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CONGRESSO PSD: Entrevista para a rádio Observador, a Paulo Rangel, no 40º Congresso Nacional do Partido Social Democrata (PSD), no Pavilhão Rosa Mota, no Porto. 2 de Julho de 2022 Pavilhão Rosa Mota, Porto TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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Paulo Rangel é o novo vice-presidente do PSD

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Paulo Rangel é o novo vice-presidente do PSD

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Entrevista a Paulo Rangel. Aeroporto? Montenegro "deve negociar com o primeiro-ministro"

Paulo Rangel é um dos vice-presidentes escolhidos por Luís Montenegro e considera que negociar com o Governo sobre a solução aeroportuária não pode ser comparado com a postura de abertura de Rui Rio.

Rangel passa a BFF de Montenegro? “É capaz de ser abusivo”. A entrevista de Paulo Rangel no Congresso do PSD

Pouco mais de seis meses depois da noite em que Paulo Rangel foi derrotado por Rui Rio nas eleições internas, o eurodeputado do PSD consegue chegar à direção do partido, com um convite de Luís Montenegro — que, com o convite também a Miguel Pinto Luz, juntou dois ex-candidatos à liderança social-democrata na mesma equipa. Em entrevista à Rádio Observador, o eurodeputado considera que estar em Bruxelas pode ser uma mais-valia para a oposição que é necessário fazer ao PS e a António Costa também na “frente europeia”.

O novo vice de Montenegro defendeu a posição assumida pelo novo presidente do partido logo no primeiro discurso, quando mostrou estar disponível para se sentar à mesa com o Governo para negociar a solução aeroportuária, mas assegurou que esta postura nada tem a ver com a de Rui Rio, que Rangel muitas vezes criticou pela aproximação a António Costa.

O que é que estas listas e estes nomes que Luís Montenegro escolheu dizem do PSD do futuro?
Temos aqui uma grande renovação, uma aposta numa nova geração de políticos do PSD, obviamente com algumas pontes para o passado, mas apesar de tudo bastante circunscritas e também um esforço de unidade, no sentido de recolher protagonistas que têm percursos diferentes, que têm histórias diferentes, até visões diferentes para o partido e de, nesta fase crucial de afirmação do PSD e de relançamento do partido, de ser capaz de estar à altura deste desafio.

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O Paulo Rangel é uma espécie de novo BBF (best friend forever) de Luís Montenegro? É o primeiro vice-presidente, é uma proximidade grande, como é que aconteceu?
BFF é capaz de ser abusivo, mas conheço Luís Montenegro há muito tempo, sempre falei muito com ele. Fui professor de Luís Montenegro, conheço-o desde essa altura.

De Rangel a Pinto Luz, de Moedas a Maria Luís Albuquerque. A equipa que Luís Montenegro escolheu para liderar o PSD

E foi um bom aluno ou não?
Sim, foi um aluno razoável. O primeiro ano em Direito era sempre muito difícil, mas é uma petite histoire que serve apenas para dizer que há canais de comunicação em que as pessoas se conhecem e que resultam de acasos da vida. Temos algumas visões diferentes, mas trata-se de perceber que o momento que o PSD vive é o de se afirmar, perante uma maioria absoluta que deu sinais muito evidentes de estar altamente desgastada ao fim de três meses. Uma maioria absoluta é sempre um ambiente hostil para o partido que lidera a oposição e quando existe um contexto novo, que são partidos novos à direita do PSD com expressão relevante na Assembleia da República e com algum capital político, a Iniciativa Liberal de um lado e o Chega — são partidos muito diferentes, não quero confundi-los nem colocá-los no mesmo plano — isso significa que os desafios que se põe ao PSD são muito difíceis, verdadeiramente cruciais. A equipa tem de conseguir congregar o partido.

Mas a vossa relação vai ser de verdadeira proximidade? Vai passar a vir mais a Portugal para participar nas reuniões, vai ter um papel ativo ou vai estar à distância em Bruxelas?
Não tenho de vir mais a Portugal porque venho todos os fins de semana. Com certeza que vamos adequar as reuniões de forma a que eu possa participar assiduamente e também temos meios tecnológicos que permitem tornar muito mais fácil essa participação. Uma coisaa são as reuniões periódicas agendadas…

…outra coisa é uma crise inesperada.
E na política há muitas vezes até pequenas crises, mas que exigem uma reunião, nomeadamente da comissão permanente. Mas penso que o partido ganha em ter alguém muito próximo do núcleo duro que, nomeadamente numa altura em que temos uma guerra na Europa, a crise de inflação que temos, o PRR em desenvolvimento, esteja em Bruxelas, até porque a oposição a António Costa tem de ser feita na frente europeia. António Costa está absolutamente distraído com a agenda europeia, a ponto de ter deixado o Governo à deriva, como se viu nesta crise dos aeroportos, e o PSD também tem de cumprir essa agenda europeia. Esta adaptação da minha vida à comissão permanente pode ser positiva para o partido.

