[Este artigo vai manter-se em atualização com as histórias e relatos que forem chegando dos ouvintes da Rádio Observador e dos leitores do jornal. Pode enviar-nos a sua através do Whatsapp para o número 91 396 15 56. Obrigada!]

Teresa Júdice

Carta enviada pela Teresa, de 9 anos, ao avô

“Escrevo-vos emocionada com tudo o que está a acontecer. Partilho a carta que a minha filha, de 9 anos, escreveu para enviar ao Avô, que está sozinho em Lisboa, sem receber visitas, dadas as circunstâncias. Já que não podemos visitar pessoas, que as cartas possam servir de algum consolo.”

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Carla Pacheco

“Estou em casa a trabalhar em regime de teletrabalho. Vivo sozinha e o isolamento não é algo que me seja estranho, mas, desta vez, tem sido difícil. Desta vez é uma solidão imposta. Mas é algo que temos de fazer. Entre amigos, vamos fazendo chamas por Skype, whatsapp, aderindo a aplicações de entretenimento e fazendo jogos para que se sinta um pouco menos a solidão. Faço as minhas compras sozinha e apenas quando é extremamente necessário. Temos de enfrentar esse isolamento juntos e com menos danos mentais possíveis. Hoje tive de sair à rua. Queria ler um livro ao sol, estar à vontade numa esplanada, mas não o pude fazer. Fui andar de carro, ouvir música e apanhar sol no braço. Foi o suficiente para animar a alma.”

Patrícia Ferreira

“Ontem deixei os meus três filhos e o meu marido numa aldeia do distrito de Coimbra, em segurança. Regressei ao Porto para trabalhar, sem qualquer certeza quanto à data em que voltarei a vê-los. Espero que em breve e espero que em segurança. Eles estão bem, eu vou fazer por isso. Boa sorte, Portugal.”

Sofia Tempero

Mensagem deixada pela Laura, de 9 anos, aos seus vizinhos, em Alcobaça

“Já vi muitas mensagens de adultos a oferecer apoio aos vizinhos… mas esta mensagem foi posta pela Laura, com 9 anos, nas portas do seu prédio em Alcobaça.”

Rita Simões

“Também estou a tentar fazer a minha parte no meio deste caos que é estar parada em casa! Não tenho o hábito de fazer vídeos, sobretudo longos, mas resolvi começar a fazer no YouTube para os meus alunos do ensino básico. Eles são pequeninos e já percebi pela mensagem de uma mãe de uma aluna minha que estão ansiosos com a situação!”

Tiago Mata

“A 17 de março consegui falar com o Sistema Nacional de Saúde e aguardo o contacto do delegado de saúde. Eu e a minha família somos um grupo de 4, foi-nos pedido para ficarmos em casa para, posteriormente, sermos alvo de avaliação para sabermos se estamos infetados. Tive contacto com uma pessoa infetada. Tudo isto veio criar uma enorme confusão às famílias: no nosso caso, tanto eu como a minha esposa estavámos em mudança de trabalho. Eu tinha entregado a carta de rescisão para entrar noutra empresa esta semana, mas esta fechou portas e a antiga está a despedir pessoal. Já não me quiseram readmitir, como seria de esperar.

Neste momento estou desempregado, sem direito ao subsídio de desemprego. A minha esposa tinha iniciado o processo de formação na EDP para a Loja do Cidadão, mas este foi suspenso. Só deve iniciar quando as coisas voltarem à normalidade. Neste momento, tanto eu como a minha esposa, um casal de 30 anos, com duas filhas de quatro – gémeas – estamos sem trabalho e, segundo o SNS, não posso sair de casa até o delegado de saúde nos contactar e nos avaliar. Estamos sem respostas. Como vamos ter sustento? Como vamos pagar as contas. São essas as coisas a que os nossos governantes deviam responder.”

Sofia Tempero

Sofia Tempero, Póvoa de Santa Iria - "Vai ficar tudo bem"

“Na Póvoa de Santa Iria, à beira Tejo, com as cores da Primavera que há de chegar.”

Fábio

“Estava a viver na Suíça e deixei de trabalhar. Estive para fazer a viagem Suíça-Portugal de carro, mas aconselharam-me a não o fazer porque podia não conseguir entrar em França, em Espanha ou em Portugal. Comprei hoje um bilhete de Genebra para Lisboa às nove da manhã e agora estou de quarentena em casa. Mas estou em Portugal.”

Funcionários do restaurante Pinóquio, em Lisboa

Funcionários do restaurante Pinóquio, em Lisboa

“Boa tarde aqui da baixa de Lisboa do restaurante Pinóquio. Abraço a todos os profissionais da indústria hoteleira que ainda estão na linha da frente.”

