Foi em 2003 que um grupo de jovens investigadores da Universidade de Coimbra reconheceu nas células estaminais presentes no sangue do cordão umbilical um enorme potencial terapêutico. Nascia, assim, a primeira instituição dedicada à criopreservação destas células em Portugal, a Crioestaminal.
A sua criação, como conta Mónica Brito, CEO da empresa, “teve como objetivo possibilitar às famílias portuguesas a oportunidade de guardar as células estaminais do cordão umbilical dos seus filhos, tornando-as disponíveis para possíveis tratamentos futuros”.
A capacidade terapêutica das células estaminais
Também conhecidas como células mãe, as células estaminais têm uma capacidade única de auto-renovação, proliferação e diferenciação em vários tipos de células especializadas. Por isso, podem atuar no organismo para regenerar tecidos e regular ambientes altamente inflamatórios, possibilitando o tratamento de várias doenças, refere Mónica Brito.
“Há registos da utilização das células do sangue do cordão umbilical no tratamento de mais de 90 patologias, incluindo doenças hemato-oncológicas, imunodeficiências e doenças metabólicas, e em mais de 60 mil transplantes em todo o mundo. Além disso, estão em desenvolvimento vários ensaios clínicos, com resultados bastante promissores, para avaliar o potencial terapêutico destas células em doenças do foro neurológico e autoimune”.
No caso da Crioestaminal, as células guardadas pela empresa já permitiram realizar 16 tratamentos: 15 com células estaminais do sangue do cordão umbilical, para imunodeficiência combinada severa, anemia aplástica grave ou leucemia mieloide aguda e, ainda, tratamentos experimentais, em contexto de ensaio clínico, no âmbito da paralisia cerebral e das perturbações do espectro do autismo; e um tratamento experimental com células mesenquimais do tecido do cordão umbilical, numa doença grave do enxerto contra o hospedeiro, desenvolvida após transplante hematopoiético, explica a CEO da Crioestaminal.
16
Tratamentos realizados com células guardadas pela Crioestaminal
15
Tratamentos com células estaminais do sangue do cordão umbilical
1
Tratamento com células mesenquimais do tecido do cordão umbilical
Para Mónica Brito, já não existem dúvidas quanto às vantagens e à importância da criopreservação de células estaminais. Ainda assim, a CEO recorda que é essencial que as famílias tomem decisões informadas: “é importante perceber que esta decisão oferece oportunidades adicionais no âmbito da medicina presente e futura, sendo igualmente importante perceber que as células estaminais guardadas podem nunca vir a ser necessárias, ou podem não ser a opção terapêutica mais adequada”.
Colher células estaminais: um processo simples e vantajoso
Apesar de estarem disponíveis em vários tecidos do nosso organismo, os procedimentos de obtenção das células estaminais são invasivos, à exceção do que acontece com as células obtidas a partir do sangue e do tecido do cordão umbilical, refere Mónica Brito.
“A realização de uma colheita não invasiva, seguida de um processo de criopreservação que mantém a viabilidade celular, possibilita que as células estaminais fiquem disponíveis de imediato”, explica a CEO. Além disso, as células estaminais do cordão umbilical têm menor probabilidade de serem rejeitadas, são menos suscetíveis de transmitir doenças depois dos transplantes e podem ser utilizadas por outros familiares compatíveis, como um irmão.
Mas como é que a criopreservação acontece? Como conta a CEO da Crioestaminal, é um processo muito simples para as famílias, que recebem em casa o kit – um dispositivo médico que contém todo o material necessário – para que a colheita seja feita na altura do parto.
A colheita das células estaminais
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O kit inclui dois documentos, o Questionário de Avaliação Clínica e o Consentimento Informado, que têm de ser entregues à Crioestaminal antes do parto. O médico assistente também tem de ser informado da intenção de colher as células estaminais e, no dia do nascimento, a família deve ter consigo o kit de colheita, que deve ser sempre mantido à temperatura ambiente.
Logo após o nascimento do bebé, é efetuada a colheita pela equipa que assiste ao parto. A seguir, a família deve contactar a Crioestaminal para que seja agendada a recolha do kit.
Assim que o kit chega ao laboratório da Crioestaminal, começa, então, o processo de criopreservação. “Primeiro, são realizados testes de controlo de qualidade à amostra recebida. Estando tudo dentro dos parâmetros definidos, a amostra é armazenada pelo período escolhido pela família – tipicamente 25 anos – que pode, depois, ser estendido. Se a amostra não cumprir os parâmetros definidos para criopreservação com sucesso, o processo é interrompido sem qualquer custo para as famílias”, explica Mónica Brito.
