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Rui Oliveira/Observador

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Conceição fez 101 anos e foi a primeira a ser vacinada num lar sem infetados. “Não tenho medo de morrer, é para isso que nascemos”

Conceição faz anos, Álvaro sonha voltar a sair à rua, António mudou de casa por amor, Maria não tem medo de nada, Joana não perde o apetite. Acompanhámos a vacinação num lar sem infetados na Régua.

À entrada, um painel cobre a parede com um arco-íris onde se pode ler: “Vai correr tudo bem. Janeiro 2021: esperança”. Em frente, há três cadeirões almofadados amarelos, separados por biombos brancos, e mesas altas com desinfetantes, algodão e um tabuleiro de alumínio para as vacinas repousarem. Esta terça-feira, o Lar Dona Antónia Adelaide Ferreira, no Peso da Régua, vacinou 77 utentes, entre os 66 e os 101 anos, e 47 colaboradores, entre enfermeiros, fisioterapeutas, auxiliares, cozinheiros e ajudantes de cozinha. Desde que a pandemia começou, o vírus ainda não entrou ali.

Maria da Conceição Silva é a primeira a receber a vacina contra a Covid-19, faz 101 anos e atira beijos a quem passa e a parabeniza. “O meu irmão chegou aos 100, mas já o ultrapassei”, diz ao Observador, enquanto espera na sala de convívio pela chegada dos enfermeiros com “os frasquinhos tão desejados” pela instituição. A máscara cobre-lhe, por vezes, os olhos azuis e, sentada numa cadeira de rodas, garante não ter medo de agulhas. “Agulhas? Só para fazer crochet. Não tenho medo de nada, nem de morrer. É para isso que nascemos.”

Conceição nasceu na casa da família, no Funchal, e é para lá que espera voltar um dia. Bordou a vida toda e chegou ao lar em 2016, onde garante já ter amigos feitos. Lamenta que os óculos já falhem para ver televisão e que o ouvido também já exija que as palavras se repitam. Da porta do edifício, “Sãozinha” vê a montanha com alguma neve e ao seu lado está Dona Antónia Ferreira, mulher ligada ao vinho do Porto que dá nome ao lar, numa pintura a óleo imponente. “Centenárias são só mesmo elas as duas”, atira uma das funcionárias que conduz a sua cadeira de rodas para junto de uma das poltronas no hall de entrada.

Maria da Conceição, natural do Funchal, completou 101 anos de vida no dia em que foi vacinada contra a Covid-19

Rui Oliveira/Observador

As vacinas chegam, 30 minutos depois da hora marcada, em malas térmicas transportadas por três enfermeiros equipados a rigor. São preparadas numa sala a poucos metros da entrada e saem de lá em tabuleiros de alumínio prontas a serem administradas.

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Quando lhe tiram o casaco e camisola, a aniversariante queixa-se do frio. Fecha os olhos e cerra os punhos quando a agulha lhe entra no braço, mas quando a seringa fica vazia e é atirada para o balde do lixo, batem-lhe palmas e cantam-lhe os parabéns, arrancando-lhe um tímido sorriso. Pede uma manta para lhe cobrir os joelhos, come um pedaço de pão e conta ao Observador que o bolo de aniversário só chega de tarde, quando o neto Fernando a vier visitar.

Um corredor de idosos impacientes, irrequietos e sem medos

Depois de Conceição, é a vez dos colaboradores. “Tem calma mulher, não podemos tomar a vacina nervosos”, ouve-se na fila composta por funcionárias com vestidas de bata azul, ‘crocs’ no pés e touca na cabeça. Enquanto a fila de espera vai desaparecendo, os idosos têm ordem para esperar nos seus quartos que a vacina chegue até lá, mas alguns desafiam as regras e ocupam o corredor comum, repleto de vasos com plantas e iluminado por uma claraboia.

À porta do quarto número 17 está Maria Sanches, de 86 anos. De óculos redondos, cabelo preso com ganchos pretos e saia a condizer com o casaco, conta que não é natural da Régua, mas quando se casou acabou por ficar pela região. “Estive casada quase 50 anos e tenho uma mão cheia de filhos”, diz, orgulhosa.

Trabalhou na vinha, fez crochet e até foi dona de uma sapataria, atualmente o que mais lhe custa é não pode fazer “a vida do costume”, como ir às compras ou visitar a sua casa. “Parece que estamos numa prisão. Nos dias de verão, olhava aquele vidro e via o sol, custava-me muito ficar aqui dentro.”