Mariana, Eslovénia

“Vivemos num apartamento relativamente pequeno, pelo que não é fácil coordenar toda a família. Há sempre alguém que tem fome, ou que se magoa, ou que precisa de ajuda urgente para mudar um vídeo no Youtube. Ter reuniões tornou-se relativamente complicado e acabo por aparecer em certas ocasiões em vídeo com uma criança ao meu lado. O mais complicado é não haver horas para trabalhar, de segunda a domingo. É sempre quando os filhos deixam.

A corrida aos alimentos deixou as prateleiras vazias. Felizmente começámos a preparar-nos há um mês quando vimos o nosso país vizinho, a Itália, a entrar em estado de alerta. Tudo o que seja vegetais e frutas são maioritariamente importados, pelo que temos de poupar. Desde o início optámos por comprar produtos congelados.”

Carolina Alves

Carolina Alves, de 16 anos, enviou a foto da parede do quarto, que começou a pintar para ocupar o tempo

“Vivo com o meu pai, a minha mãe e o meu irmão. Estou há 2 dias de quarentena e já pintei a parede do meu quarto, limpei a casa de cima a baixo e tirei fotos a Vénus. Ontem perguntei a mim própria o seguinte: se ontem foi o segundo dia de quarentena e eu já fiz aquilo tudo, daqui a 10 dias irei estar a fazer o quê? A construir uma casa na árvore? Ou a organizar a gaveta das blusas por ordem alfabética de marca? É impressionante o facto que se estivesse de férias iria ver uma série ou um filme mas aqui, agora, não consigo. Apetece-me fazer tudo e mais alguma coisa.”

Adriana Gregório

“Somos uma família de 4 pessoas. Estamos em Marrocos. Há espera de um e-mail do Mistério dos negócios estrangeiros a ver se nos incluem na lista de passageiros do segundo avião, só vão haver 2. O primeiro saí agora as 17h. Vamos ficar em casa, de quarentena voluntária. Temos duas filhas, de 4 e 1 ano. Temos a dispensa cheia…. e tentamos ocupar as meninas da melhor maneira. Jogamos, pintamos. Fazemos bolos. E Temos jardim e as miúdas pode. Andar de bicicleta.

No entanto, aqui em Marrocos ainda não há muito o sentido sanitário de evitar o contacto com as mãos. Na sexta feira e ontem já houve uma afluência extraordinária aos supermercados e farmácias. Mas ainda há muitas pessoas com falta de informação e que desvalorizam conscientemente a necessidade de desinfeção e de evitar o contacto com outras pessoas.”

Leitor a trabalhar na Alemanha

Muitos portugueses estão a ser afetados pelas limitações e restrições impostas em vários países

“Num quarto de hotel em Hannover (Alemanha), onde me encontro a dar formação, e a seguir com preocupação o que se passa em Portugal e no mundo. Obrigado pelo o vosso trabalho na redação, que fica mesmo ao lado da minha casa em Alvalade.”

Ricardo Borges

“Fizeram bem em fechar as portas aos atletas para que não haja doentes no clube”

“Apesar desta situação ser uma novidade para todos, e principalmente para as crianças que não podem fazer aquilo que mais gostam, elas são as primeiras a compreender e a aceitar o que lhes é pedido em benefício de todos.”

Rita, Madrid

“Desde quarta-feira trabalho remotamente das 8h às 15h, enquanto o meu marido fica com os miúdos. Depois trocamos: eu dedico-me aos miúdos e ele pode trabalhar. Acho que o mais importante nesta situação é criar uma rotina: de manhã, os miúdos fazem tarefas como se estivessem na escola (há muita informação que tirámos da internet). À tarde, brincam, vêem um filme, cozinhamos e ainda há tempo para aulas de ginástica e de ioga.

As medidas em Madrid endureceram nos últimos dias. As saídas à rua são controladas, podemos ir ao supermercado e à farmácia. Ir ao supermercado tem sido muito difícil e escasseiam bastantes produtos. Acho que devemos todos tirar o melhor desta situação. Agora temos todo o tempo do mundo para a família.”

Júnia Barbosa

“Hoje a nossa igreja foi de casa para casa”

“Hoje a nossa Igreja foi de casa para casa #igrejaemcasa #igrejaaponte (aqui somos uma família de 5)”

Flora

“Neste momento em casa somos três pessoas a cumprir quarentena. A minha profissão exige dar concertos, que neste momento estão todos a ser cancelados. Tentei perceber o que poderia fazer para ajudar e comecei desde ontem a dar mini-concertos de vinte a trinta minutos no Instagram, onde eu canto para os meus seguidores. Para muitas pessoas em casa a desanimar, talvez possa ajudar.”