ritmo que gostaria, o que o fez sair…
Não é o que me fez a mim, a insatisfação é dos cidadãos de Oeiras, que estavam habituados a que Oeiras fosse um município que tivesse voz, uma voz que seja ouvida, que fosse uma referência em muitos aspetos.

Não tem essa voz na voz do atual presidente da Câmara Paulo Vistas?
Oeiras politicamente desapareceu do mapa, é o que as pessoas sentem. Até se vê muitas vezes o presidente da Câmara de Cascais falar “eu e o meu colega de Oeiras”, procurando assumir as dores de Oeiras também. As pessoas sentem isso, Oeiras deixou de ter uma voz. E deixou de ter uma visão médio e longo prazo.

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O regresso do SATU, “com ou sem fundos comunitários”

Nesta entrevista, Isaltino indigna-se quando é questionado sobre este regresso a um concelho a que se candidatou (e ganhou) pela primeira vez em 1985: “Mas qual é o problema de estar há 30 anos? Quem decide são os eleitores”. E evita a todo o custo falar da antiga relação com Paulo Vistas, o seu delfim que agora é seu rival. Finta as perguntas: “Isso não é relevante”. Assume apenas que a sua “desilusão” é igual à dos outros munícipes. Há um tema que quer recolocar no centro do debate em Oeiras: o Sistema Automático de Transporte Urbano de Oeiras, também conhecido por SATU, o “comboio fantasma” que parou em 2015. Defende-o com unhas e dentes: “Comigo a presidente da Câmara, o SATU vai ser concluído até 2021, haja ou não fundos comunitários”. E os ataques mais severos? Esses vão para o Governo de Pedro Passos Coelho.

"O que aconteceu foi a cegueira do Governo [de Passos] que não viu a modernidade e o alcance do SATU"

Isto quando Isaltino Morais ainda não tem certezas relativamente à origem do financiamento necessário para a conclusão do seu projeto, o de levar o SATU até ao Taguspark. Quando a pergunta é sobre o “como”, não tem uma resposta fechada, embora esteja convicto que desta vez conseguirá financiamento comunitário. E quando se questiona “quanto”, recua a outros tempos:

Quanto custa terminar a linha?
Vou explicar. Há 30 anos dizia-se que não era possível acabar com as barracas em Oeiras. O primeiro-ministro Cavaco Silva perguntava-me, quando se deu a presidência aberta de Mário Soares, em 93, como é que eu estava a fazer, como estava a arranjar dinheiro para resolver o problema das barracas. E eu disse-lhe que o problema não era dinheiro, era político. Se quiser acabar com as barracas nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, isso tem de ser uma prioridade política sua.

Aqui estamos a falar do SATU, há dinheiro como?
Há dinheiro, a Câmara Municipal financia, pode apresentar uma candidatura a fundos comunitários. Há fundos comunitários para tanta coisa.

Mas já tem um plano definido?
Já tive, foi apresentada uma candidatura a fundos comunitários. Mas foi numa altura em que caiu o Governo Sócrates e quando entrou o Governo de Passos Coelho e foram tomadas medidas relativamente a empresas municipais que davam prejuízo três anos seguidos. Essa foi extinta. O que aconteceu foi a cegueira do Governo que não viu a modernidade e o alcance do SATU e entendeu não só não financiar, não criar condições para um financiamento através de fundos comunitários, como determinou a extinção da própria empresa.

A conversa mantém-se no monocarril que acaba de forma súbita junto ao centro comercial Oeiras Parque, mas Isaltino Morais começa a irritar-se. Entra numa picardia a que recorre muito para defender as suas ideias. Naquele caso, o seu “projeto de modernidade”, que ainda por cima é “amigo do ambiente”, e que “quando chegar ao Taguspark, Sintra vai querer levar até ao Cacém”. Critica que a obra tenha sido lançada sem que existissem garantias de conseguir ser concluída (nem a primeira fase, chegar ao Lagoas Park, se concretizou). Mas insurge-se contra uma pergunta que vai no mesmo sentido: “Mais valia não ter sido inaugurado? Isso é a sua opinião. O que disse é grave”, responde irritado.

Prisão: “De dois em dois meses tento ir lá”

Tem um sentido mediático assinalável. As três câmaras apontadas para si, a partir do pára-brisas do carro, também não deixam esquecer que a conversa está a ser registada. Isaltino Morais vai gesticulando de forma cénica — sobretudo quando fala no que deve ser um autarca –, aponta para as estradas, indica o caminho, sempre com desenvoltura, mesmo quando a conversa entra por estradas bastante mais sinuosas do que as que o carro do Observador vai percorrendo pelo concelho.

