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No bastião do Couço, João Ferreira fala da pobreza e das reformas — e diz que não se pode trabalhar "até morrer"

João Ferreira foi ao histórico bastião comunista do Couço, para almoçar frijoca e apelar ao voto — mais que garantido na CDU. Antes, esteve em Moscavide a pedir mexidas nos fundos para habitação.

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A passagem pela pequena freguesia do Couço, bastião comunista do Ribatejo e símbolo da luta contra o Estado Novo (onde na década de 60 dezenas de habitantes foram presos pela PIDE por exigirem melhores condições no trabalho agrícola), é obrigatória em qualquer campanha da CDU — e João Ferreira cumpriu a tradição. “Há vários dias que se vinha falando, na nossa caravana, do famoso cozido do Couço”, disse o cabeça de lista da CDU às europeias às largas dezenas de apoiantes da coligação que encheram a Casa do Povo do Couço para almoçar. Mas a ementa foi “frijoca”, uma caldeirada de carne com batatas e arroz que é igualmente típica da freguesia e que “não desmereceu”. Tal como não desmereceu o discurso de João Ferreira, resumo eficaz daquilo que tem sido a campanha da CDU — e sem medo das repetições.

Alguns até podem dizer que nos repetimos” ao falar do trabalho feito pelos eurodeputados da CDU no Parlamento Europeu ou nos desafios lançados aos outros partidos. “Mas insisto”, continuou, referindo-se ao “trabalho notável e inigualável” e às “milhares de iniciativas” dos eurodeputados da CDU, “ligadas à vida real” e que representam “as dificuldades do nosso povo” e os “anseios e aspirações daqueles com quem vamos falando”. Perante uma audiência com uma grande memória histórica do Estado Novo, João Ferreira elogiou as “mulheres e homens que sabem o que significa tomar nas suas mãos o futuro das suas vidas”, antes de lançar o tema do almoço: a luta contra a pobreza e a exclusão social.

Também neste âmbito, João Ferreira lembrou o trabalho dos eurodeputados eleitos pela CDU, nomeadamente na produção de “um relatório que identificou a relação direta entre as medidas de austeridade da troika e o aumento da pobreza infantil na União Europeia”, e que ao mesmo tempo “avançou com soluções a serem implementadas pelos Estados”, privilegiando o “acesso universal a serviços públicos de qualidade, educação, saúde e segurança social”. “Fomos a voz que denunciou estas realidades, mas também a que avançou com medidas concretas“, afirmou o candidato.

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Rejeitando a ideia de que “a responsabilidade última pelas situações de pobreza” esteja do lado dos pobres, João Ferreira apontou que “os pobres não desejam a pobreza como forma de vida, como alguns cinicamente chegam a sugerir”. E assegurou que para erradicar “de forma séria” a pobreza do país — onde os níveis de pobreza se encontram acima da média europeia, que é de um quinto da população —, é fundamental subir os salários, insistindo na proposta de aumento do salário mínimo para 850 euros.

João Ferreira almoçou "frijoca" no Couço, mas antes foi à cozinha (nas traseiras da Casa do Povo) cumprimentar as "camaradas cozinheiras" (NUNO VEIGA/LUSA)

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PS e direita trouxeram política para um “lodaçal”

Perante uma audiência maioritariamente composta por reformados, João Ferreira demorou-se nas questões das pensões e da idade da reforma, para assegurar que o aumento da esperança média de vida “não pode ser o pretexto para obrigar as pessoas a trabalhar mais anos, para fazer as pessoas trabalharem até morrer”. Até porque, lembrou, “um trabalhador, hoje, ao longo de quarenta anos de vida de trabalho, produz muito mais riqueza do que acontecia há anos” — e “essa riqueza tem de estar ao serviço de quem a produz“.

“Se olharmos para as recomendações que nos vêm da União Europeia, e que depois PS, PSD e CDS vertem para a legislação nacional, são recomendações para aumentar a idade da reforma, para atacar os sistemas de segurança social pública tal como hoje os conhecemos”, acrescentou o cabeça de lista, acusando os três de favorecerem o “negócio das pensões privadas”.

