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"Este Lado do Paraíso". Há cem anos, F. Scott Fitzgerald começou a escrever uma outra América

Há 100 anos, F. Scott Fitzgerald publicou o seu primeiro romance, que se tornaria não só um símbolo da geração perdida, mas um dos modelos mais influentes da literatura e do pensamento americano.

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Em 1920, F. Scott Fitzgerald (1896-1940), um rapazito de 22 anos, publica um romance de estreia que se torna um êxito imediato. O público gosta da frescura do livro. Em Este Lado do Paraíso há passeios em automóveis, raparigas que beijam desapaixonadamente, as festas e os clubes da Ivy League e um pano de fundo de gente bonita, rica, cheia de “smart-talk”, que torna o romance guloso. Scott Fitzgerald cavalga a onda a que, do outro lado do Atlântico, se chamará o mundo das “bright young things”: o mundo de uma espécie de renascimento aristocrático juvenil, em que uma série de rapazes e raparigas “upper-class” e “wealthy” desperdiçam as suas cabeças cultas e sofisticadas em festas e divertimentos fúteis que expressam uma espécie de desencanto cínico com a sociedade.

Para a maioria dos leitores, a imersão nos maneirismos dos “old money” e a descrição da vida nas universidades de difícil acesso já é um motivo de interesse. Scott Fitzgerald, à sua maneira, deixa a porta entreaberta para todos os que quiserem espreitar o mundo inacessível, e uma boa fatia da América aproveita.

A crítica, porém, não se deixa impressionar pelas cusquices de um mundo brilhante. Pelas poucas entrevistas dadas aos jornais, vê-se a imagem que Scott Fitzgerald ganhara no meio literário: a de um menino razoavelmente talentoso, sim, algo “poseur”, com vontade de chocar e uma óbvia tendência para a superficialidade. É certo que Este Lado do Paraíso é algo apressado, que o seu protagonista, Amory Blaine, vagueia entre filosofias de vida contrastantes com uma rapidez pouco sólida e que, na tentativa de caracterizar as personagens, há alguns mecanismos demasiado óbvios. Falta-lhe alguma subtileza e arcaboiço para sedimentar as posições existenciais que vão desfilando pelo livro, sim; no entanto, Este Lado do Paraíso é, entre os romances mais imperfeitos, um dos mais importantes da História da América. É certo que Fitz vai aprimorando a sua escrita, que ganha consciência daquilo que é verdadeiramente importante no núcleo dos seus temas, e que o Gatsby ou os Belos e Malditos já não têm o tom moralista com que Este Lado do Paraíso acaba. São, certamente, romances mais maduros e dos melhores da História da Literatura Americana.

A capa da edição original de “Este Lado do Paraíso”

No entanto, Este Lado do Paraíso tem um vigor e uma errância que o tornam um livro magnético. Se há personificação da ideia de Lost Generation, então este primeiro romance, constantemente à procura de si próprio, está na linha da frente para a personificar. Este Lado do Paraíso é o mais autobiográfico dos romances de Fitzgerald – tanto quanto o pode ser um livro escrito aos 22 anos – com um estranho lado premonitório sobre a vida do autor. A atribulada relação de Scott com Zelda, que tanto alimenta a para-literatura, ainda está longe do seu lado mais autofágico; no entanto, a relação de Amory com Rosalind é já uma espécie de prenúncio da sua própria vida. Scott faz de Amory um rapaz com “excesso de auto-conhecimento”; ora, pela personagem, isto parece aplicar-se ao próprio autor. Amory Blaine é, de certa forma, uma curta autobiografia antecipada de Scott Fitzgerald.

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Não será um livro, tecnicamente, tão perfeito quanto o Grande Gatsby; Fitzgerald chegou a atingir uma competência nas artes de ficção, nos seus mecanismos de criação de expectativa e de dúvida, na manipulação de sentimentos, que ainda não tinha em Este Lado do Paraíso. Isso não impede o seu romance de estreia de ser um livro explosivo, cheio de coisas para dizer e de temas que se fixaram para sempre no imaginário do romance americano. Se os romances de Scott Fitzgerald são dos mais importantes do cânone americano, Este Lado do Paraíso está entre os mais influentes.

