786kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Já lá vão os tempos da sanduíche de queijo e o sumo de ananás. Marcelo reduziu o almoço ao Fortimel.
i

Já lá vão os tempos da sanduíche de queijo e o sumo de ananás. Marcelo reduziu o almoço ao Fortimel.

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Já lá vão os tempos da sanduíche de queijo e o sumo de ananás. Marcelo reduziu o almoço ao Fortimel.

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Como fazer uma campanha em hora e meia, sem pessoas, com um carro e um suplemento proteico

Marcelo precisa de pouco para cativar as câmaras com o seu número do político simples, sem salamaleques. Das amolgadelas no carro, ao almoço frugal, passando por recados a Costa. Para português ver.

Um candidato, um carro e uma dose de suplemento proteico. É o trio de campanha de Marcelo Rebelo de Sousa que nos dois últimos dias garantiu que só está na estrada porque criticaram a sua ausência. Diz que não queria fazer nada, com os número da pandemia tão elevados, e as suas ações de campanha não passam disto: um encontro à porta fechada e declarações aos jornalistas à entrada, à saída e por vezes em ambas as situações. Não precisa de muito espaço nem tempo para dizer ao que vem sem ter sequer de fazer declarações. Quem é o candidato Marcelo? O homem simples, com as preocupações comuns da sua idade, que almoça com pressa porque tem muito trabalho e não sabe se muda ou não de carro porque a vida é incerta e não tem a certeza se vai manter o emprego dos últimos cinco anos. Bom, é pelo menos isto que espera que os portugueses pensem.

“Querem ver o que eu almoço?” E nem espera pela resposta, quando se dá por ele já só se veem uns pés pendurados fora do carro e o chefe de Estado à procura de qualquer coisa no banco de trás. Vem com um frasco de fortimel, um suplemento proteico que é o seu almoço (ver em baixo) e toma-o ali mesmo. À vista de todos e dos repórteres de imagem. Depois volta ao carro, continua preocupado com as marcas de algumas das batidas que já coleciona nos para-lamas e vai apontando uma a uma. “Este carro… está na altura de ser substituído. Sabem, isto foi em ALD e depois passou a ser propriedade minha, mas agora já estive a ver e se trocar ainda fico a pagar mais de 400 euros por mês”, explica aos jornalistas que são os únicos que ali estão. Os alunos da universidade Nova SBE, em Carcavelos, estão em exames e não se vê um único no átrio frente ao edifício onde só está mesmo estacionado o carro que o próprio Presidente conduz sempre que vai em funções de candidato.

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Não parece, mas está sempre a fazer política. Espreita pelo canto do olho, estuda as reações às suas trivialidades e faz caretas (mas de gosto em ser desafiado) quando no meio de tudo aquilo surge uma provocação política. Vai dando troco: “Se for reeleito, mantenho o carro, se não for troco-o”. Saltando de assunto em assunto, comenta que nenhum dos antigos Presidentes da República continuou a conduzir e que ele mesmo, quando sai aos fins de semana, já se baralha porque o sentido de circulação nas ruas muda todos os dias. Os seguranças do Presidente (tem obrigatoriamente de ser acompanhado por elementos do corpo se segurança pessoal da PSP) observam à distância, é sempre onde se mantêm nestas ações de campanha. Vêm num carro atrás e ficam longe, a supervisionar uma figura dificilmente controlável. Sai da sua alçada, sem ser visto, com demasiada facilidade e faz o impensável.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ali, naquele átrio em frente ao edifício, não está ninguém. Mas se não há matéria para afetos e as selfies da praxe, há espaço, tempo e matéria suficiente para fazer a campanha — a que Marcelo quer fazer. Nos mínimos, a parecer quase forçado (pelos adversários) a estar na rua, mas sem qualquer pudor em disparar com preocupações corriqueiras em frente às câmaras. Aliás, este é um trunfo seu, o da normalidade. Fez uso dele de cima a baixo na curta hora e meia que por ali passou (e parte dela fechado com o grupo de alunos que lhe fez uma entrevista longe da comunicação social).

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Isto tudo sem deixar de atirar, ali também naquele mesmo átrio, a crítica mais dura desta campanha ao primeiro-ministro e precisamente quando Costa enfrenta um dos momentos mais delicados dos seus mandatos. Marcelo mostra-se impaciente com os apoios económicos que não chegam às empresas, com o otimismo face às ajudas europeias e com as restrições que não entram na cabeça dos portugueses. Pelo meio ainda deixa cair o seu guião para casos de crise política e lá segue no seu Mercedes que já está “velhinho” mas que este domingo luta para manter por mais cinco anos.

.

O espaço que se segue quase parece publicidade (mas de Marcelo)

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

O senhor sai do carro e perguntam-lhe: “O que é isso?”. “É Fortimel”, responde confiante. “É um produto que se compra nas farmácias, que tem vitaminas e proteínas, que é um suplemento alimentar que pode ser utilizado para substituir uma refeição”, explica enquanto abre a pequena garrafa. Um verdadeiro guião publicitário, que a marca agradecerá, mas que não é mais do que o Presidente da República a explicar do que são feitos os seus almoços quando não tem tempo para mais. Foi o médico que lhe recomendou o suplemento quando foi operado à hérnia e só podia ingerir líquidos. Marcelo acabou por aproveitar para adotar o hábito noutras situações. Longe vão os tempos em que ainda tinha por almoço a sanduíche de queijo e o sumo de ananás…

Marcelo parte para campanha a meio. E frugal da carteira ao estômago

.

Pela primeira vez de forma ostensiva o alvo foi o primeiro-ministro. Era de esperar, tendo em conta as acusações do lado de lá da barricada desta campanha eleitoral de colagem ao Governo. Hoje o candidato fez questão de aproveitar uma questão sobre se os apoios à economia eram suficiente para desconfinar uma chuva de recados sobre António Costa. Os apoios demoram demasiado tempo a chegar e a bazuca europeia quando chegar já nem chegará para tapar o buraco deixado a descoberto por esta pandemia. Marcelo Rebelo de Sousa a puxar o travão de mão das expectativas, ele que já não tinha gostava de ouvir o Governo a embandeirar em arco com a chegada da vacina a Portugal, ainda no final de dezembro. Otimismo a mais, disse sem deixar dúvidas sobre a quem se dirigia a mensagem dali enviada.

Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Vivemos tempos interessantes e importantes

Se 1% dos nossos leitores assinasse o Observador, conseguiríamos aumentar ainda mais o nosso investimento no escrutínio dos poderes públicos e na capacidade de explicarmos todas as crises – as nacionais e as internacionais. Hoje como nunca é essencial apoiar o jornalismo independente para estar bem informado. Torne-se assinante a partir de 0,18€/ dia.

Ver planos