"Andam para aí uns a dizer que querem ganhar as eleições, outros a dizer que querem ficar a frente deste ou daquela. Não é dada disto que está em causa. É eleger 21 deputados, escolher quem se vai sentar nestes 21 lugares"
João Ferreira, cabeça de lista da CDU às eleições europeias

O discurso no Couço serviu para voltar a alguns dos ataques às campanhas da direita e do PS que João Ferreira tem vindo a repetir na campanha. “Andam para aí uns a dizer que querem ganhar as eleições, outros a dizer que querem ficar a frente deste ou daquela. Não é dada disto que está em causa. É eleger 21 deputados, escolher quem se vai sentar nestes 21 lugares”, afirmou João Ferreira, assegurando que a CDU se “afasta daquele lodaçal para o qual alguns foram arrastando a política nacional“. O cabeça de lista insistiu ainda que PS, PSD e CDS “encenam guerras para aparecer na televisão” em vez de discutirem as propostas que têm para a ação no Parlamento Europeu.

Habitação. CDU quer mexidas nos fundos estruturais

Antes, durante a manhã, o cabeça de lista da CDU havia trazido o tema da habitação para a agenda, começando a última semana de campanha com uma passagem por Moscavide, concelho de Loures, para descer uma avenida e distribuir panfletos em lojas e cafés — à semelhança do que tem feito nos últimos dias por vários locais do país.

A meio da arruada, João Ferreira disse aos jornalistas que o “efeito devastador” da especulação imobiliária “resulta das regras do governo anterior, de PSD e CDS, uma lei que vem do período da troika e patrocinada pela União Europeia para liberalizar o mercado do arrendamento, enfraquecendo a parte fraca dessa relação, que é o inquilino“.

O cabeça de lista da CDU lamentou que esta política tenha estado “na origem de despejos, tanto de famílias, incluindo nesta zona de onde predomina uma população mais idosa, mas também de comércio, de comércio tradicional”. E a culpa, garante João Ferreira, não é só da direita. O Governo de António Costa “não se mostrou ainda disponível para revogar a lei das rendas”.

A CDU quer “alterar o funcionamento dos fundos estruturais”, para que, por exemplo, o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional possa também incluir “a possibilidade de financiar a habitação”. Além disso, a coligação PCP-Verdes defende que se vá “mais longe no fundo de coesão”, mobilizando investimento para habitação “que esteja disponível para famílias de menores rendimentos, mas também para famílias de rendimentos intermédios“.

Lamentando que haja fundos europeus a ser utilizados para reabilitação de imóveis destinados ao turismo em vez da habitação, João Ferreira disse que esta prática “acentua a dinâmica especulativa” — e defendeu que deve haver uma “maior preponderância de políticas públicas de habitação”, como “acontece noutros países da Europa”.

João Ferreira percorreu as ruas de Moscavide ao lado do presidente da câmara de Loures, Bernardino Soares (ANDRÉ KOSTERS/LUSA)

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“Portugal é dos poucos países da Europa com menor parque habitacional público”, disse João Ferreira, acrescentando que o Estado deve dispor desse parque habitacional e pô-lo ao serviço de políticas públicas. Mas “o PS não aparenta estar disposto para resolver o problema na sua total dimensão”.

PSD e CDS próximas da extrema-direita? Jerónimo “constatou uma realidade”

Depois de no domingo o secretário-geral do PCP ter, num comício de campanha em Alhandra, acusado o PSD e o CDS de serem “tu cá, tu lá” com a extrema-direita europeia, João Ferreira considerou que Jerónimo de Sousa apenas “constatou uma realidade”, e assegurou que basta “acompanhar a vida do Parlamento Europeu” para constatar essas proximidades.

Sobre os repetidos desafios que tem lançado ao PS, PSD e CDS para que se pronunciem sobre as suas intenções políticas, João Ferreira — que logo à noite estará frente a frente com os candidatos das outras forças políticas no último debate antes das eleições — garantiu ter “sempre esperança” de receber uma resposta. Mas asseverou: “A falta de resposta também não deixa de ser uma resposta”.

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