Com esta nova posição que assume no partido é inevitável que seja Paulo Rangel o candidato às eleições europeias do PSD?
É um assunto que não está sequer na agenda, é uma coisa para se ver lá para a frente.

Não falta tanto tempo quanto isso, são dois anos e são umas eleições muito importantes.
Certo, mas dois anos… Uma coisa é preparar eleições, outra coisa é preparar listas para eleições.

Mas não está cansado de Bruxelas…
Não estou cansado de Bruxelas, como não estou cansado de Portugal, estou bem nos dois. Isso é uma matéria que está completamente fora da agenda neste momento. Haverá um momento em que se colocará e nesse momento terei de pensar sobre isso e teremos todos de pensar sobre isso.

"O presidente do partido deve negociar com o primeiro-ministro, o que houve aqui foi uma espécie de tentativa de afirmação de bravata do ministro das Infraestruturas que devia ter levado à sua demissão (...) e está claramente ferido e diminuído, portanto o diálogo tem de ser com o primeiro-ministro"
Paulo Rangel, novo vice-presidente do PSD

Voltando a Portugal: a primeira coisa que o novo líder vai fazer é sentar-se à mesa com António Costa e Pedro Nuno Santos para tentar chegar a um acordo de regime sobre o novo aeroporto. Acha que é um bom começo?
Não vejo nenhum problema nisso. O presidente do partido deve negociar com o primeiro-ministro, o que houve aqui foi uma espécie de tentativa de afirmação de bravata do ministro das Infraestruturas que devia ter levado à sua demissão, no meu ponto de vista — é incompreensível que não tenha ocorrido, está claramente ferido e diminuído, portanto o diálogo tem de ser com o primeiro-ministro. Não vejo nenhum problema em conversar, o presidente Luís Montenegro foi muito claro quando dizia que não vamos ser a muleta do PS.

O que é que isso quer dizer exatamente? Luís Montenegro sempre foi muito crítico das tentativas de chegar a acordo com o PS por parte de Rui Rio e, agora, a primeira coisa que vai fazer é tentar chegar a um acordo com o PS.
Acho que estamos a confundir as coisas. A anterior direção, e eu critiquei e até me disponibilizei para ser candidato contra Rui Rio, tinha uma visão, que acho que era errada, de que o interesse nacional se prossegue pela convergência entre o partido de Governo e o maior partido da oposição. Acho que o interesse nacional muitas vezes se prossegue pelo conflito porque uma oposição bem feita obriga o Governo a governar melhor. Não podemos confundir isso com um dossier concreto, por exemplo uma revisão constitucional ou obras públicas de longa duração e de longos efeitos — aí, é natural que haja conversações e que depois haja oou não acordo.

A justiça também é um dossier estratégico, a regionalização — onde é que param?
No caso da política de justiça há uma diferença abissal entre o que acho que devemos defender e o que este Governo tem feito ou não tem feito. No caso da saúde também é evidente. No caso da educação vai tornar-se evidente. Não vamos confundir aquilo que é um conceito estratégico, que era o da anterior direção, de que pela convergência se atingia o interesse nacional, com um outro conceito estratégico que é o de que é pela alternativa que se consegue atingir o interesse nacional — o que não impede, nem nunca impediu no passado, que, a respeito de um ou outro assunto, haja um entendimento com o PS. Isso nunca esteve fora de hipótese. Vou dar-lhe dois exemplos. Eu, que penso que não sou conhecido por ser uma pessoa que não faça uma oposição dura ao PS, entendo que em assuntos europeus há imensos aspetos de convergência. Tenho de viver com isso e não acho isso mau, acho bom. No caso da NATO, há imensos aspetos de convergência. Portanto, há com certeza matérias que, pela sua natureza, reclamam essa convergência. Mas, naquelas que não reclamam, ela não deve ser a bandeira do PSD — e aí é que Luís Montenegro faz a diferença, porque ele pensa exatamente da mesma maneira.