Queixa-se dos problemas na coluna, na tiróide e das artroses nos joelhos, mas garante não ter medo da vacina. “Não tenho medo nenhum, espero que ela resolva este problema.” Nos últimos meses, Maria assegura sentir-se sempre confiante de que “tudo ia passar”, à exceção do dia em que caiu na rampa exterior do lar e teve ir ao hospital a Vila Real, o que a obrigou a ficar 14 dias num dos quartos de isolamento. “Foi uma chatice, mas somos velhos.”

Enquanto eram vacinados os colaboradores, os idosos não resistiram à curiosidade e ocuparam o corredor para ver o que se passava

Rui Oliveira/Observador

A uns metros do quarto de Maria, avista-se um casal abraçado, que espreita pela janela e tenta perceber o que está a acontecer. “A minha mulher está doente e, como não me deixavam visitá-la, acabei por ficar aqui com ela”, começa por contar António Teixeira Félix, que trocou a sua casa pelo lar. Passa os dias a ler e a conversar, recorda o tempo em que, com a mulher, estava ao leme de uma salão de cabeleireiro. “Ainda hoje gostamos de nos arranjar”, assegura Maria dos Anjos.

A tão esperada vacina está a poucos minutos de chegar ao quarto do casal e António, que já foi operado a uma artéria no coração e à vesícula, garante não a temer. “Se me pedissem para ser o primeiro vacinado a nível nacional, aceitava sem receio.”

No outro lado do corredor, no quarto número 15, Álvaro Leite, de 84 anos, é um dos mais bem dispostos do grupo. Estava habituado a sair todos os dias, fosse para ir ao tasco picar alguma coisa ou jogar com os amigos. Agora, lamenta não o poder fazer, mas nem por isso perdeu o sentido de humor e, claro, a esperança. Conduziu camiões pesados durante vários anos e nega qualquer sinal de cansaço. “Tenho milhares de quilómetros nos braços. Se me perguntar se estou cansado, digo-lhe que não.” Está visivelmente contente por receber a vacina, “de que todos falam na televisão”. “Oxalá seja uma solução”, diz, já a postos, sentado numa cadeira e de camisola interior com a manga arregaçada.

“Menina Joana, já lhe disse que tem de esperar no seu quarto”; “Tenho fome, a esta hora já estava a comer”. A utente mais desobediente e irrequieta é Joana Rodrigues, com 71 anos e conhecida por gostar de pintar. De xaile escuro nos ombros, bengala numa mão e uma garrafa de água na outra, passeia nos corredores e fura as regras que a mandam esperar pela vacina no quarto. “Acho que a vacina vai resolver qualquer coisa, estou positiva, mas só o tempo o dirá”, diz, encolhendo os ombros.

77 utentes foram vacinados nos quartos do lar, muitos acreditam que será o fim da pandemia

Rui Oliveira/Observador

O processo de vacinação faz-se a bom ritmo, com dois enfermeiros a administrar e um outro a preparar os utentes antecipadamente. “Qualquer sintoma nos próximos 30 minutos, toquem à campainha do quarto, por favor”, avisa a responsável. “Onde está a D. Joana?”; “Ainda está aqui a passear? Olhe que vou vaciná-la aqui no corredor, mas de pé não pode ser. Sente-se lá aqui”.

Joana Rodrigues, a irrequieta, senta-se numa das poltronas espalhadas pelo corredor, pousa a bengala junto à parede e guarda religiosamente a sua garrafa de água no chão. Faz questão de ser ela própria a despir o casaco e a tirar uma manga da camisola de malha cor de rosa. “Pronto, já está”; “Ui, não doeu nada.” Os enfermeiros afastam-se e Joana dirige-se rapidamente para a sala de convívio, onde as luzes do pinheiro se confundem com as do presépio, e as mesas para o almoço já estão a ser postas, com direito a um pão para a entrada e um dióspiro para a sobremesa. Enquanto espera que os 30 minutos de recobro passem, não resiste e pede uma bolacha Maria para enganar o estômago. “Não estava com fome, estava com apetite. Assim preparo a barriga para o almoço.”

Vários colegas começam a juntar-se a ela na sala comum, onde duas televisões estão ligadas em alto e bom som, e veem-se vasos com plantas, jogos de dominó e Mikado intactos, um painel com fotografias, revistas Holla! ordeiramente arrumadas e uma lareira em pedra por acender.

