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FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Desvinculação de Baptista Leite anima rioístas. “É muito bom o partido ter alternativas"

Elementos da bancada do PSD lamentam que Montenegro tenha "desperdiçado" deputado-estrela da pandemia. Direção não gostou da ambição de Baptista Leite. Resistência interna assinala nova alternativa.

Continua a procura por uma figura capaz de fazer sombra a Luís Montenegro – quando ou se o momento chegar. A lista de não-candidatos (teoricamente, claro) vai engrossando à medida que os meses passam e que as coisas aparentemente melhoram para o atual líder do PSD. Jorge Moreira da Silva, que ainda recentemente desafiou a liderança do PSD a arrepiar caminho, mudou-se para a ONU; André Coelho Lima e Carlos Eduardo Reis ensaiaram um ataque público, mas têm-se mantido alinhados com o interesse maior do partido; e o regresso de Paulo Mota Pinto ao Parlamento era aguardado com expectativa, mas a discrição tem sido a regra. Agora, no entanto, há um nome a (re)entrar nessa corrida: Ricardo Baptista Leite – e logo com a chancela simbólica de Rui Rio.

Assim que Baptista Leite deu a conhecer a suspensão do mandato de deputado para dirigir uma organização internacional ligada à saúde, o PSD agitou-se. No Twitter, Rui Rio, que se tem mantido publicamente afastado dos assuntos da vida política nacional, fez questão de dedicar um elogio público a Baptista Leite. “Uma decisão compreensível e inteligente do Ricardo. Tem qualidade mais do que suficiente para, a tempo e horas, retomar um caminho que lhe permite nunca ficar dependente da política; nunca perder a sua liberdade, nem necessitar de vender a alma ao diabo, como tantas vezes se vê”, sublinhou o antigo líder social-democrata.

Não foi o único sinal do reagrupar do rioísmo. Na quarta-feira, na comissão parlamentar de revisão constitucional, André Coelho Lima, antigo vice de Rui Rio e coordenador do PSD nesses trabalhos, chamou para intervir sobre a Saúde na Constituição da República, pela primeira vez, um deputado que nem sequer é membro da comissão – Ricardo Baptista Leite, precisamente.

O facto não passou despercebido no PSD. “Em política, não costuma haver coincidências”, comenta com o Observador fonte do grupo parlamentar social-democrata, muito atenta à vida interna do partido. Apesar de  estar no Parlamento desde 2011, a promoção de Baptista Leite à primeira liga da política, sobretudo durante o período pandémico, deu-se pela mão do rioísmo —  e o rioísmo ainda vive.

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“O Ricardo sai por ser desperdiçado e desaproveitado. Está encostado e de certa forma também se encostou. Quis criar um facto político com esta saída”, comenta com o Observador um elemento da bancada social-democrata. Para muitos na direção do PSD, Baptista Leite foi um dos responsáveis por minar a afirmação política de Miranda Sarmento e por distribuir cascas de banana ao longo do caminho do líder parlamentar. 

Hegemonia de Montenegro travou corrida; Miranda Sarmento roubou oportunidade

A própria forma como Baptista Leite decidiu sair de cena é interpretada como um facto político – o futuro ex-deputado (deixará o Parlamento em maio) apenas suspendeu o mandato, não renunciou – o que lhe dá margem para voltar dentro de seis meses, se assim o entender. Mesmo que não o faça, o sinal de que não se quer afastar de forma irremediável da política está dado: Baptista Leite andará efetivamente por aí.

De resto, assim que Rui Rio assumiu que ia deixar a liderança do PSD, Ricardo Baptista Leite terá tentado perceber se tinha condições para entrar na corrida à presidência do partido. De acordo com o que apurou o Observador, as movimentações do médico especialista em infectologia, com incursões pelas estruturas partidárias da Madeira e Açores e contactos informais com parte do aparelho social-democrata, não passaram despercebidas aos homens de Montenegro, que, apesar disso, nunca o viram como verdadeira ameaça.

Numa corrida em que Montenegro era um favorito pré-anunciado e em que o rioísmo estava ferido de morte e sem o general evidente, o médico ficou de fora e deixou para Jorge Moreira da Silva essa missão — com resultados francamente tímidos. Mesmo agora, e mesmo entre aqueles que não se reveem inteiramente na liderança de Montenegro, as hipóteses de Baptista Leite vir a protagonizar uma candidatura sólida à liderança do PSD são relativizadas. “Baptista Leite ainda está num patamar diferente [de Moreira da Silva]”, concede ao Observador um elemento da resistência a Montenegro.

“Ainda não tem exército e tem a distrital de Lisboa sempre à perna”, acrescenta outra fonte conhecedora da vida interna do partido. “É muito bom o partido ter alternativas. E esta [Baptista Leite] já é conhecida há muito tempo. Se tem chances reais? Isso resta saber em relação a toda a gente”, relativiza outro elemento social-democrata não alinhado com o montenegrismo.

A verdade é que, no pós-Rio, Baptista Leite poderia ter tido um protagonismo que não teve. O futuro ex-deputado não escondia a ninguém que tinha ambições de suceder a Paulo Mota Pinto como líder parlamentar. Publicamente, aliás, chegou a confessar em entrevista à Renascença e ao Público que julgava ter capacidade para assumir essas funções. “Há na bancada do PSD uma série de quadros com grande experiência parlamentar, não me excluo desse grupo de deputados mais experientes”, disse.

A direção social-democrata, no entanto, teve outro entendimento e acabou por optar por Joaquim Miranda Sarmento, outro homem que cresceu pela mão de Rio. Ainda que o agora líder do grupo parlamentar do PSD tenha dado a vice-presidência da bancada a Baptista Leite, a verdade é que a luz da estrela do partido no período pós-pandémico foi-se apagando à medida que os meses passavam — em sentido inverso, aparentemente, as suas frustrações foram aumentando.

As desconfianças entre deputados e a direção nacional também não ajudaram: para muitos na São Caetano, Baptista Leite foi um dos responsáveis por minar a afirmação política de Joaquim Miranda Sarmento e por distribuir cascas de banana ao longo do caminho do líder parlamentar, gestos que foram caindo mal junto da direção do partido — o que justifica as reservas que existem em relação ao futuro ex-deputado.

Durante muito tempo, aliás, as más prestações de Miranda Sarmento nos debates parlamentares e a dificuldade em agarrar a bancada – diagnóstico partilhado pela direção do partido e por muitos elementos do grupo parlamentar – alimentou a conversa em torno da substituição iminente de Miranda Sarmento. E, nesse cenário, Baptista Leite seria o senhor que seguiria, relançando o protagonismo do médico infectologista. Algo que não veio a acontecer.

Com o decorrer das semanas e meses, e com o regresso de alguma normalidade à bancada parlamentar social-democrata, as conversas sobre a sucessão de Miranda Sarmento foram perdendo gás. E Baptista Leite também. “O Ricardo sai por ser desperdiçado e desaproveitado. Está encostado e de certa forma também se encostou. Quis criar um facto político com esta saída”, comenta com o Observador um elemento da bancada social-democrata. Fontes próximas do médico garantem que não, que a saída não se deve prestar a qualquer leitura política. Mas, ao mesmo tempo, também deixam uma certeza: “Não vai andar desaparecido”. Resta saber quando e em que condições regressará.

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