Se há "Catcher in the Rye", se há "On the Road", em muito se deve a Este Lado do Paraíso. Salinger recupera os símbolos de Fitzgerald para o jovem Holden que não aguenta a sua vida normal.

Scott demorou a ser reconhecido do ponto de vista crítico. A inteligência americana do seu tempo preferiu a prosa contida de Hemingway, que Fitzgerald aliás ajudou a publicar pela primeira vez. A falsa superficialidade de Scott, porém, é muito mais profunda do que a pretensa impenetrabilidade do seu amigo marialva. Scott mascara o desespero, e pode haver quem o leia pela máscara, ou pelas várias máscaras. Quem o ler com atenção, porém, perceberá a importância e a profundidade daquilo que Scott escreve, mesmo sem sistematizar tudo o que pensa, mesmo sem pensar sequer tudo aquilo que está escrito.

Romances de crescimento: do imprevisto da jazz-age à beat generation

Este Lado do Paraíso é um romance de crescimento, com uma busca pelo sentido da vida entre filosofias e experiências diferentes – busca interrompida por amores que perturbam a marcha e fazem Amory regressar a estágios que já julgava ultrapassados – que em certo sentido faz lembrar A Servidão Humana. Amory não tem um pé boto, é antes um rapaz belo, rico e sofisticado, no entanto está na mesma demanda jovem, uma demanda que se tornará um dos temas preferidos da Literatura Americana. Se há Catcher in the Rye, se há On the Road, em muito se deve a Este Lado do Paraíso. Salinger recupera os símbolos de Fitzgerald para o jovem Holden que não aguenta a sua vida normal; As pontes que marcam passagens para um modo diferente de olhar a vida, tão significativas em Catcher in the Rye e em Este Lado do Paraíso, em que a contemplação do Hudson é o primeiro passo para a superação da morte que torna Armory um solitário definitivo; as viagens permanentes de On the Road, viagens para lugar nenhum mas  que são já uma forma de redenção do Harvard-boy que é Jack Kerouac, estão já nas boémias escapatórias de Princeton que Amory e os seus amigos incessantemente procuram.

Toda a ideia de que a educação tradicional não é suficiente, de que é necessário vivermos por nós próprios aquilo que teoricamente aprendemos, o falhanço que enriquece e que nos torna mais capazes de enfrentar uma vida que não muda mas que pode ser vivida com outro nervo e outra consciência, tudo isso que está na beat generation e nos lobos solitários como J.D. Salinger, já está em Este Lado do Paraíso.

Zelda e F. Scott Fitzgerald

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Amory é filho de uma jovem Beatrice, rica e educada nas melhores escolas da Europa, sofisticada e algo egoísta, dada a neuroses e excentricidades, mas responsável por boa parte do carácter do filho. O pai de Amory é, aliás, uma figura completamente secundária, importante apenas na medida em que consegue sustentar, enquanto é vivo, o estilo de vida dos Blaines, estilo de vida esse que varia entre as viagens constantes dos primeiros anos de vida de Amory e a fixação numa enorme casa em Lake Geneva depois da mais grave depressão de Beatrice.

É neste tempo, já com idade de ir para o liceu, que Amory conhece pela primeira vez a escola. Uma escola “burguesa”, provinciana, mas que, com as hierarquias típicas das escolas e das relações sociais, dá a Amory um agudo sentido de competição social, uma espécie de pequeno maquiavelismo, insuflado depois por filosofias nietzschianas do super-Homem, que terá em Princeton o pináculo do refinamento.