O PSD deve apoiar a moção de censura que o Chega vai apresentar ao governo por causa da polémica à volta do novo aeroporto?
Não fui sequer ainda eleito — espero ser amanhã —, a direção ainda não reuniu — porque não reúne antes de ser eleita —, esta é uma matéria do grupo parlamentar…

… mas pode dar-nos a sua opinião.
Posso dar, mas também posso ter um dever de algum recato, justamente porque estou num órgão colegial. Há uma coisa que lhe posso dizer como princípio geral, sendo que todos os princípios podem ter exceções: não devemos seguir a agenda do Chega, o PSD deve ter a sua agenda própria. Aliás, esse é um desafio novo que o PSD tem e, também por isso, é importante hoje este toque a reunir de várias sensibilidades e personalidades do partido no sentido de colaborarem de forma ativa com o novo presidente e com a nova direção. Temos agora, à direita, uma realidade diferente da que foi a tradicional ao longo de muitos anos, em que teve o PSD tinha à sua direita o CDS, mas o CDS tinha sido sempre um parceiro de coligações. Com a Iniciativa Liberal essa tradição de entendimento não existe porque ela acabou de surgir e com o Chega não é possível existir por termos visões diametralmente opostas do que é a realidade política.

Portanto: o PSD não deve apoiar a moção de censura do Chega.
Não estou a falar sobre esse tema em especial.

"Este caso merecia era uma demissão do ministro das Infraestruturas"
Paulo Rangel, novo vice-presidente do PSD

Mas, em sua opinião, este caso do novo aeroporto não justifica a apresentação de uma moção de censura, pois não?
Na minha opinião, o que este caso merecia era uma demissão do ministro das Infraestruturas. E o PSD fez esse pedido de demissão de forma expressa. Aliás, o dr. Rui Rio, que nunca quer fazer pedidos de demissão, aqui puxou logo do cartão vermelho, o que foi totalmente justificado. Agora, como é evidente, o governo está em funções há três meses e tem maioria absoluta. Acho muito mais grave, do ponto de vista do bem estar dos portugueses, a situação da saúde. Aí, este governo falhou clamorosamente, e sempre com alternativas dadas pelo PSD. A via ideológica e a cedência ao Bloco de Esquerda e ao PCP levaram ao caos na saúde. Este fim de semana, continuamos a ter fechos sucessivos de urgências, e não apenas de obstetrícia. Temos a cirurgia infantil em Braga, que está neste momento a asfixiar as urgências também na área pediátrica no Hospital de São João, no Porto.

Mas na área da saúde o PS não quer falar com o PSD…
… Mas nós não queremos que fale…

O que queria perceber melhor era, na área em que o PS quer negociar com o PSD, que é a do novo aeroporto, se admite a possibilidade de mudar aquela que tem sido a solução preferida pelo PSD nos últimos anos em nome de um consenso.
Não se deve mudar de posição em nome de um consenso. Deve adotar-se a posição que melhor serve o interesse nacional — não é o consenso pelo consenso.

O PSD deve partir para esta conversa com o PS mantendo a abertura para mudar aquela que tem sido a sua posição?
Antes disso, não compreendo como é que uma decisão que foi tomada pelo governo de Passos Coelho e que supostamente foi assumida pelo PS em 2016 não foi executada até 2022. Nesta altura, já poderíamos ter o aeroporto do Montijo a funcionar e a aliviar a pressão que estamos a sentir todos os dias no aeroporto de Lisboa e que traz um enorme prejuízo ao país. Como ponto de partida, essa era uma solução boa, mas, em conversações, podemos ver, de acordo com os pareceres técnicos e ambientais e com a vertente económica. É uma equação muito difícil, mas vale a pena olhar outra vez para o dossier e ver qual é a melhor solução.

Falou do aparecimento do Chega e da Iniciativa Liberal. Isso fará com que nas eleições europeias, daqui a dois anos, seja inevitável o PSD perder eurodeputados?
Não acho, de todo.

A fasquia tem de continuar a ser a de pelo menos manter a representação?
A fasquia deve ser melhorar a representação. As condições são, obviamente, diferentes, pelas razões que expõe e porque as europeias são sempre eleições mais fragmentárias. Mas acho que há um espaço para o PSD fazer essa aposta.

Mas se depois não conseguir atingir essa fasquia, Luís Montenegro tem um problema.
Não vamos pôr o carro à frente dos bois. Um partido como o PSD não pode deixar de aspirar a ganhar eleições. Se desiste desse objetivo, deixa de ser um partido liderante. Luís Montenegro não assumiu a presidência, e eu não entro a colaborar neste projeto, para depois não ter ambição. Temos a ambição de vir a governar Portugal — para isso, é preciso ganhar as eleições legislativas e as que estão no caminho.

[Veja a entrevista a Paulo Rangel na Rádio Observador, no 40º Congresso do PSD:]

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