Funcionários deixaram a família, perderam aniversários e choraram às escondidas

A carrinha das vacinas ainda não tinham chegado ao lar Dona Antónia Ferreira e já muitos colaboradores esperavam nas escadas do edifício, onde aproveitavam para preencher os inquéritos para depois serem registados no sistema de vacinação. Desde março que todos trabalham de forma diferente, foram divididos em dois grupos e cada um, rotativamente, fica confinado no lar durante 15 dias.

Todos os funcionários foram obrigados a pernoitar no lar, deixando as suas casas e as suas famílias

Rui Oliveira/Observador

Carla Nogueira é auxiliar há dois anos na instituição e recorda “o esforço desgastante” que é ficar longe da família, principalmente das duas filhas. “Uma é médica anestesista no hospital de S. João, no Porto, a outra está a estudar enfermagem em Coimbra. Ao fim de semana vinham sempre a casa, mas eu não estava lá. Foi difícil, mas fiz tudo para que não houvesse Covid entre nós.

A profissional realça a união do grupo de trabalho e considera que esse foi mesmo o segredo para que nenhum utente apanhasse o vírus. No entanto, não ignora algumas dificuldades vividas. “Tive que ter muita paciência para os alimentar, os acamados, que já não falam, não conseguem expressar o que estão a sentir, mas através do olhar deles percebia que estavam descansados, porque sabiam que não estavam sozinhos.”

Fátima Sousa mora ao lado do lar, onde já trabalha como auxiliar há duas décadas. Tal como a colega Carla, garante que o mais difícil é mesmo ficar longe dos seus. “Deixámos tudo para trás para tratar dos nossos idosos, fizemos tudo o que poderíamos fazer. Em casa deixei três filhos e três netos.” Depois de ser testada, irá voltar a confinar na instituição na próxima quinta-feira, e adianta já ter uma mala feita com o pijama e a escova dos doentes. “Os meus filhos já estão habituados, veem a mala e já me dizem que vou passar mais umas férias. Espero que esta seja a última vez, seria bom sinal.”

Nos últimos meses, os desafios foram-se multiplicando, mas há um episódio que deixou Fátima sem resposta. “Muitos deles queriam ir para a rua, mas dizíamos que não podiam fazê-lo por causa do bicho, mas eles respondiam que nos viam a sair daqui passados 15 dias e aí eu ficava sem resposta. Tentava explicar-lhes que estava em casa, mas não ia ao supermercado e fazia um teste antes de voltar para os proteger. Com o tempo, acabaram por perceber e não se revoltar.”

A auxiliar não tem dúvidas de que a sua “maior alegria” é não ter havido nenhum utente positivo e que tomar a vacina é o seu “melhor presente de Natal”. “Posso não ir para casa, mas ao menos fico mais descansada a partir de hoje.”

Na sala de convívio, muitos esperavam pelo tão desejado almoço, que este dia foi mais tarde devido à vacinação

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Ajudante na cozinha do lar há 16 anos, Fátima Magalhães partilha da mesma opinião e espera que a vacina que está prestes a tomar seja “a cura para 2021” e um motivo para voltar a abraçar aqueles de que mais gosta. “Acho que ela veio para nosso bem, mas tenho receio porque é nova. Isto é uma experiência que não é nossa, é do mundo inteiro.

A funcionária não esquece o “sacrifício” exigido pela pandemia no ano que passou. “Foi muito intenso, muito choro, muito sacrifício, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para os proteger, mas não chorávamos ao pé deles para não ficarem tristes.” Em casa deixou a filha de 20 anos, que apesar de “já ser uma mulher, sentiu a falta da mãe”.  “Chorei muito nos aniversários da minha família, na Páscoa e no Natal, mas tenho orgulho no que fiz. Espero que consigamos sair disto vitoriosos até ao fim.”

Afonso Cécio, o único elemento masculino do grupo, é enfermeiro e chegou ao lar em pleno mês de março para reforçar a equipa. “Fiquei logo em confinamento, nunca pensei na minha vida que isto me pudesse acontecer. É difícil, por vezes saímos mais cansados psicologicamente porque são 24 horas a trabalhar, nunca paramos e não conseguimos mesmo desligar. Até agora tem corrido tudo bem e isso é o mais importante.”