Investigação e desenvolvimento: o caminho para o futuro
Além de ter sido o primeiro banco de criopreservação em Portugal a registar patentes para tratamentos inovadores com células estaminais, a Crioestaminal possui um laboratório de produção de medicamentos de terapia celular, certificado pelo Infarmed, e foi o primeiro laboratório na Europa com acreditação da Association for the Advancement of Blood & Biotherapies para as células e tecidos criopreservados, o que mostra o compromisso da empresa com a investigação e o desenvolvimento.
A par da criopreservação, a Crioestaminal dedica-se a disponibilizar cada vez mais opções terapêuticas para as células guardadas. A empresa acompanha as necessidades das famílias e dos profissionais de saúde e desenvolve projetos, juntamente com médicos e investigadores, com vista à produção de medicamentos para doenças com poucas opções de tratamento.
“O investimento nestes projetos reforça a importância das células estaminais na medicina, contribuindo para o desenvolvimento deste setor em Portugal. Adicionalmente, a existência de laboratórios no nosso país com esta capacidade de desenvolvimento de produtos de qualidade, não só permite aos nossos hospitais uma maior acessibilidade a produtos terapêuticos diferenciados e personalizados, como também coloca Portugal numa posição de destaque na área das terapias celulares, sobretudo a nível europeu”, explica Mónica Brito.
Para prosseguir neste caminho de inovação, a Crioestaminal criou em Portugal o primeiro Banco de Amostras de Células Estaminais do Sangue e Tecido do Cordão Umbilical para Investigação, permitindo que os pais que não querem guardar as células dos seus filhos as possam doar para pesquisa.
Como recorda a CEO, em mais de 90% dos partos no nosso país, o cordão umbilical é descartado, impedindo o desenvolvimento de novos tratamentos. Por isso, as amostras doadas de forma altruística e o Banco de Investigação & Desenvolvimento vêm ajudar a “salvaguardar o potencial terapêutico deste bem único e contribuir para a criação de medicamentos à base de células estaminais para diversas doenças”, refere Mónica Brito.
Ser pioneiro e marcar a diferença
A Crioestaminal esteve sempre na linha da frente e, para a CEO da empresa, “o grande fator de diferenciação, ao longo dos últimos 21 anos, tem sido o emprenho em prestar um serviço que corresponda às necessidades e expectativas das famílias”, no momento em que decidem guardar as células estaminais, quando é feita a colheita e a criopreservação e na altura de as disponibilizar para tratamento, caso surja a necessidade.
O que a Crioestaminal oferece
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A Crioestaminal disponibiliza a criopreservação do sangue e do tecido do cordão umbilical, ou seja, a possibilidade de as famílias guardarem duas fontes de células estaminais distintas.
A empresa disponibiliza diferentes opções de acesso ao seu serviço, com soluções de acessibilidade para jovens com menos de 30 anos e modalidades de pagamento em prestações, para que mais famílias possam beneficiar de mais oportunidades de tratamento no futuro.
Muito devido às suas raízes científicas, a Crioestaminal tem assumido como objetivo atuar não só como um banco de criopreservação, mas também como uma organização que contribui ativamente para o desenvolvimento da medicina na área das terapias celulares, afirma Mónica Brito. “É isto que tem feito com que a Crioestaminal seja reconhecida pela qualidade do seu serviço, pela experiência que detém na área das células estaminais, pela disponibilização de amostras para serem utilizadas em tratamentos e também pela sua capacidade de inovar e de colocar à disposição os produtos de terapia celular mais adequados às necessidades atuais e futuras”.
21 anos de história e uma nova imagem
Ao longo de 21 anos, a Crioestaminal já serviu mais de 120 mil famílias em Portugal. Nestas duas décadas, houve muitos momentos importantes, mas há um que merece destaque: “quando obtivemos a primeira autorização do Infarmed para a preparação e disponibilização de um medicamento para terapia experimental, produzido no nosso laboratório a partir de células estaminais do tecido do cordão umbilical, foi um momento que marcou o início de uma nova trajetória”, conta Mónica Brito.
Para assinalar este aniversário, a Crioestaminal assumiu uma nova identidade visual, em linha com o Grupo FamiCord, o maior grupo europeu de células estaminais do qual a empresa faz parte. “Modernizamos a nossa imagem, respeitando os 21 anos de história de compromisso com as famílias, mas refletindo agora o nosso investimento em Investigação & Desenvolvimento, em concreto na área da terapia celular”.
O objetivo é que a imagem da Crioestaminal fique menos ligada à fase da gravidez, mais robusta e alinhada com a do Grupo FamiCord. “Acreditamos que esta mudança reforça o compromisso da Crioestaminal com o futuro das famílias e com a ciência, proporcionando um maior acesso a tratamentos inovadores, contribuindo para o desenvolvimento de novos medicamentos para doenças atualmente sem soluções eficazes e promovendo mais saúde para os doentes”, explica a CEO.