Amory é educado com um sentido aristocrático e de sofisticação que tornará humilhantes os primeiros contactos com outras crianças. A mistura entre o sentido de superioridade e o embate com um mundo de rapazes e raparigas que pouco querem saber das motivações burguesas ou aristocráticas da Revolta do chá acerbará em Amory a vontade de estar entre os mais distintos. É daí que nasce o seu interesse pelo futebol – o mecanismo básico de ascensão social no microcosmos escolar – e mais tarde pelos clubes de Princeton.

Scott Fitzgerald torna esta demanda pelo topo da pirâmide social mais interessante por causa da beleza de Amory. As facilidades trazidas pela beleza são um tema discreto, mas muito interessante no romance. O culto do êxito e a ideia de competição são temas clássicos no imaginário americano. Fitzgerald dá-lhes um grau de sal ao sofisticar a forma tipicamente burguesa de classe média. A obsessão dos rapazes de Princeton com “who’s got it” ou “who doesn’t” (características para se tornar um êxito) tem um lado eugenístico próprio da época que já de si é interessante; no entanto, a educação de Amory, moldado pelos valores europeus de Beatrice, torna mais curiosa a sua entrada neste sistema. Amory é educado nas ideias certas, com um toque católico, com cultura, habituado a apreciar a grande arte e a conhecer a História e a Literatura, mas toda a sua inteligência treinada é posta ao serviço destes mecanismos materialistas e burgueses que a sua mente aristocrática está ensinada a rejeitar.

É o tempo da grande liberdade e das descobertas filosóficas, das noitadas com conversas profundas, em que as aulas são completamente marginais. Scott aproveita as conversas de Princeton para traçar um panorama da literatura do seu tempo, num mundo dominado por Wells, Shaw e Chesterton que estarão, aliás, em permanente diálogo mental com as personagens.

Este é, aliás, um dos motivos da grande perplexidade da geração anterior à sua com os romances de Fitzgerald. A geração que já não combateu na primeira Guerra costumava dizer que a Guerra estragara os valores da juventude. Ora, Fitzgerald, numa das suas raras entrevistas, mostra que Este Lado do Paraíso também pretende provar que a perda desses valores é anterior à guerra. O próprio sistema americano pede o abandono dos valores que o fizeram. A forma como o espírito do êxito assimila a educação e a torna um instrumento para entrar na lógica competitiva é um dos pontos mais interessantes da primeira parte do romance. Não tem êxito quem é educado, no sentido em que o êxito valoriza a educação; tem êxito quem não tem escrúpulos em abandoná-la ou instrumentalizá-la, porque é a educação que é subordinada.

Scott Fitzgerald explora bem o tema, porque a consciência analítica de Amory é rápida a identificar os mecanismos de diferença social. Isto torna o romance “guloso”, como é próprio dos romances de tempos de crise, cheio das futilidades que as pessoas gostam de aprender. Scott entra no jogo e faz de Este Lado do Paraíso um manual das características dos bem-sucedidos. É, neste sentido, parecido com Brideshead Revisited, na observação das características subtis mas essenciais das classes interditas. A linguagem de Princeton, os hábitos dos clubes, as hierarquias entre eles, as excêntricas combinações alimentares, tudo isto é revelado em Este Lado do Paraíso.

Princeton: o amor do êxito

A vida em Princeton é relatada de tal maneira que o diretor da Universidade terá escrito a Fitzgerald (também ele um ex-aluno da Universidade) dizendo não acreditar que a vida dos seus estudantes se resumia a um mero passear como se passassem quatro anos num country-club. Seja verdade ou não, Fitzgerald é responsável por parte da imagem consagrada sobre a vida dos anos americanos na faculdade.

É o tempo da grande liberdade e das descobertas filosóficas, das noitadas com conversas profundas, em que as aulas são completamente marginais. Scott aproveita as conversas de Princeton para traçar um panorama da literatura do seu tempo, num mundo dominado por Wells, Shaw e Chesterton que estarão, aliás, em permanente diálogo mental com as personagens. Princeton ficará para Amory como um tempo insuperável, tanto que é a Princeton que o solitário e proto-socialista Amory voltará no fim do livro.