"Na prisão tudo está organizado para deprimir, despersonalizar, esmagar a identidade"

Esteve 14 meses preso, entre abril de 2013 e junho de 2014, condenado pelos crimes de fraude e branqueamento de capitais. Mal o tema entra na conversa, começa a criticar a “falta de imaginação” da comunicação social, mas lá concede contar como eram os seus dias na prisão da Carregueira, ali no concelho de Sintra mesmo ao lado — e até conta que tenta voltar à prisão de dois em dois meses, para visitar os amigos que lá deixou.

Tive muito tempo para pensar. Obviamente que têm de se afastar os pensamentos negativos, pensar positivamente, pensar em coisas que nos deem conforto, pensar no futuro não pensar no passado.

Tinha apoio psicológico?
Nas prisões não há apoio psicológico. Há exatamente o contrário, tudo está organizado para deprimir, despersonalizar, esmagar a identidade. Evocava muito aspetos positivos. Tentava ler muito.

O que lia?
Muitas biografias, recordo-me por alto desde o Calvino, ao Churchill, ao Estaline. Uma das últimas que tenho lembrado foi uma biografia que li do [Fernando] Henrique Cardoso, que mostra a dificuldade de funcionamento de um sistema político complexo como é o do Brasil. Além de que lia muito filosofia, coisas religiosas.

Tem fé?
Tenho e cada vez tenho mais. A solidão leva-nos muitas vezes a refletir sobre a vida, a religiosidade, a espiritualidade. É importante acreditarmos que é importante fazer o bem, que no confronto do bem e do mal, o bem tem de vencer.

Quando olha para trás sente que esteve mais no caminho do bem?
Sempre, categoricamente.

Criou relações de amizade na prisão?
Criei.

E visita essas pessoas na prisão hoje em dia?
Sim, e alguns quando saem também me vêm visitar.

Mas costuma visitar?
Às vezes, não vou com muita frequência, mas de dois em dois meses tento ir lá.

“O que interessa” é não haver “um ato lesivo” do município

E pronto, por Isaltino Morais este capítulo podia ficar por aqui. A partir deste momento sempre que se toca na prisão, no processo, no julgamento, nos crimes pelos quais foi investigado, a reação é sempre agressiva ou de confronto. Os cerca de 20 minutos de conversa que se seguem foram sempre a questionar a intenção das perguntas, “os estigmas” e “preconceitos” “repetitivos” que dizia estarem a elas associados. Reclama inocência, diz que foi “injustiçado”, que houve “intenção política” na sua condenação e que foi inocentado de um crime — que, na verdade, prescreveu, o de corrupção passiva. Fala de corrupção com a distância de um comentador: “Onde há poder, há corrupção”. Garante que “não deve nada a ninguém”, até que admite que dificilmente se livra desta sombra — sem nunca deixar de afirmar que “o que interessa” é que nunca lesou o município.

"Quem me investigou sabe muito bem que não há um ato, um único ato lesivo dos interesses do município e isso é que interessa"

Um político não fica cunhado com isto?
Você está a ser… eu só por cordialidade estou a responder a esta questão, porque está a demonstrar uma falta de imaginação extraordinária.

Já adivinhava que ia dizer isso, mas a verdade é que ainda não me respondeu. Não fica um cunho num político? Até falando genericamente: num político.
Com certeza de fica, tanto que fica que você não larga o osso. Claro que fica, fica porque é assim. Obviamente que ninguém me tira os dois anos na prisão, claro que fica o anátema, mas as pessoas que me conhecem sabem que eu sou uma pessoa séria, os oeirenses, aquele que me conhecem, sabem que eu sempre trabalhei em prol deste concelho, que nunca prejudiquei o município. E quem me investigou sabe muito bem que não há um ato, um único ato lesivo dos interesses do município e isso é que interessa.

Marques Mendes? "Que o investiguem como me investigaram a mim"

Aqui o carro segue pela marginal, momentos antes tinha parado para umas fotografias num local aconselhado por Isaltino, a Adega do Palácio do Marquês de Pombal — um projeto de reabilitação seu, claro. À entrada do portão da adega, no centro da Vila de Oeiras, o autarca ia a sugerir que outros políticos deviam ser investigados e aponta um que lhe ficou atravessado desde 2005: Luís Marques Mendes. O agora comentador foi o líder do PSD que fixou a regra para as autárquicas daquele ano que afastava das eleições candidatos a braços com a justiça. Isaltino rompeu então com o seu partido de sempre e atirou-se para uma candidatura independente, que ganhou o município. Passados todos estes anos, fala de Mendes com desdém.

Um político é muito mais escrutinado, sim. Quando são, porque às vezes há uns que passam pela chuva.

Quem é que acha que passa? No seu livro fala de Marques Mendes como um “facilitador de negócios”.
Pois, exatamente.