O enfermeiro lembra que o mais exigente até agora foi ouvir as queixas dos utentes, com saudades da família ou por não compreenderem o vírus, e gerir os quartos de isolamento, usados quando os idosos tinham consultas, exames ou internamentos fora, e “era necessário tomar medidas de higiene mais apertadas”. No entanto, a maior recompensa é não existir ninguém infetado e quando o tratam como um amigo. “Quando eles dizem que gostam de mim, fico logo feliz, sinto que os estou a ajudar, não só a nível de saúde, mas também a nível emocional e isso conta bastante.”

Uma caixa de acrílico para fintar as saudades e uma segunda dose que pode tardar

O Lar Dona Antónia Adelaide Ferreira, da Santa Casa da Misericórdia do Peso da Régua, ainda não teve utentes ou colaboradores infetados e o truque parece estar na forma de trabalhar, nos quartos de isolamento e numa caixa transparente que proporciona visitas.

No inicio de março, “quando ainda ninguém imaginava o que a pandemia poderia ser”, a instituição traçou um plano de contingência. “As visitas foram suspensas e nunca permitimos entradas no lar para não existir o perigo de contágio, por isso, em maio criámos a nossa caixa de emoções, uma caixa em acrílico, hermeticamente fechada, onde os idosos entram e podem contactar com os familiares. Só se veem e ouvem, mas não se tocam”, explica Cristiana Queirós, diretora técnica do lar.

A caixa está instalada na entrada da capela e cada utente pode receber até seis pessoas por dia, em visitas de 30 minutos. “É importante que eles vejam os outros, mas o toque, o abraço e o beijo não se substituem por nada, por isso tentamos de trabalhar muito a parte emocional.”

As vacinas chegaram e foram preparadas na sala de enfermagem do lar

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Outra das mudanças adotadas foi dividir a equipa de 47 colaboradores em dois grupos, que de forma rotativa pernoitam no lar durante 15 dias. “Transformamos o nosso ginásio num dormitório que passou a ser a nossa casa. Verificamos que esta seria a melhor opção”, defende a responsável, acrescentando que, desde maio, até os fornecedores deixam as encomendas à porta. “Temos uma zona de quarentena, onde tudo o que entra no lar fica durante 48 horas e depois é desinfetado.”

O edifício, composto por dois pisos, foi dividido por alas, numa área ficaram os utentes mais dependentes e a sua respetiva equipa auxiliar, e no outro os mais autónomos, com direito a uma sala de refeições, onde agora em cada mesa cabem apenas duas pessoas, em vez de quatro. “Sempre que cada um vai a uma consulta, um exame ou é internado no hospital, chega cá, toma um banho, muda de roupa e fica 14 dias num dos quatro quartos que temos para isolamento. Só depois é que saem e fazem a sua rotina normal.”

Independentemente das rotinas e da história de vida de cada um, Cristiana Queirós admite que o mais complicado foi mesmo segurar os mais velhos no mesmo espaço. “Muitos deles saíam para irem ao café, ao jardim ou à feira. Foi uma mudança radical, mas com o tempo, perceberam que o melhor era estarem confinados aqui e resguardarem-se ao máximo.”

A vacina contra a Covid-19 parece ser agora um motivo de alegria e esperança. “Foi uma surpresa, não estava a contar que fossemos contemplados tão cedo, era um desejo grande. Estamos todos ansiosos, alguns com receio, o que é normal, mas é um descanso e deixa-nos contentes.” No entanto, a diretora sabe que a vacina não muda nada no imediato. “Vamos continuar a cumprir as regras necessárias e os colaboradores estarão em regime de confinamento até dia 31 de janeiro. Se for necessário alargar para mais semanas, não haverá problema.”

A segunda toma no lar da Régua está agenda para o próximo dia 26 de janeiro

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Medidas defendidas por Nuno Silva, coordenador do centro de saúde do Peso da Régua, que orientou o processo de vacinação no lar. “De um modo geral, há menos desconfiança do que com outras vacinas, acho que as pessoas estão muito recetivas e curiosas, com vontade de a tomar, até porque sabem que este é uma situação que está a transtornar a vida de todos, está a demorar muito tempo a passar.”

Sobre a segunda toma, agendada para 26 de janeiro, o médico alerta que nesse dia “poderá não haver vacinas”, mas que isso não significa, necessariamente, complicações. “Esperamos que cheguem no dia certo, mas como estas eram para chegar ontem, e só chegaram hoje, pode haver um atraso de um ou dois dias. O administrar antes é problemático, mas se passar dois dias não haverá qualquer diferença em termos de imunidade.”

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