Com a filha, Scottie

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Um dos aspetos importantes da vida Universitária está nos clubes de teatro, um dos elementos de distinção social, que permitiam aos seus membros viajar pelos Estados e frequentar festas cheias das novíssimas garçonnes. As raparigas “muito mais habituadas a serem beijadas do que julgavam as suas mães” são um dos temas principais do livro. Amory é belo, e como qualquer rapaz belo de “vontade fraca” teve a sua dose de pequenos casos amorosos com raparigas destas. A principal é Isabelle que, com engraçada candura própria do tempo e da juventude do autor, acaba um capítulo em que, por uma série de acasos, Amory e Isabelle não se conseguiram beijar, a praguejar “damn!” (uma das características artificial e vitorianamente descritas das “garçonnes” era a falta de pejo em praguejar).

No entanto, as mulheres são o primeiro veículo que nos leva a perceber que a Amory não chega esta sucessão de raparigas e a futilidade da existência, elevada em Princeton a uma espécie de epicurismo sofisticado. Amory conhece primeiro Cecilia, uma prima afastada, viúva e dedicada aos filhos, que exercerá sobre a personagem principal uma atração fatal. Cecilia tem uma admirável perspicácia, é ela que descreve Amory não como um rapaz de vontade fraca, mas como uma “vítima da imaginação”, isto é, como alguém que sofre por causa da ideia que faz de si próprio e pela capacidade de abstrair dos casos concretos, de tal maneira que todas as ações são confundidas numa nuvem que torna escorregadio todo o preceito moral.

No entanto, não é Cecilia a mulher fundamental na vida de Amory. O seu grande amor, um amor à maneira de Gatsby, é Rosalind, com quem Amory tem uma relação destrutiva, que acabará por motivos práticos. A ideia do artista, ou do rapaz orientado filosoficamente, derrotado pelo dinheiro ou pelo sentido prático de uma rapariga que escolhe um Homem mais seguro haverá de se tornar um dos temas favoritos de Fitzgerald. Em Gatsby prevalece o lado cínico, de tal maneira que o derrotado abraça o projeto vazio com a consciência da vacuidade daquilo; em Este Lado do Paraíso, só mergulhará Amory num torpor de que dificilmente sairá.

O amor por Rosalind vem já depois da guerra, que pouca importância terá no romance, exceto no seu papel de ceifeira de boa parte dos colegas de Princeton e na forma como acelerou uma separação que seria natural entre colegas universitários.

O romance tem uma necessidade de resolução que de alguma maneira, enfraquece o seu fim. A ideia de que a busca tem de ser acabada faz do socialismo uma solução apressada, a que se junta uma ideia de que o conhecimento de si próprio é aquilo que de mais importante se pode alcançar.

Isto, aliás, coincide com a pior fase, materialmente falando, de Amory. O seu pai já tinha baixado consideravelmente os rendimentos aquando da morte, a mãe também gastou bastante, de tal modo que Amory acaba por se ver sozinho e depauperado num mundo difícil. O dinheiro tem um papel importante ao longo de todo o romance. É apresentado como uma condição para a liberdade – quem tem dinheiro pode fazer o que quiser, não tem de ocupar os seus dias a ganhá-lo – mas também se tornará um elemento de dúvida na mente de Amory. A verdade é que o dinheiro leva quem o tem a querer aquilo que não interessa. Amory nunca chegará a glorificar a pobreza; ainda nas últimas páginas diz que gostava de ganhar “muito dinheiro sem fazer nada por isso”; no entanto, sabe que quem o tem anda distraído de uma série de coisas.

O contacto com um colega leitor de Tolstói já inseminara em Amory uns grãozinhos socialistas nos últimos anos de Princeton, antes de a guerra os substituir por um súbito e artificial patriotismo. No entanto, a falta de dinheiro puxará Amory para um socialismo intuitivo, pouco doutrinário que, embora algo moralista e simplificado, tem a sua importância no contexto do romance.