Acha que devia ser investigado?
Que o investiguem como me investigaram a mim.

Porque é que diz isso assim?
Os jornais noticiaram como ele enriqueceu muito rapidamente, com negócios das eólicas e não sei quê. É o que dizem, é o que vinha nos jornais também. Nunca foi averiguado isso. Mas o Marques Mendes para mim já não existe, é um comentador político, é deixá-lo fazer os comentários.

Incomoda-o ainda quando fala de si?
Não me incomoda nada, às vezes até o oiço. Digo-lhe uma coisa, às vezes até dou comigo a pensar: Isaltino, tu estás a concordar com este gajo, pá. Quando uma pessoa fala de muita coisa, claro que diz disparates. Mas veja bem, eu não sou um tipo sectário, há muitos comentários que o Marques Mendes faz que eu até estou de acordo. Na maior parte não passa de banalidades, mas ele está lá todos os domingos tem de fazer o papel dele, não é? Mas há coisas em que estou de acordo e às vezes até digo: Isaltino não devias concordar com esse tipo, pá.

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Há mais obra ou não há mais obra a fazer?

Ao portão da adega está um senhor que logo se dirige a Isaltino. Foram tanto anos à frente do município que o antigo autarca muitas vezes ainda é tratado com a reverência doutros tempos:

– Ó Dr. Isaltino!

– Então como é, pá? Como é essa vida?

– Então o que vai fotografar para aqui? Não o estava a conhecer, já ia aqui proibir as filmagens.

– Não, pá, vêm fazer uma foto a mim, pá. Eu queria… a adega está fechada?

– Quer que eu ligue para a Beatriz?

– Não é preciso.

As fotografias seguem ali mesmo, no jardim, aproveita o vento para refrescar o calor da viagem de carro. Apesar de a conversa já levar 40 minutos dentro de um carro à torreira do sol, o antigo presidente da Câmara mantém a imagem cuidada do início da entrevista. Blazer azul de botões dourados impecável, lenço lilás de bolas brancas cuidadosamente dobrado para espreitar no bolso de peito. Entra para a volta de regresso, há um desvio no trajeto e passa para o comando do GPS. “Peça aí desculpa que eu agora distraí-me e é para ir ali para a esquerda”.

Na estrada hesitamos. Isaltino nem por isso: "Vire aí a esquerda". O sinal de proibido virar à esquerda "exceto para acesso à obra" deixa dúvidas, mas não ao antigo presidente que insiste: "Pode seguir, pode seguir"

Entramos na Vila, por trás dos edifícios das Câmara Municipal que conhece bem, hesitamos. Isaltino nem por isso: “Vire aí a esquerda”. O sinal de proibido virar à esquerda “exceto para acesso à obra” está de lado, deixa dúvidas, mas não ao antigo presidente que insiste: “Pode seguir, pode seguir. Aquele para a esquerda não está bem posto”. Frente à Câmara descreve cada um dos edifícios, enquanto faz projeções eleitorais otimistas a um regresso ao lugar que mais o realizou: “Tudo indica que ganharei as eleições”. E se não ganhar? “Estarei onde o povo de Oeiras quiser”, diz garantindo que, em caso de derrota, assumirá as funções de vereador.

No troço da marginal que pertence ao concelho de Oeiras, vai apontando obra que ainda há para fazer, mas também assegura que no mandato que espera voltar a ter quer dar prioridade à “valorização das pessoas”. O objetivo é ter em Oeiras os melhores alunos do país”, diz quando aponta a Educação como a prioridade que se segue.

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Pouco depois disto não resiste, quando a pergunta vai para o trânsito caótico no centro de Oeiras — “há um problema de mobilidade que temos de resolver” — acaba a falar da requalificação do espaço público e dá conta de uma nova fase de… obra: “Vamos entrar na fase das praças”. Garante que não se inspirou em Fernando Medina, que está a fazê-lo em Lisboa, e fala em três praças específicas: uma na Vila, outra em Caxias, outra ainda em Linda-a-Velha. É lá, à sede da sua candidatura, que estamos mesmo a chegar — pelo meio ainda anuncia outra obra: a de criação de passeios em todas as vias de Oeiras.

Já falta apenas um quarteirão para o fim e o autarca histórico começa a aproveitar as perguntas para preparar a saída, modela o tom de voz e, enquanto indica o caminho das curvas finais, vai dizendo: “O que me faz gostar da política e das pessoas é o reconhecimento. É o estado mais gratificante, é eu ir na rua e um cidadão, uma cidadã, abordar-me e dizer-me: presidente o senhor há 10 ou 15 ou 20 anos transformou a minha vida. Isto não tem preço”. Não se incomoda nada que o continuem a tratar pelo que (já ou ainda) não é.

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