A sorte e o socialismo

Há no espírito Americano, a par de um “self-belief” capitalista, uma ideia providencial da América como a “grande nação do futuro” – palavras de Beatrice – que terá em Amory uma curiosa personificação. Amory é bonito, inteligente, chega a ter êxito nas suas relações sociais, é, em suma, um “sortudo”. Ora, isso, para ele, é uma bênção. A ideia de que as coisas são conseguidas, não por esforço, mas pela mão do destino faz dele uma espécie de escolhido. Ora, isto torna mais trágico o seu destino. Há uma espécie de imobilismo que torna a sua má-fortuna irremediável. Amory não fará nada para recuperar o dinheiro e fugir à solidão. Não apenas por não querer, mas por uma espécie de aceitação dos desmandos da sorte. Amory não se torna apenas um derrotado, torna-se um derrotado ontológico.

A importância da derrota nos romances de Fitzgerald ganha peso com esta ideia. A articulação entre o espírito competitivo e a ideia de providência, ambas típicas da América, torna a derrota e a vitória muito mais radicais. Fitzgerald explica-o ainda nos tempos em que Amory frequenta o liceu de Saint Regis, em que os professores exasperam com as capacidades que o aluno teria para fazer muito mais. Na verdade, diz Fitzgerald, a personalidade tornava impossível fazer aquilo que outras capacidades poderiam ambicionar. Amory não tinha capacidade para mais – para isso, precisava de ter outra personalidade.

Esta será, aliás, uma das grandes ideias na caracterização da Lost Generation. É, certamente, uma geração a quem não servem os ideais quase vitorianos, o culto do êxito, uma geração verdadeiramente perdida na guerra e que devota o seu tempo a futilidades e a ninharias; mas é, sobretudo, uma geração perdida no sentido de desperdiçada. A educação sofisticada de Amory, a Universidade da Ivy league, a beleza, as facilidades económicas, nada disso adianta porque há uma personalidade que o impede de usufruir disso.

É um estranho livro em que o brilho do êxito ofuscou a seríssima análise da derrota e do desespero dos desorientados. Scott Fitzgerald mascarou a derrota como ninguém, como um homem demasiado orgulhoso para pedir ajuda.

O romance tem uma necessidade de resolução que de alguma maneira, enfraquece o seu fim. A ideia de que a busca tem de ser acabada faz do socialismo uma solução apressada, a que se junta uma ideia de que o conhecimento de si próprio é aquilo que de mais importante se pode alcançar. Amory sai da sua juventude mais consciente, sim, numa toada meio nostálgica de fim de juventude que também se tornará clássica no romance americano: a juventude serve para se voltar ao fundo de si próprio, para da equação “Amory original, Amory mais Beatrice, Amory mais St. Regis, mais Princeton, mais Rosalind”, se voltar ao “Amory original”.

Haverá, certamente, outros aspetos que chamarão a atenção de outros leitores em Este Lado do Paraíso. O Monsenhor que fará o papel de duplo virtuoso de Darcy, e que tão bem exemplifica o Catolicismo Americano, culto, amante da dúvida e consciente do poder dos rituais; as listas que dão uma certa frescura estilística, os poemas menos interessantes, a discussão com Wells e as ideias de raça; o romance é tão rico que é de facto impossível chegar a tudo aquilo a que Este Lado do Paraíso chega. É um estranho livro em que o brilho do êxito ofuscou a seríssima análise da derrota e do desespero dos desorientados. Scott Fitzgerald mascarou a derrota como ninguém, como um homem demasiado orgulhoso para pedir ajuda. Escreveu, assim, grandes romances, tão certos nas suas máscaras que o leitor ambiciona aquilo que Scott mostra ter um poder devastador sobre o Homem. Se há geração perdida, a forma como Fitzgerald nos leva a ambicionar aquilo que nos perde não faz dele o mais perdido dos homens; faz dele o próprio demónio apanhado na sua rede.

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